I almost do

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Passado

Katniss

"...I bet this time of night you're still up
I bet you're tired from a long, hard week
I bet you're sitting in your chair by the window
Looking out at the city
And I bet sometimes you wonder about me

And I just want to tell you
It takes everything in me not to call you
And I wish I could run to you
And I hope you know that
Everytime I don't
I almost do, I almost do..."

Taylor Swift

***

Eu abro a porta da velha casa a minha frente e observo atentamente. Meus olhos passeiam em volta do ambiente familiar e ao mesmo tempo estranho. Faz muitos anos que não moro aqui, abandonei esse lugar por muito tempo e o tempo acabou por tomar conta daquilo que eu já não podia suportar. Essa casa me traz muitas recordações, muitos fantasmas que eu preferiria manter escondidos.

Não queria voltar para cá, não queria trazer minha filha para essa casa, não desse jeito, não dessa forma. Não foi assim que planejei voltar para cá. De volta para o meu lar, para o Distrito Doze trazendo a minha filha inocente e doce para essa casa velha e cheia de recordações dolorosas, bem dentro do coração da Costura.

Estou apertando muito fortemente a chave enferrujada da minha casa, o ferro antigo faz a minha mão coçar, as respirações que puxo para dentro dos meus pulmões estão cheias de poeira, o ar em volta parece contaminado e parado, totalmente estagnado.

Quase não tenho coragem de trazer Elika para dentro, os olhos dela estão abertos em curiosidade e medo. Minha menina não gosta de escuro e de lugares sombrios, é isso o que minha casa é no momento. A casa antiga que meu pai deixou para mim, ninguém mora aqui há muitos anos, os moveis continuam no mesmo lugar que os deixei, tudo continua igual ao que imaginei.

Tudo em volta grita abandono, desde as cortinas fechadas e sujas, até a poeira preta que cobre o chão aos nossos pés.

– Mamãe, estou com medo. - Escuto Elika dizer ao passar os braços em volta das minhas pernas, ela olha em volta assustada para os poucos móveis cobertos com lençóis encardidos.

– Não precisa ter medo, passarinho. Essa é a nossa nova casa, ela está suja e escura porque esteve fechada durante muitos anos. Mas, a mamãe vai limpar tudo e logo isso aqui estará ótimo para nós duas. - Digo ao me abaixar e olhar bem firme nos olhos azuis de minha filha, ela se mantém atenta a cada palavra que sai da minha boca e logo o seu semblante assustado se alivia. - O seu avô me deixou essa casa, ela é tudo o que nós temos e vamos fazer desse lugar o nosso lar, o que acha? A mamãe nasceu aqui nessa casa, sabia?

– Nossa, é verdade mamãe? - Ela me pergunta animada ao se aconchegar mais perto de mim, passando os seus braços em volta do meu pescoço.

– Claro passarinho. Você vai poder ter um quarto só para você, isso não vai ser legal? Mas, nos primeiros dias você vai dormir com a mamãe, até que eu tenha arrumado tudo por aqui.

– Um quarto só meu? - Elika fica radiante de felicidade com a notícia. - E o quarto vai ser rosa com florezinhas e borboletas?

– Claro, passarinho. O que você quiser. Agora vamos entrar porque tenho que carregar as nossas malas para dentro. - Encorajo ao me soltar gentilmente dos braços da minha filha e ir até a entrada da casa, onde o taxista que contratei deixou as minhas malas na calçada.

Amarras do passadoOnde histórias criam vida. Descubra agora