Dias Atuais
Peeta
"...I don't wanna be someone who walks away so easily
I'm here to stay and make the difference that I can make
Our differences they do a lot to teach us how to use
The tools and gifts we got yeah, we got a lot at stake
And in the end, you're still my friend at least we did intend
For us to work we didn't break, we didn't burn
We had to learn how to bend without the world caving in
I had to learn what I've got, and what I'm not
And who I am..."Jason Mraz
***
Isso doí. É a primeira coisa que penso quando começo a recobrar a consciência. Doí muito mesmo. Meu corpo todo doí, minha cabeça está explodindo. Onde estou?
Tudo é muito confuso e minha cabeça doí muito. Por isso decido começar pelas pequenas coisas, ainda estou sonolento demais para abrir os olhos. Com o tato noto que estou deitado em uma cama confortável, quente e macia. E isso é a primeira coisa boa que noto, chego até mesmo a me aconchegar ainda mais nos cobertores e puxo o grosso edredom para cobrir a minha cabeça. Debaixo das cobertas e do edredom noto o perfume, é forte, muito forte aqui dentro e está em tudo.
Katniss. Meu cérebro dispara, mas tudo é tão cômodo que ainda não me permito abrir os olhos. Será que estou alucinando? Isso parece um sonho, um sonho muito bom onde estou deitado em uma cama com Katniss Everdeen. Já tive esse sonho antes, na verdade tive centenas de sonhos com Katniss. Mas nos meus sonhos nós dois não usávamos uma cama para dormir, nós a usávamos para fazer coisas muito mais prazerosas.
A dor na minha cabeça me alerta que não é um sonho. Nenhum sonho pode ser tão doloroso assim e estou com sede, muita sede. O travesseiro que uso tem o cheiro dos cabelos de Katniss, em um ato de pura saudade enterro o meu rosto com força na fronha branca e inspiro profundamente. O perfume dela faz com que minha cabeça pare de doer por alguns instantes.
Quero entender o que está acontecendo, por isso apenas relaxo o meu corpo e me permito lembrar o que aconteceu nas últimas horas. Me lembro que estava preso e que meu pai pagou a minha fiança, eu discuti novamente com a minha mãe e somente lembrar disso já faz com que uma nova dor de cabeça se forme. Depois fui até um bar e comecei a beber, e bebi muito. Deve ser por isso que estou com uma dor de cabeça tão grande.
Aperto os meus olhos com força e me lembro da noite anterior.
A dor era interminável, algo que tomava todo o meu corpo, sem começo ou fim.
Passava pelo mental e se tornava física. E já não me importava se era meia-noite ou cinco horas da manhã, me lembro que a muito tempo já tinha perdido a capacidade de calcular as horas. Meus olhos turvos pela quantidade excessiva de bebida me diziam que os ponteiros do meu relógio de pulso tinham se transformado em algarismos estranhos e incompreensíveis.
Que se foda. Pensei depois de dar um longo gole em minha garrafa de uísque.
Lembro que a chuva sob a minha cabeça era implacável, estava encharcado e tremendo de frio enquanto dava passos cada vez mais cambaleantes pela calçada, meus pensamentos confusos continuavam a não ligar para o meu desconforto.
Em outro momento, dessa vez já não sabia o quanto tinha andado, tive que parar para me curvar em agonia quando senti uma forte onda de dor se apossar do meu coração. Dor pura e lenta, macia e maléfica.
Quis gritar por causa da frustração. Mas, não fiz.
Katniss, Darius e minha filha indo embora do parque a alguns dias atrás eram tudo o que eu podia ver. Elika acenando um adeus educado de longe, não fazendo ideia de quem sou. Os três eram a imagem de uma família perfeita e feliz.
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Amarras do passado
FanfictionÉ possível fugir do passado? Do destino? Uma corda vermelha invisível conecta aqueles que estão destinados a se encontrar, independentemente de tempo, lugar ou circunstâncias. A corda pode ser esticada ou emaranhada, mas nunca irá se romper. - Uma a...