12: OTP

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"Super shippo nossas bocas. E aí, como faz? ── B."

Deveria ser algo simples o ato de tocar a campainha de casas alheias.

É só apertar o botão com a ponta de um mísero dedo e aguardar ser recepcionado. Só que parece que quando eu fico nervosa ou ansiosa demais esse simples gesto acaba se tornando um nado borboleta e eu viro uma estátua. Não daquelas vivas, mas sim uma bem dura e de gesso bem sólido.

Ok, chega de divagações e vamos voltar ao momento: apertar a campainha da casa do Rafael.

É, eu sei, Rafael.

Até agora também não acredito que realmente estou parada na frente da casa dele. Mas antes que expectativas sejam colocadas em lugares errados, eu vou explicar o motivo de estar parada feito um dois de paus na frente do meu ex melhor amigo. Não tem nada a ver com a carta ou com algum pedido de desculpas junto de um "ei, vamos voltar a ser os mesmos de antes e esquecer toda aquela coisa de paixão e blá blá blá", também não vim procurar Rafael atrás de alguma briga ou atrás de Rafael em si. Na verdade, eu vim ver a mãe dele. É, a tia Lena. Por mais que Rafael e eu não sejamos mais amigos, isso não queria dizer que as nossas mães tinham deixado de ser melhores amigas e visitas como essa acabam por acontecer.

Mas, surpresa, minha mãe não veio comigo visitar Helena Batista.

Eu cheguei em casa louca por um almoço e a única coisa que recebi foi um bolo de chocolate em uma forma de coração junto com as palavras: Lena convidou você para almoçar, vai lá e leva esse bolo para vocês comerem de sobremesa. Como que a gente recusa uma boca livre mais um bolo de chocolate recheado de brigadeiro? Não tem como recusar!

Por isso estou parada na frente da casa de Rafael com a minha mochila nos ombros e uma forma de bolo na mão. Mas é claro que na hora meu cérebro estava muito feliz pela notícia de que eu iria comer a comida da tia Lena naquele dia para notar que as chances de Rafael estar presente neste almoço eram muitas. Porque, veja só, ele mora nessa residência.

E por mais que uma parte do meu cérebro queira enviar a informação de que provavelmente Rafael deve estar na casa de Thomas fazendo vários nadas na companhia dos outros três, eu sabia que a minha sorte não era tão minha amiga e ele estaria ali dentro. Parando para analisar aquele momento, talvez todo esse almoço e bolo de chocolate não passem de um plano mirabolante criado pelas nossas mães na tentativa de nos aproximar novamente. É claro que aquilo era um plano! O meu bolo preferido no mundo é de laranja e a minha mãe sabia disso melhor do que ninguém. Por qual motivo, então, ela teria feito um bolo de chocolate sendo que o meu preferido era de outro sabor? Resposta: o bolo preferido de Rafael é bolo de chocolate com cobertura de brigadeiro e quilos de granulado.

Alguém ainda duvida que isso pode sim ser um plano? Acho que não.

Você consegue sobreviver a um almoço com ele, Maria Luísa. Você é uma garota forte e determinada! Não é como se um prato acidentalmente fosse voar na cara dele ou alguma coisa do tipo. Aperte a campainha e vá comer.

Eu era muito grata em alguns momentos por ter um subconsciente tão eu.

Os latidos da Cacau foram escutados por mim instantes depois que toquei a campainha. Fazia muito tempo que não via a Cacau e só de lembrar dela fui atingida por muitas lembranças. A Cacau é filha de Zeus e isso me torna praticamente avó dela. A diferença é que a Cau puxou a cor da mãe dela totalmente, mas possui o mesmo porte de labrador misturado com a Bae, a cadelinha vira-lata que a tia Lena adotou há alguns anos, mas que faleceu já faz um tempinho. Olha que maravilha, eu aqui explicando a árvore genealógica da Cacau por puro nervosismo.

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