Problemas vêm sempre aos montes

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          Eastar se olhou no espelho, já fazia quase dois meses que estava em Londrian. Seus dias se resumiam aos treinos e ao tempo que passava com Sindar. Algumas vezes treinava com o pai, que vivia repetindo sua frase preferida: "Você não pode esquecer como se dança, pivete". 

          O pátio de treino do castelo vinha sendo bastante molestado pelo uso deles, os pequenos buracos formados por socos que erravam o alvo ou pelo próprio alvo ao ser arremessado no chão. Este era basicamente o próprio Eastar, já que, nas poucas vezes que havia conseguido acertar o pai, não era o bastante para derrubá-lo. 

          O pátio de treino do castelo vinha sendo bastante molestado pelo uso deles, os pequenos buracos formados por socos que erravam o alvo ou pelo próprio alvo ao ser arremessado no chão. Este era basicamente o próprio Eastar, já que, nas poucas vezes que havia conseguido acertar o pai, não era o bastante para derrubá-lo.

          O reflexo do espelho mostrava um jovem bronzeado, a musculatura mais rígida que antes.

          O treino na Terra agia diferente em seu corpo. Já tinha percebido que aprendia bem depressa e melhorava a cada dia, mas não era só isso. Seu corpo estava dolorido, e ele sentia como se os treinos fossem muito mais intensos do que os feitos no espaço, talvez tivesse relação com a forma em que o tempo passava no planeta, ele não saberia dizer, mas gostava de ver uma melhora diária.

          Sorriu, tirou os cabelos — que já lhe cobriam a testa — do rosto e foi se vestir para descer até o salão.

          Estava no fim das escadarias quando começou a ouvir vozes.

          — Não, Capitão! Já disse que você não irá. — Reconheceu a voz do rei. — Não há necessidade. Já decidi que o Edwin irá conferir o que está acontecendo, ele escolherá alguns soldados para acompanhá-lo.

          O estelar entrou no salão e viu o Rei Herimbor sentado em seu trono, com os braços cruzados. O jovem pajem escrevia em uma folha, freneticamente.

          Sindar estava no trono ao lado do rei e, na frente dos dois, estavam o Capitão Jorg em sua túnica impecavelmente limpa e sua cabeça completamente raspada e o Tenente Edwin, que parecia haver decidido calçar uma bota e fechar os botões de sua túnica, apesar de continuar com o cabelo bagunçado e a barba por fazer.

          Aros também estava lá e, quando viu Eastar, fez um movimento de cabeça para que se aproximasse.

          — Se é o que o senhor decidiu, Majestade, eu obedeço. Apesar do desejo de participar da incursão. — Jorg se inclinou em uma reverência e continuou: — Confio em Edwin. Mas quem pode ir com ele? — Só então ele viu o jovem parar ao lado do pai. – Ah. Olá, Eastar.

          — Bom dia, Capitão. — Prestou uma continência com um sorriso no rosto. — Bom dia a todos. O que está acontecendo?

          — Herimbor decidiu enviar uma tropa para resolver os assuntos na Floresta Escura. Mais um comerciante foi atacado na noite anterior enquanto acampava. — Aros cruzou os braços, com um olhar sério. — É o quinto, desde que chegamos. — Suspirou. — Dessa vez, apenas um mercenário que acompanhava o comboio escapou.

          — Sim. — Herimbor se virou para os estelares e completou: — Disse que não foi possível identificar como eram os ladrões e que atacaram pelas sombras enquanto era noite. Apagaram a fogueira do comboio e mataram todos.

          — E isso é muito estranho, geralmente ladrões comuns não se metem com comboios que tenham soldados ou mercenários contratados. O risco não vale a pena... provavelmente estamos lidando com armazenadores. — Edwin coçava a cabeça enquanto pensava no assunto. — Bem, de qualquer forma, é bom resolvermos isso o mais rápido possível. Vou reunir os soldados que me acompanharão, majestade.

A Crônica de EastarOnde histórias criam vida. Descubra agora