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Um cheiro delicioso me acordou e eu me vi numa nuvem de torpor por alguns segundos.

Passei a mão no lençol e sabia que se olhasse ao redor, veria Colima ou Antracia comendo alguma comida gordurosa proibida.

Abri os olhos para mandá-las guardar um pouco para mim mas meu sorriso sumiu quando vi um quarto estranho, onde eu estava sozinha.

Então me lembrei do último mês e soube que estava na casa de Heyden.

Meu coração pesou por eu não estar com elas nesse dia, por ter sido assim durante dez anos e agora eu estar longe, sem saber se minhas amigas estavam vivas.

Respirei fundo e saí do quarto. Collen estava no corredor, saindo do banheiro, e sorriu para mim.

"Bom dia, Nay."

Seu sorriso aqueceu um pouco meu coração e ele passou o braço pelos meus ombros enquanto íamos para a cozinha.

Conforme nos aproximavamos, ouvi o som de panelas e talheres batendo no prato.

Heyden cozinhava bacon, ovos fritos e Thierry fazia panquecas. Os dois sorriram para mim e eu já não me sentia triste por não estar com Colima e Antracia.

Eu dei um beijo na bochecha de Thierry quando passei para me sentar no meu lugar na janela.

Comemos e rumos das  piadas sem graça de Heyden. Eu ria tanto que minha barriga começou a doer.

"Obrigada por estarem aqui. "Eu disse, me sentindo particularmente sentimental. "Vocês não sabiam, mas é meu aniversário hoje. "

Todos pararam de comer e me olharam.

Heyden, com um garfo cheio de ovos a metade do caminho até sua boca, foi o primeiro a falar.

"Você está brincando comigo?" Ele perguntou. Eu neguei com a cabeça e ele soltou uma gargalhada.

Heyden soltou o garfo e se levantou. Foi até um dos armários mais baixos e tirou de lá duas garrafas, uma de vinha e outra de uísque.

"Aqui está seu presente, princesa guerreira. "Ele piscou para mim e me deu um beijo na testa antes de se sentar.

Thierry sorriu e segurou minha mão, enquanto Collen colocou o braço no encosto da minha cadeira.

Collen era o mais velho, então vinha Heyden, eu e Thierry tinha dezenove.

Ficamos horas conversando na mesa até que Collen parou de falar momentaneamente.

"O que?" Eu perguntei.

Collen se levantou e examinou a janela, então abriu a gaveta e tirou três facas médias e uma pequena.

Entregou as grandes para mim e Heyden e deu a pequena para Thierry.

"Está quieto demais. Os pássaros pararam de cantar e mesmo os ratos pararam de roer o forro. "

Eu me levantei e puxei Thierry pela mão. "Vou cuidar de você. Eu prometo. "

Ele assentiu, parecia extremamente assustado.

Lembrei da minha espada e escudo na sala e corri até lá.

No momento em que toquei o metal frio de ambos, a porta da frente estourou.

Homens em armaduras de bronze começaram a encher a casa e eu corri para a cozinha. Mas eles não estavam lá.

A janela estava aberta então tomei o caminho mais rápido pelo lado de fora, o que eles também deviam ter feito.

Corri pelo jardim e meu coração explodiu com alívio quando alcancei as primeiras árvores.

Ouvi o barulho de uma luta e corri mais rápido.

Heyden e Collen lutavam contra oito homens, com Thierry apontando a faca para um nono.

O medo nos olhos dele me fez agir.

Eu saltei na direção do nono homem é meu pé se chocou com brutalidade contra seu peito.

Deixei que meu sangue fervesse e comecei a fundir a armadura dele com seus corpos.

Todos eles pararam de lutar e caíram no chão.

Me aproximei de um deles e deixei que suas peles esfriassem um pouco.

"Quem são vocês?" Eu perguntei.

O homem me olhou com firmeza. "Estou seguindo ordens da minha rainha. "

Então notei o brasão em sua armadura. Ao invés do grifo de Yriana ou de qualquer animal das competidoras, o brasão em seu peito tinha um leopardo das neves entre dois tridentes.

Eu me afastei um passo ao mesmo tempo em que vi mais dez homens nos cercarem.

Eu não vi quando um deles se aproximou pelas minhas costas e me deu uma coronhada com sua adaga.

Uma dor lancinante me cegou e eu desabei na inconsciência.

A Ruína da RainhaOnde histórias criam vida. Descubra agora