Prólogo

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 Nunca em toda a minha vida eu havia imaginado que iria passar por uma situação dessas. — Mas Deus, eu irei morrer amanhã.

 Não sou muito de escrever. Na época de escola, minhas notas em Inglês sempre foram péssimas e nunca fiz um diário em minha infância, mas, me sinto na obrigação de contar essa história para alguém, passar adiante, mesmo não tendo a certeza de que a humanidade sobreviva por muito tempo. Esse vai ser um relato sobre o fim do mundo. E procuro escrevê-lo como uma retrospectiva do fim da minha vida.

 Meu nome é Scott McConnell, sou um ex-jogador de futebol, já apo- sentado há quase um ano. Tenho 36 anos e um filho de 15, que amo mais do que tudo nesta vida.

 Há quase seis meses, um renomado médico-cientista da CDC (Cen- ters for Disease Control and Prevention), formado na Harvard University, chamado Nikolai Engerhoff, deu uma entrevista para um famoso progra- ma de televisão, dizendo ter aperfeiçoado a milagrosa "Nanotecnologia", uma tecnologia que iria revolucionar toda a medicina, curando todas as doenças já descobertas na face da Terra, tais como o câncer, a AIDS ou até mesmo uma mão amputada.

 Engerhoff disse ter aperfeiçoado a tecnologia dos nano-robôs, que trazem de volta à vida as células que morreram no corpo e eliminam quaisquer tipos de vírus ou bactérias da corrente sanguínea.

— Em apenas uma gota do fluido Nano há mais de 18 bilhões de na- no-robôs. — dizia Nikolai para o programa de televisão. — Essas nanomáquinas automáticas são programadas para se adaptarem, multipli- carem-se e substituírem qualquer partes do corpo humano.

Funcionando por meio de uma nova nanociência, esses robôs microscópi- cos copiam o DNA de qualquer sangue, reproduzindo e restaurando as células vermelhas e brancas que faltam para a pessoa se tornar sã nova- mente.

— Doutor Nikolai, recebemos de alguns telespectadores perguntas a respeito de sua pesquisa. Lerei uma delas enviada pelo John Hall, da Flórida: Em 1991 o ator e ex-governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger foi protagonista do filme "O Exterminador do Futuro 2", no qual o vilão era um robô formado por uma espécie de metal líquido. — dizia a âncora do programa. — Há alguma semelhança entre aquele tipo de robô feito de um metal líquido e sua Nanotecnologia?

— Bem... Existem algumas semelhanças sim! — respondia o doutor.

— A primeira semelhança é que ambas as tecnologias foram criadas na forma líquida. E a segunda é que foram criadas para tomarem qualquer forma do corpo humano.

— E seria possível doutor, acontecer algo parecido com a história que se passa no filme? — perguntou a apresentadora. — As máquinas tomarem o controle?

— Não mesmo! — afirmou Engerhoff. — Os meus nano-robôs são programados somente para agir em favor do corpo humano, para restaurá- lo e curá-lo de tais enfermidades. É claro que, as máquinas microscópicas automáticas recebem uma pequena inteligência artificial para agir em favor da sobrevivência do corpo, funcionando como um antivírus para um computador.

Infelizmente o doutor Nikolai Engerhoff estava muito enganado a respeito de sua criação. Muitos a chamaram de um milagre da Medicina ou de "A Era Nano". A obra do próprio Criador para os doentes e aflitos. Já eu a chamo de:

A Tecnologia do Inferno.

NANO-MORTAIS - A TECNOLOGIA DO INFERNOWhere stories live. Discover now