Your brain gets smart but your heart gets dumb

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Julian chegou no seu quarto de hotel pouco depois da meia noite.

- Feliz 2017. - falou para ninguém em especial.

Se sentou na cama. Sua cabeça doía, mas se ele deitasse sabia que não conseguiria dormir. O que tinha feito?

Sua amizade com Cathrin só durara até hoje por causa da regra que eles tinham de nunca se apaixonarem um pelo outro. Ele não estava apaixonado. Não poderia. Era de Cath que estavam falando. A sua melhor amiga desde o tempo das fraldas. A que havia estado ali no seu primeiro beijo, no seu primeiro jogo, no seu primeiro coração partido, no seu primeiro título.

Cathrin Feller era sua segurança. Aquela que estaria ao seu lado em todos os dias sejam eles bons ou ruins. Não poderia transformar aquela amizade em outra coisa, não daria certo.

Brandt resolveu tomar um banho com a tentativa de conseguir pensar melhor. Ligou seu celular em uma música aleatória esperando que aquela melodia clareasse as coisas. Mas não contava que All The Things she said sairia daquele alto falante. Maldito aleatório.

Aquela havia sido uma das músicas que Cathrin havia insistido para ele salvar, mesmo não tendo nada a ver com as outras 1400 músicas do celular. Porque eles eram assim, completamente opostos. E enquanto ele preferia as músicas que tocavam nas rádios, ela sempre conhecia as desconhecidas ou mais antigas. Solos de guitarra e barulhos que geralmente eram demais para Julian.

Mas aquela música, justo naquela noite, fazia todo sentido. Todas as conversas que eles já tinham tido passavam por sua mente enquanto a água quente escorria pelo seu corpo.

Ele se lembrou da vez que, quando eles tinham 13 anos, sua avó perguntou se eles eram namorados. Cathrin não pensou duas vezes em responder um seco "nunca". Na época ele apenas riu. E realmente era ridículo a ideia dos dois juntos.

Brandt se deitou ainda sem conseguir entender o que tinha acontecido.

Pegou o celular e respondeu as mensagens de Feliz Ano novo dos amigos de time e seleção, além da mensagem especial de sua mãe. Mas não havia nenhum sinal de Cathrin. E por mais que ele soubesse que isso realmente não aconteceria, sentiu um aperto no seu coração.

Cathrin estava na boate que Brandt deveria ter entrado com ela. Fazia esforço para não se lembrar da textura dos lábios do garoto nos seus, de como seu cabelos loiros eram macios.

Como sempre, ela usou a tática que desenvolvera sempre que a saudade de casa apertava, ou quando não queria resolver algum problema: álcool e alguns beijos em um estranho.

O ano virou e ela nem se deu conta de que tinha passado os primeiros minutos do novo ano nos braços de um desconhecido. Alguém que ela nem sequer se lembraria do rosto no dia seguinte, quem dirá o nome.

Na boate tocavam várias de suas músicas favoritas, não havia sido atoa a sua escolha. All Star do Smash Mouth começou a tocar e ela largou o estranho para cantar a música o mais alto possível. Se aproximou de um grupo de garotas que fazia o mesmo, todas da mesma idade que ela.

E se deixou perder naquela letra, naquele momento. No efeito que o álcool causava em seu corpo. Para ela, aquilo era felicidade, e Julian que se fodesse se estava perdendo aquilo.

Mas porque diabos estava pensando em Julian Brandt? Porque diabos ainda sentia o gosto da boca dele na sua apesar de já ter ficado com outros caras depois?

"Well the years start coming and they don't stop coming fed to the rules and I hit the ground running didn't make sense not to live for fun your brain gets smart but your head gets dumb"

- Shit.

Ela saiu pelas ruas londrinas tentando achar o caminho para o hotel de Julian. Mas não estava em seu estado mais sóbrio, e achar o caminho em meio a tantas pessoas não era uma tarefa fácil.

O dia já estava clareando. Ela tinha que correr se quisesse chegar a tempo de encontrá-lo. Não poderia deixá-lo voltar para a Alemanha com as coisas mal resolvidas assim.

Virou a esquina que daria para o hotel. E a poucos passos, viu Julian Brandt entrar em um taxi.

- Julian! - Ela correu em direção a ele.

Mas ele não ouviu, entrou no taxi em direção ao aeroporto sentindo uma sensação estranha no estômago. Olhou pela janela para a fachada do hotel. E então viu uma figura de cabelos loiros e a maquiagem totalmente borrada.

Eles se olharam enquanto o carro se distanciava. Agora era tarde demais.

Julian Brandt estava voltando para a Alemanha e não fazia ideia de quando reencontraria com Cathrin Feller. 

xoxo

Stay | Julian BrandtOnde histórias criam vida. Descubra agora