I still regret the day that we said goodbye and do you think of me at night?

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Voltar para Leverkusen havia sido difícil. Provavelmente aquela fora a vez mais difícil que Julian dissera "adeus" à sua casa. Era até ridículo dizer que ele sentia toda essa dor ao se despedir dos pais depois de 7 anos longe de casa. Principalmente quando ele sabia que sempre poderia voltar.

Mas ele nunca esteve tão perdido como aquela vez. Uma responsabilidade enorme recaía em seus ombros dentro de campo: Champions League, se manter em uma posição razoável na Bundesliga. É claro que ele não estaria sozinho nessa missão, mas isso não significava que era fácil. Na próxima semana Brandt iria para os Estados Unidos disputar a Florida Cup, e, apesar de estar animado com a viagem, estava triste que não teria tempo de visitar a Disney.

A Copa das Confederações também estava chegando e ele queria muito ter um lugar na seleção alemã que disputaria o torneio. Já estava sonhando em jogar novamente ao lado de Leon e Joshua. Fora alguns de seus ídolos que eventualmente seriam convocados.

Para isso, ele precisava ir bem nos jogos da Bundesliga, e, principalmente, nos amistosos que estava por vir, entre eles a despedida de Lukas Podolski que aconteceria em março. Ele tinha muita coisa para se preocupar, e ainda assim, o desejo de ficar na sua casa em Bremen era maior do que todos os outros motivos.

Lá, ele teria com quem conversar ao chegar em casa. Tinha o irmão com quem jogar videogame, poderia ajudar a mãe na cozinha e seu pai sempre tinha algum assunto importante sobre as notícias pra discutir com ele, tinha Nala com quem passeava todos os dias no parque, unindo o útil ao agradável. Julian Brandt era um garoto de família e ele tinha orgulho disso.

Mas ao chegar em Leverkusen, todo o baque de estar sozinho novamente pegou Julian despreparado. Ele fechou a porta de seu apartamento e sentiu as lágrimas começar a cair de novo. Tinha mil motivos pelos quais poderiam estar chorando, mas odiava pensar que um deles fosse Cathrin Feller.

Ela não havia respondido a sua mensagem quinze dias atrás, e ele assumira que aquilo significava que ela não o queria. Que ele deveria esquecê-la, mas quem disse que isso era fácil. Sua vontade era pegar um avião de volta a Londres e bater direto no apartamento dela exigindo que lhe explicasse o porquê. O que ele tinha de tão errado para ela? O que estava acontecendo com eles?

Mas Julian sabia que essa atitude não seria muito positiva, pelo contrário. Cathrin bateria a porta na cara dele e só pioraria ainda mais a situação. Isso e o treino que o aguardava pela manhã.

Resolveu deixar para desarrumar a mala no dia seguinte. Tomou um banho e se aqueceu debaixo dos cobertores na sua cama de casal que nunca parecera tão solitária.

...

Cathrin observava a chuva bater na sua janela. Ela tentava, sem sucesso, fazer o trabalho para a matéria de designer. Era um desenho simples de um vestido, algo que ela fazia por hobby todos os dias.

Mas ela estava bloqueada. Algo a travava e o lápis simplesmente não deslizava no papel. Seus pensamentos estavam embaçados e tudo que ela conseguia pensar era como sua vida era ainda em Bremen.

Ela ainda estava no ensino médio e, apesar da quantidade absurda de matéria para estudar, ela tinha tempo de conversar com Julian no primeiro ano em que eles ficaram longe. O contato dele era o primeiro do seu Whatsapp na época que o aplicativo era apenas novidade.

Era estranho pensar que apenas 5 anos tinham se passado. Parecia muito mais. O avanço da tecnologia dava essa sensação. Ela já estava acostumada passar tanto tempo longe dele, mas odiava que eles não conversavam.

Se lembrava do dia que ele contara, todo orgulhoso, que tinha sido chamado para jogar no Wolfsburg em 2011. Ambos sabiam que aquele seria o início da carreira dele.

Cath tinha ido em seu jogo de estreia, e, apesar dele não ter marcado nenhum gol, ela foi até Julian no final do jogo e o abraçou.

- Desculpa que não marquei seu gol. - Ele se desculpou, lembrando da promessa que tinha feito a ela.

- Não tem problema. Tenho certeza que você marcará diversos gols ainda.

Na época eles tinham 15 anos e Cath ainda tinha uma cara de criança. Seus olhos não eram marcados por delineador e seus cabelos loiros batiam no seus ombros. Julian tinha a necessidade de cuidar dela o tempo inteiro.

Quem diria que pouco tempo depois ela seria dona do próprio nariz morando em outro país.

Voltando para o presente, Cathrin desistiu de fazer o trabalho e aceitou o zero que levaria no dia seguinte. Buscou seu celular e resolveu deixar o orgulho de lado.

Já estava quase no final de fevereiro e estava na hora dela deixar o orgulho de lado.

Cath: Você está aí?

Stay | Julian BrandtOnde histórias criam vida. Descubra agora