Nasci numa casa onde tinham muitos gatos, meus donos eram amigos de Rodrigo e Maria, Maria queria adotar uma gata para caçar os ratos que tinham onde eles moravam. Pois é, eu fui escolhida para ser a 'caçadora de ratos'. Me colocaram no Ford Ka preto da família e me levaram para a chácara. Ao chegar lá conheci Isabel, a garota de 13 anos mais legal que eu já conheci, nossa personalidade era muito parecida, ou seja, duas rabujentas hahaha.
Não cheguei na melhor fase da família deles, Rodrigo já estava mais de idade, e há uns anos atrás foi diagnosticado com câncer.
Pelo fato de seu pai estar doente, a saúde mental de Isabel foi se desgastando com o tempo sem ninguém perceber muito. Mas eu sabia, Isabel era uma garota insegura, com baixa auto-estima e com poucas amizades.
Pelo fato de ser mais de idade e por estar doente, Rodrigo era um senhor rabujento, que não gostava de gatos e outros tipos de animais, Maria gostava muito de mim, me fazia carinho, me dava uma ração boa e as vezes, escondido, me deixava entrar em casa para me fazer um cafuné. Isabel adorava me segurar no colo, até descobrir que eu estava prenha. Aquilo foi uma alegria para Isabel, Marcos e Maria, menos para Rodrigo.
Perto de eu dar a luz, eu já estava escolhendo um lugar confortável para eu ganhar meus filhotes, e este lugar fui um rádio antigo. Sim, dentro de um rádio. Dei a luz à quatro gatinhos, Sansão, o único macho, Sophie, Surah e Susi. Isabel foi a primeira a nos achar no dia em que dei a luz. Foi tão bom vê-la feliz por ter nos encontrado, foi lindo aquele olhar encantado pelos meus filhotes.
Eu vivia no quintal da casa com uma Labradora, a Madonna. Nessa época Madonna já estava numa situação bem triste também,ela tinha desenvolvido vários tumores em boa parte das mamas e logo teve que operar. A cirurgia foi tranquila, os tumores foram retirados e eu, meus filhotes e a Madonna ficamos todos juntos na área de trabalho da casa, lá eu e os filhotes pudemos conforta-la com nossos ronronados e sempre fazíamos companhia.
Dias depois de sua recuperação da cirurgia, Madonna se sentiu mal e fugiu para o mato que tinha na chácara, a chacara era enorme, todos a procuraram mas não a encontraram no mesmo dia. No outro dia, eu fui para a clínica veterinária, era o dia da minha castração. Quando voltei para casa, Madonna já estava lá, todos nós nos alegramos. Mas tinha um porém, Madonna voltou toda inchada e não parava de beber água, ela teve uma torção estomacal e foi preciso chamar a doutora Sabrina de novo em casa.
Aquele foi o dia mais triste, Madonna foi levada para área de serviço da casa de novo, mas ela mal levantava, já estava fraca demais. Eu, meus filhotes e Isabel não saímos de perto dela em momento algum. Eu vi Isabel chorar em ver a dor de Madonna, eu ouvia ela sussurrar dizendo que não sairia de perto dela até que ela apresentasse alguma melhora. Dito e feito! Maria chamou Isabel para jantar enquanto elas esperavam a doutora chegar. Isabel estava sentada ao lado da Madonna, quando Isabel foi se levantar para atender o chamado de Maria, Madonna colocou sua pata em cima do colo de Isabel, como se ela pedisse pra Isabel cumprir sua promessa de não sair de perto dela... Naquele momento, meu coração apertou ao ver as duas chorando, uma chorando de dor e a outra por ver sua melhor amiga já em seu leito de morte.
A doutora chegou, medicou Madonna, ficamos todos em volta dela, conversando, e meu filhotes como não entendiam muito o que estava acontecendo, brincavam e assim nos descontraímos um pouco. Não demorou muito, a dor de Madonna começou a aumentar e logo ela começou a agonizar e assim ela faleceu. Foi um dia muito triste para todos nós, foi triste em ver meus donos tristes e triste por saber de como eu sentiria sua falta. Superamos e logo, uma semana depois da sua morte, apareceu um carinha no portão da chácara. Ele estava cheio de pulgas, carrapatos e com sarna. Não sei direito como aconteceu, mas a decisão da família foi de adota-lo. Deram o nome dele de Bino. Bino? Isso era nome? Eu confesso que não gostava muito dele, mas ele nunca tinha feito mal algum pra mim. Ele era um bom cachorro para família, cuidava da casa, brincava com meus filhotes, e o mais legal: Isabel conseguiu superar mais rápido que o normal a morte de Madonna. Bino se tornou um ótimo amigo pra ela e isso era muito bom. Enfim, alguns meses depois minhas três filhotes foram doadas, duas para uma senhora que morava perto e uma para uma família de outra cidade. Sansão ficaria com a família -péssima decisão- Logo ele ficou mais adulto, aprendeu a sair sozinho, atravessou a rua e foi atropelado. Isso sim me devastou, preferia que fosse doado para um lugar mais seguro.
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Contos de Gatos
Kısa HikayeDesde os 6 anos de idade, Isabel sempre teve gatos. Neste livro, os gatos de Isabel vão relatar alguns momentos de sua vida.