"Foi... Libertador. ── Maria Luísa."
O fatídico momento chegou antes do esperado.
Ele chegou na mesma semana em que tive a conversa com minha mãe e Marco, dois dias depois, para ser mais exata.
Não estava esperando uma preparação ou conversas e mais conversas antes do momento chegar, mas pensei que minha mãe fosse avisar o dia que Guilherme fosse vir até a nossa casa. Ela poderia apenas ter tido um "ei, Malu, assim que você chegar da natação hoje, vai ter uma pequena surpresa esperando por você no sofá" que já teria sido um pouco menos chocante do que chegar em casa e encontrar com Guilherme ali.
Sexta-feira deveria ser o dia de Augusto, mas Rafael pediu uma troca de dias para ele e me buscou na natação naquele dia. Enquanto íamos para a minha casa, contei para Rafael sobre a conversa com Rodrigo, sobre a breve conversa com Júlia e a conversa com minha mãe e Marco. Expliquei para ele como todo o meu interior parecia ser consumido pela raiva e que andava descontando isso nas pessoas erradas.
Também contei sobre o dia no hospital em que fui uma estúpida com Martha e, como resposta, Rafael apenas me disse:
─ Eu entendo que você está com todas essas coisas acumuladas no seu corpo e que não tem controle disso, mas acho que seria legal da sua parte procurar por Martha depois que, bem... Você conversar com Guilherme. ─ chutei uma pedrinha que estava no meio da calçada e Rafael apertou minha mão levemente, chamando a minha atenção de volta para seus olhos. ─ Você não sabe pelo o que ela passou, Malu. Talvez ela não tenha tido um pai ao lado dela por inúmeros motivos. Não estou brigando com você ou não ficando ao seu lado ─ ele fez questão de explicar. ─ é só que acho que você deve um pedido de desculpas para ela. Assim como ela deve um para você.
E ele estava coberto de razão.
Da mesma maneira que Martha não sabia nada sobre as nossas vidas, eu não sabia nada sobre a dela. Falar com ela daquela maneira e descontar em cima de alguém que está passando por um momento tão delicado como ela está passando me torna uma espécie de monstro. Não existe justificativa: eu apenas deixei que a minha raiva fosse direcionada para a pessoa errada.
─ Eu vou falar com ela e pedir desculpas. - disse. - Não quero que exista algum clima pesado entre a gente porque não quero me afastar do Cícero, é só que... É complicado, sabe? Eu quero ficar perto deles, ao mesmo tempo que quero ficar longe do Guilherme e... Não faz muito sentido, talvez você não consiga entender.
─ Ei. - Rafael me parou no meio da rua e pegou meu rosto entre as suas mãos. - Eu entendo você, sério. Você não precisa se sentir culpada por não querer ter um contato com Guilherme. Ele é um estranho na vida de vocês, infelizmente, e quem decidiu isso foi ele. Mas isso não quer dizer que só porque você quer manter ele afastado, você precise manter o Cícero também. Ele é o seu irmão e não existe pessoa que seja tão família quanto você é.
─ Acho que existe sim, mas ela é meio incompreendida. - a verdade é que Felipe era muito incompreendido e precisava crescer tanto quanto precisava ser compreendido. - Preciso ainda conversar com Felipe sobre um monte de coisas, mas é tanta coisa acontecendo... Sempre fica para uma outra hora.
Rafael me colocou na frente do seu corpo, me abraçando e passamos a caminhar dessa maneira pela rua.
─ Felipe é uma pessoa boa, o problema são as atitudes dele. E essa mania de achar que nunca é culpado de nada. - ele me explicou. - Mas ele é uma boa pessoa.
─ No fundo. - brinquei e Rafael riu.
Quando paramos na frente da entrada de casa, parei de andar e me virei para Rafael novamente.
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5inco | ✓
Novela Juvenil(Sobre Amores e Amizades, #1) Quando o último ano do ensino médio começou, Maria Luísa Alves teve certeza que nada mais poderia a surpreender: entre se dedicar aos estudos e a equipe de natação, se dividir entre seus amigos e família, nada mais deve...