I Should Go

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Dias atuais

Peeta

"... It's so hard

Keeping my composure

And pretend I don't see how your body

Curves beneath your clothes

And your laugh

Is pure and unaffected

It frightens me to know so well

The place I shouldn't go

But I know I gotta take the noble path

Cause I don't want you to question

The intentions that I have

I should go..."

Levi Kreis

***

Uma vez quando criança, em uma festa de virada de ano no Distrito Doze, o tipo de festa que acontece na praça de lá, onde a maioria dos moradores se reúne para festejar mutualmente. Eu me lembro de brincar com meus irmãos mais velhos em frente a nossa padaria. Ela não estava fechada, como o meu pai gostaria que estivesse, mas por insistência da minha mãe, o meu pai fez várias fornadas especiais de seus mais deliciosos pães doces e deixou a padaria aberta para o publico.

Eu estava brincando com meus irmãos na frente da Padaria, nós três estávamos fazendo uma guerra de bolas de neve. Logicamente estava perdendo, sendo o mais novo eu não conseguiria ganhar sozinho.

Meus irmãos começaram a correr entre as pessoas na praça do Distrito e empolgado pela brincadeira corri atrás deles, ainda era muito pequeno para ficar sozinho em meio a uma multidão, acho que tinha sete anos de idade ou um pouco mais que isso. E foi isso o que aconteceu. De uma hora para a outra eu estava sozinho. Muitas pessoas andavam a minha volta, e pela minha visão de criança, todos pareciam gigantes amedrontadores. Passei do riso e da brincadeira para um medo absurdo de ser abandonado sozinho em um mundo de adultos estranhos.

Onde estavam os meus irmãos? Onde estava a padaria, e o calor dos braços do meu pai? Onde estavam todos os que eu conhecia e amava?

Já frequentava a escola nessa época e podia ver, entre uma multidão de adultos, um ou outro colega da escola. Todos estavam devidamente acompanhados de seus familiares.

Eu era o garoto perdido entre os adultos. Não conseguia encontrar a direção da padaria dos meus pais e estava ficando desesperado pelo medo de ficar sozinho no mundo.

Quando nós somos crianças, tendemos a exagerar os nossos sentimentos e os levamos ao extremo de nossas imaginações.

Acho que em um momento qualquer comecei a chorar. Não abertamente como as crianças menores fazem, eu mantinha as minhas mãos perto do rosto e soluçava nas palmas, elas estavam cobertas por grosas luvas para impedir a neve de me machucar. Sabia que era errado chorar, porque a minha mãe sempre me dizia que meninos não choravam, era feio para um homem chorar, então saber que naquele momento além de perdido, estava decepcionando a minha mãe, me deixava ainda mais triste e me dava ainda mais vontade de chorar.

Eu vagava sozinho e perdido entre as pessoas, quando eu a ouvi.

É claro que já tinha ouvido a menina cantar antes, estudávamos na mesma escola. E eu a achava a coisa mais linda do mundo com suas trancinhas balançando em suas costas enquanto ela corria e brincava.

A primeira vez que a ouvi cantar, corri para casa e disse aos meus pais que tinha visto um anjo, minha mãe me disse para não ser ridículo. Meu pai foi mais complacente e depois de sorrir disse que as vezes nós encontrávamos anjos de maneiras muito inusitadas.

Amarras do passadoOnde histórias criam vida. Descubra agora