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24: Olha a explosão

"​Aquele velho ditado sobre "quem procura, acha" nunca fez tanto sentido quanto agora. ── Felipe."

─ Então vocês terminaram?

Desviei meus olhos de Júlia quando ela fez aquela pergunta e apenas fiz um gesto positivo com a cabeça, confirmando assim que Rodrigo e eu havíamos terminado algumas noites atrás. Não tive contato com ninguém desde o dia do anunciamento do casamento, então eles não sabiam de nada ainda. Só que já estava na hora de começar a contar as novidades para pelo menos as minhas melhores amigas. E já que Bruna ainda não havia chego na quadra, resolvi falar com a Júlia.

Minha cabeça voltou a doer e comecei a calcular o tempo que ainda faltava para chegar em casa. Muito tempo ainda.

Na verdade, bem no fundo, eu queria falar com ela sozinha para saber qual seria a sua reação. Toda a conversa que tivemos há meses atrás ainda martelava na minha cabeça. Eu lembrava exatamente da minha melhor amiga falando que alguém sairia com o coração machucado nisso tudo. Ela apenas ainda não sabia na época que meu coração também saiu machucado nisso tudo. Então eram dois corações, e não apenas um.

─ E foi ele que terminou com você, não foi?

Mais uma vez fiz um gesto afirmativo com a cabeça e vendo Júlia suspirar e desviar o olhar para a turma de Augusto, Felipe e Thomas que entrava na quadra. Rodrigo não havia ido na aula naquele dia e, sendo sincera, nós ainda não tínhamos nos esbarrado no Basso ou em qualquer lugar fora dele desde a noite na praça. Ele tinha razão em tudo o que disse, inclusive sobre como as coisas seriam diferentes.

Fui bem idiota, sabe? Em ficar adiando e adiando cada vez mais aquilo porque, no final, serviu apenas para machucar ainda mais Rodrigo. Foi ele que teve que ir atrás de mim naquele dia que eu iria atrás de Rafael. Rodrigo sempre foi uma pessoa melhor do que eu e aquela noite só serviu para provar o que eu sempre soube. Ele merece uma pessoa que goste dele por inteiro e não por partes; Infelizmente essa pessoa não sou eu, mas quem quer que seja essa pessoa, ela vai ter a sorte grande de ter Rodrigo porque ele é incrível.

─ Você vai querer falar sobre isso ou vai querer que eu fale algo?

Abri a boca preparada para dizer que sim, que eu queria que Júlia falasse algo sobre aquilo ou apenas dissesse o famoso "eu avisei" ou que me chamasse de idiota ou qualquer coisa do tipo, mas então pensei por um segundo e vi que não, eu não queria falar sobre aquilo e nem queria que falassem sobre. Acho que me resolvi durante os quatro dias que fiquei afastada de todos e só percebi aquilo naquele momento.

─ Não. ─ Júlia estalou os dedos mais uma vez e então eu soube que ela precisava colocar alguma coisa para fora. E com urgência. ─ E você, hein? Quer falar sobre alguma coisa? Tenho a impressão de que você parece meio...

─ Nervosa. ─ ela completou. ─ Preciso de um conselho. Conselho de melhor amiga.

─ Posso tentar ser útil.

Júlia retorceu as mãos em um claro sinal de nervosismo e depois olhou para os lados. Eu não fazia ideia do que ela estava procurando, mas depois que seu olhar repousou em Thomas praticamente do outro lado da quadra conversando com alguns caras do time de futebol, ela voltou a me olhar e começou a falar.

─ Você sabe que Thomas anda com essa ideia de que eu gosto do seu irmão e estou com ele por caridade. Ok, caridade não é a palavra que ele usa, mas, acredite, caridade é melhor do que ser a segunda opção no meu ponto de vista. Bem, ele insiste em falar que estou com ele por causa disso e eu já cansei, Malu, eu realmente cansei de tentar o fazer entender que não sinto nada pelo seu irmão. Nadinha mesmo, ele não me afeta em nadinha mesmo. ─ Júlia parou para respirar um momento enquanto eu processava as suas palavras. ─ Só que parece que quanto mais eu falo, mais Thomas fica com isso na cabeça e mais ele se afasta. Eu não quero me afastar dele. Aquele dia que pedi ajuda a Bruna e ela disse "vá beijar outras bocas"... Não quero beijar outras bocas. Quero beijar a boca do Thomas e apenas a dele!