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Eu tinha ganhado todas as lutas mas estava exausta. Kalamhos sempre nos fazia lutar com todas antes de declarar o treino encerrado.

Antracia, em minha última luta, quase me pegou por causa do cansaço.

Ela sorria afetadamente para mim enquanto andava e eu senti vontade de socar seu rosto, mesmo que já houvesse um hematoma ali, causado pelo cotovelo de Deiopeia.

Colima tinha um corte fino em sua bochecha, causada pela meu machado, quando ela se abaixara quase devagar demais.

Estávamos todas exaustas e eu não fui a única a deitar na cama quando chegamos ao quarto.

Antracia, na cama à minha esquerda, já estava roncando assim que sua cabeça atingiu o colchão.

Mas Colima permaneceu de pé, pegando um pano e limpando seu machado.

"O que está fazendo? "Eu resmunguei. Minha voz saiu estranha porque metade do meu rosto estava afundado no travesseiro.

"Estou limpando minha arma, o que parece?"

Bufei. "Porque não deixa isso de lado e tira um cochilo. Você não é a única que está cansada mas é a única que não quer dormir. "

" Eu quero dormir e vou quando eu acabar aqui e tomar banho. "Ela respondeu da cama à minha esquerda.

Do outro lado do quarto, Eribeth roncou.

"Bom, eu vou dormir e aproveitar minhas horas de descanso. " Eu disse que afundei todo o rosto no travesseiro.

Colima riu. "Boa noite, Anaya. "

       
                               ⚔⚔⚔

Quando acordei, já era noite mas nenhuma das outras estava acordada, levando em conta que não havia luzes acesas e vários roncos diferentes podiam ser ouvidos pelo quarto.

Me ergui pelos cotovelos e senti as pontadas de cansaço em meu corpo.

Colima dormia com um braço sobre os olhos e Antracia roncava como um porco do meu outro lado.

Que nobre.

Levantei-me​ e fui até o banheiro. Fechei a porta e joguei as roupas no chão.

Liguei o chuveiro e deixei que a água escaldante lavasse suor, sangue e qualquer outra coisa que houvesse grudado em mim.

Massageei meu pescoço, meus braços, minhas pernas e meus pés, tentando aliviar a dor do cansaço.

Ouvi a porta do banheiro se abrir e depois de alguns segundos o chuveiro ao meu lado começou a jorrar.

"Vejo que acabou de roncar em minha orelha. "A voz de Colima soou do box ao lado.

"Vejo que você pulou o banho quando todas nós estávamos roncando. "Eu retruquei.

Colima riu mas ficou em silêncio.

Terminei o banho e me enrolei na toalha até meu armário.

Colima fechou seu chuveiro e andou até os armários completamente nua.

"Céus, Colima, tenha algum pudor. Vai ter que aprender se tem qualquer pretensão de subir ao trono. "

Ela piscou para mim enquanto secava-se. "Minhas amantes nunca reclamaram da minha falta de pudor, Nay."

Eu franzi o nariz tanto pelo comentário quanto pelo apelido.

"Um, eu realmente não tenho interesse nenhum nas mulheres com quem você dorme. Dois, sabe que eu odeio quando me chama assim. "

"Você gostava quando era criança. " Ela fez um falso biquinho para mim. "Além do mais, seu nome é estranho demais para falar toda hora. Nay é muito mais legal. "

Eu revirei os olhos enquanto vestia a blusa do pijama. "Me chame do que quiser hoje, Colima, amanhã você me chamará de rainha de qualquer jeito. "Eu sorri maliciosamente para ela, que me atirou sua blusa suja na cara.

"Nos seus sonhos, garota. Eu vou derrotar esse seu traseiro magro na arena e a rainha vai me escolher para ascender. " Ela mostrou a língua num gesto infantil.

Eu dei risada mas logo fiquei em silêncio, pensando.

"Col, acha que podemos ser amigas depois? Quero dizer, não vai ter mais competição e não vai ter mais pressão. "

Ela se sentou ao meu lado no banco dos armários e apoiou sua mão em meu ombro. "Eu sempre vou ser sua amiga, Nay. Não importa qual de nós ascenda ou sequer se será uma de nós... Não se passa dez anos com alguém, não se treina com alguém todos os dias para esquecer tudo um minuto depois. "

"Além do mais..."Ela continuou, com um sorriso, aliviando o clima tenso. "Yriana ainda é amiga das outras do seu grupo. Ouvi dizer que Tenora é sua melhor amiga e sua consultora de guerra. Isso nos dá esperanças, não é?"

Eu sorri e apertei sua mão. "Acho que sim. "

Me levantei, indo até o espelho para pentear meu cabelo.

Antes de sair, Colima se virou para mim da porta. "Se eu for rainha, eu quero você em meu círculo íntimo. Não sei se poderia confiar em mais ninguém lá dentro para cuidar da minha retaguarda, Anaya. "

Antes que eu respondesse, ela saiu, me deixando sozinha com meus pensamentos.

Terminei de pentear meus cabelos e trançá-los e então voltei para o quarto.

As garotas já haviam começado a acordar mas ainda estavam lentas. Não havia sinal de Colima.

Peguei meu machado e comecei a tirar o sangue seco de suas pontas. Poli e afiei antes de devolvê-lo à gaveta das armas.

Colima voltou algum tempo depois, trazendo-nos o jantar é um anúncio de Kalamhos.

"Amanhã, vistam-se nos trajes de couro e as espadas. Vamos patrulhar. "Ela disse enquanto entregava os pacotes de papel marrom para cada uma, com comida dentro.

Ela entregou o meu e se sentou na cama ao lado.

Comi em silêncio e quando todas as garotas estavam distraídas ou no banheiro, eu me virei para Colima.

"Eu também não confiaria em mais ninguém. Além de que ninguém mais é tão bom quanto você, Col."

Ela sorriu para mim e achei ter visto a sombra de uma lágrima em seus olhos mas assim que ela voltou a tomar a água, havia sumido.

A Ruína da RainhaOnde histórias criam vida. Descubra agora