"Ah, minha querida e doce confusão... Há quanto tempo você não batia na minha porta? ── Maria Luísa. "
─ Sou a segunda-feira mais legal de todas, pode falar. ─ não foi nenhuma surpresa quando abri a porta e acabei me deparando com Thomas Basso encostado em um dos pilares da entrada. ─ Levando em conta todos os anos de mau humor nesse dia, decidi trazer um café e biscoitos.
Tranquei a porta de casa enquanto um sorriso queria a qualquer momento tomar meus lábios. Mas não seria tão fácil assim me fazer rir logo às sete horas da manhã desta segunda-feira. Thomas teria que se esforçar mais do que uma carona, café e bolachas...
Um segundo: ele realmente disse isso mesmo que acabei de ouvir?
─ São as bolachas da sua mãe? ─ joguei as chaves de casa dentro da minha mochila.
Thomas sacudiu o saco de papel bem na minha frente e isso fez o cheirinho maravilhoso de chocolate e canela espalhar pelo ar. Deus, muito obrigado por ter colocado Thomas Basso na minha vida lá nos meus primórdios anos de existência.
─ São os melhores biscoitos do mundo.
─ Definitivamente são as bolachas da tia Clara. ─ tomei o saco de sua mão e tratei de enfiar uma delas na boca. Definitivamente: os melhores do mundo. ─ E pela última vez desde que nos conhecemos: é bolacha e não biscoito.
─ Toda vez que você fala bolacha uma parte carioca sua morre, sabia? Que decepção, Malu, que decepção...
E foi desse jeito que aquela segunda-feira começou.
Regada de café e bolachas de chocolate e canela que tive que dividir ─ forçada ─ com Thomas enquanto íamos caminhando para o colégio.
Fora as banalidades, bolachas e os períodos duplicados daquele dia, ele estava indo mais normal do que esperava. Por algum milagre divino consegui me manter acordada aos dois períodos de biologia e consegui passar o intervalo sem cruzar com Anna. E isso significava que aquele era mais um dia que não via Rodrigo.
Definitivamente aquilo estava cada vez mais estranho.
Já fazia quase duas semanas que nós não passávamos os intervalos juntos e o máximo de contato que tivemos foi uma breve conversa na semana passada em que ele tinha confirmado que iria no parque de diversões, no dia 12 de junho. Hoje. É, dia dos namorados. E, não, nós nunca havíamos passado aquela data juntos. Essa seria a primeira vez.
Quer dizer, isso se Rodrigo resolvesse parar de ficar com a irmã em todos os momentos possíveis.
Não que fosse ciúmes, mas ele estava claramente me ignorando e eu ao menos sabia o motivo. Então era totalmente compreensível ficar um pouco chateada com isso. Antes de Rodrigo ser qualquer coisa minha ─ o cara que eu troco beijos e intimidade faz uns dois anos? ─, ele era meu amigo e eu sentia a falta dele. Não era justo me ignorar sem nenhum motivo aparente.
Eu dizia a mim mesma que o único motivo de Rodrigo ter me evitado ─ e continuar fazendo isso ─ durante quase duas semanas havia sido por conta da volta de Anna e por ele estar ajudando ela nesse lance todo de adaptação. Só que não é novidade para ninguém que Anna não é o tipo de pessoa que precise disso, de fato. Então, no fundo, eu sabia que a volta de Anna não foi o único motivo que me manteve afastada dele durante esse tempo.
Eu somente não queria ter que colocar meus pensamentos em palavras e, muito menos, ter que afirmar e concordar com eles.
Vi Cássia vindo em minha direção, sorridente e praticamente dando pulinhos de felicidade. O que havia acontecido para ela estar desse jeito?
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5inco | ✓
Teen Fiction(Sobre Amores e Amizades, #1) Quando o último ano do ensino médio começou, Maria Luísa Alves teve certeza que nada mais poderia a surpreender: entre se dedicar aos estudos e a equipe de natação, se dividir entre seus amigos e família, nada mais deve...