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Conforme me aproximava deles, a garota voltava à consciência.

Ela era linda. Sua pele era branca--mas as bochechas estavam coradas provavelmente por causa do choque--, seus cabelos castanhos tinham as pontas desbotadas e ela trajava um vestido fino e delicado, mas que exibia suas curvas. Quando me aproximei, vi que seus olhos eram castanhos com notas de verde.

Thierry ajudou ela a se erguer e a garota se apoiou nele até ter firmeza para ficar em pé sozinha.

Nesse momento, Taurus e Keith abriram caminho até nós.

"Vocês estão bem?" Keith disse, um pouco sem fôlego.

"Estamos. "Eu disse e olhei para a garota, que assentiu.

Taurus grunhiu e empurrou a garota. "Saia daqui cortesã. Estes não são para o seu bico. " Ele olhou com nojo para ela.

Ela pareceu ter levado um tapa mas baixou o olhar para seus pés e começou a se afastar.

Meu sangue ferveu e eu não tentei evitar meu mau gênio.

"Cale a boca, comandante. Não me importa o ofício dessa mulher. O que me importa é saber se ela está bem. "

Taurus me olhou como se fosse me socar mas eu fiz as veias de magma irromperem por minha pele.

A garota arregalou os olhos. "Foi você! Você salvou aquelas pessoas. Eu sinto muito, não sei o que aconteceu. Eu estava parada vendo o movimento da feira quando eu senti uma pontada horrível e disparei uma pedra na loja. "
Eu e Thierry olhamos imediatamente para ela.

"Você fez aquilo?" Thierry perguntou.

Ela assentiu timidamente.

"Qual seu nome?" Eu perguntei.

"Brea. "Ela respondeu, um pouco confusa agora.

"Pode repetir aquilo, Brea? Não vamos machucar você. " Thierry pediu.

Ela hesitou por um momento, então olhou para uma barraca próxima.

Ela ergueu a mão e uma toalha da barraca imitou o movimento, erguendo-se no ar.

Olhei para Thierry, exultante. "É ela. Ela é a matéria!"

Ele assentiu, também feliz.

"Meu nome é Thierry e esta é a Anaya. Estes dois são homens da rainha, Taurus e Keith. Sei que é um pedido estranho mas devo insistir para que venha conosco para o castelo. "

Ela agora nos olhou com desconfiança. "Quem exatamente são vocês?"

Eu ergui minha mão e deixei que uma enorme labareda queimasse ali. Em contrapartida, Thierry estalou os dedos e uma brisa fortíssima passou por nós, abafando minha chama.

"Nós somos como você. Nascidos humanos mas descobrimos ter dons. E há outros. Heyden e Collen são a terra e a água. Ainda há mais um, que tem o dom da mente, seja lá o que isso for. "Eu disse.

Ela olhou para trás e vi que ali tinha uma casa cheia de mulheres vestidas como ela. Notei que devia ser a casa das cortesãs. Sua casa.

"Nunca mais precisarei voltar aqui? Nem dormir com um homem para ter o que comer?" Ela perguntou com a voz distante.

Eu segurei sua mão. "Nunca mais. "

Ela olhou para mim e seu olhar era intenso e carregado de emoção. "Então eu aceito. "

Fizemos em quarenta minutos o percurso que fizemos antes em horas e logo estávamos em nossos cavalos.

Brea olhou para cada um e pediu para ir comigo. Ela se sentou atrás de mim e eu segui Taurus de volta.

Não demorou muito para voltarmos e logo eu a ajudava a descer.

"Venha, Brea, vou te apresentar os outros. " Eu disse.

Mas Taurus me segurou pelo pulso e eu pedi que Thierry a guiasse para dentro.

Sozinhos, Taurus se virou para mim.

"Não acho que deva confiar nela. Ela é uma cortesã. É a ralé. Eu soube da parte da profecia sobre um traidor e não ficaria surpreso se fosse ela. " Ele disse.

Taurus parecia ter o dom de me deixar irritada porque eu não consegui evitar minha pele de ferver um pouquinho quando cravei a unha do meu indicador em seu peito.

"Você não julgue ninguém na minha frente. Heyden era um caçador solitário, Collen mentiu para a família quando fugiu, Thierry era a vergonha da família e eu...Eu sou a assassina da minha melhor amiga. Então não ouse julgar ninguém simplesmente porque você viu o lado ruim dela que ela sequer escolheu. "

Me virei e marchei para o castelo. Taurus não me seguiu.

Lá dentro, Brea já era apresentada para os outros. Heyden e Collen pareciam surpresos por termos achado ela.

Collen chegou a dizer que eu e Thierry fizemos em algumas horas o trabalho que ele levou um mês para fazer.

Aerith também ficou surpresa mas rapidamente providenciou um quarto para ela perto dos nossos.

Como aconteceu com todos nós, ela pareceu se encaixar perfeitamente no grupo e logo estávamos rindo, todos juntos, numa sala de estar.

Estávamos todos fascinados com os poderes dela. Ela podia mover uma sala inteira de lugar e até uma pessoa, só mexendo os dedos.

Todos se recolheram aos seus aposentos, um a um, até sobrar apenas eu e Heyden.

Eu estava sentada numa poltrona larga e reclinável enquanto ele estava esticado num sofá.

"Eu poderia viver assim para sempre. Será que Aerith está aceitando currículos para príncipe consorte?" Ele brincou enquanto se esticava mais um pouco, além das bordas do sofá.

Eu dei risada com ele. "Pode tentar mas eu vou entrar na briga também. "

Rimos até ficarmos num silêncio quase constrangedor.

"Onde será que estaremos em um mês?" Eu perguntei, um pouco com medo da resposta.

Ele olhou para mim do sofá e eu vi uma pontada de medo em seus olhos castanhos.

"Eu não sei. Também não sei se estou ansioso para descobrir. "

"Toda aquela história de caos e guerra iminente...Se vencermos essa coisa toda, o que pretende fazer?" Eu perguntei.

Ele deu de ombros. "Provavelmente voltar para a minha cabana. Você?"

"Vai realmente fingir que nada aconteceu? Bom, eu iria tentar ascender ao trono mas se não conseguisse, procuraria meus pais ou iria para o conselho de guerra. "

Ele riu amargamente. "Você fala sobre fingir que nada aconteceu mas não percebe. Eu não tenho mais nada. Você tem seus pais ou sua coroa ou sua espada, Collen tem a família e o trabalho na guarda, Thierry é tão inteligente que poderia escrever uma biblioteca. Mas não eu. Eu sou um órfão criado por um lenhador morto que só consegue caçar. Eu não sou bom com a espada com você e Collen e não tenho metade do cérebro de Thierry. "

Suas palavras batera fundo em mim. Eu me levantei e me agachei ao lado de seu sofá.

Seus olhos estavam vermelhos e marejados e ele se recusava a olhar para mim.

Com a ponta da unha, rocei seus cachos e depois sua bochecha.

"Não diga isso. Você tem a nós. Não vamos simplesmente nos esquecer, está bem? Somos uma família. "

Ele finalmente olhou para mim. Segurou minha mão contra sua bochecha e fechou os olhos.

"Obrigado, Nay. " Ele disse e beijou minha palma.

Eu beijei sua testa e afaguei seus cachos. "Sempre que precisar. "

A Ruína da RainhaOnde histórias criam vida. Descubra agora