No Ordinary Love

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Passado

Katniss

"...I gave you all the love I got
Gave you all that I could give, Gave you love
I gave you all that I had inside and you took my love
Took my love

I keep crying, Keep trying for you
I keep trying, I keep crying for you
This is no ordinary love, No ordinary love..."

The Civil Wars

***

Eu espero em pé próxima a estação de trem, minhas costas doem pela mochila pesada que carrego. Caído ao lado do meu pé esquerdo existe uma segunda mala grande. Isso é tudo o que tenho no mundo, todas as coisas dentro da mala e da mochila são tudo o que eu tenho. Além desses meus poucos pertences, carrego algo muito mais importante. O arco que meu pai me deu, ele está bem guardado em uma bolsa especial que estou segurando pelas alças.

Algumas pessoas me olham curiosas, eu apenas finjo que não estou vendo ninguém. Odeio xeretas, odeio essa curiosidade que não me permite ter privacidade. Até parece que eles nunca viram alguém chorar.

Não que eu esteja dando um vexame, muito pelo contrário. Meu rosto está avermelhado e meus olhos levemente inchados pelo choro, mas choro muito discretamente, sem fazer barulho nenhum, apenas posso sentir as lágrimas que descem pelas minhas bochechas.

Me desculpe, pai. Peço em pensamentos. Me perdoe por não realizar o seu sonho.

Agora mesmo todo o meu futuro está preso na passagem em minhas mãos. Estou apostando tudo o que tenho nesse novo Distrito.

Tive muito dificuldade em me movimentar pela Capital com todas essas coisas. Pagar um táxi está totalmente fora de questão. Eu tenho algum dinheiro guardado no banco o que me ajuda muito. Ainda bem que fui responsável nesses meses todos, ainda bem que eu fazia aquelas horas de trabalho na lanchonete do campus estudantil. Se não tivesse esse dinheiro guardado teria que recorrer a minha mãe, o que está fora de questão, já que nós não nos falamos. Eu poderia pedir ajuda para Gale, mas isso é outra coisa que não faria.

Gale. Ele deve estar surtando agora. Morto de preocupação. Eu não deveria ter ligado para ele, mas é que não pensei direito no que estava fazendo, apenas precisava desabafar com alguém e agora deixei o meu amigo preocupado pela minha irresponsabilidade.

Isso não é bom, isso não é nada bom mesmo.

Apenas quero ir embora o mais rápido possível daqui. Se tiver opção, nunca mais vou voltar aqui na Capital.

– Passageiros com destino ao Distrito Sete, embarque imediato na plataforma três. - Ouço uma voz feminina anunciar pelos alto-falantes da estação de trem. - Atenção! Passageiros com destino ao Distrito Sete, embarque imediato na plataforma três.

Suspiro de alívio ao me dirigir para a plataforma indicada, sinto os meus braços protestarem pelo peso excessivo da minha bagagem.

É estranho estar indo embora, estranho e aliviante ao mesmo tempo.

Me lembro de chegar aqui com tantos planos e sonhos, estava tão cheia de esperança e determinação. Pela primeira vez em minha vida me sentia a pessoa mais sortuda do mundo. É claro que o meu peito estava explodindo de orgulho por eu realizar o sonho do meu pai de me ver estudando aqui na Capital. Na época eu tinha certeza que até mesmo Prim estava contente por me ver dando um passo tão importante na minha vida.

Amarras do passadoOnde histórias criam vida. Descubra agora