LIAM (LIVRO 3) FAMÍLIA GREEN

A babá

Liam estava cansado. Eram exatamente cinco horas e o sol já estava desaparecendo.

Sua mãe já havia entrevistado mais de seis mulheres, todas haviam sido muito profissionais  demonstrando interesse em trabalhar para os Vilhena, ou talvez estivessem hipnotizadas pela beleza e o olhar frio de Liam. Ele por outro lado as dispensou com educação, mas de forma dura.

- Oras, Liam. Você não deu nenhuma chance delas provarem sua capacidade. - Isabel Vilhena estava sentada em uma mesa ao lado da piscina.

- Eu sei que não são. Elas sabem que sou rico, vai que...

- Não pense besteiras meu filho. Ninguém seria capaz de tentar te atingir usando a Arizona.

- Foram capazes de atingir a mulher que eu amava. Tiraram a vida dela. Eu não confio em ninguém. É melhor eu ficar com a minha filha.

- E quanto a escola? Você... Katharyn pediu para você cuidar daquele lugar, uma parte dela está lá!

- Eu sei... Eu não sei o que fazer, mãe!

- Vamos dar um jeito, meu amor. - Ela o abraçou deixando o mesmo respirar sabendo que ainda haviam pessoas que o amava. - O jantar vai ser servido, vamos? Arizona deve estar chegando da escolinha.

- Claro. - sorriu para a mãe e a levou para dentro.

(***)

Liam estava em seu escritório e olhava a chuva que caía com muita força ao lado de fora.

Há exatos quatro anos ele viu sua noiva dar o último suspiro e assim deixar sua pequena Arizona. Katharyn havia sido seu tudo em tão pouco tempo e de repente o deixou sem chão.

Pegou novamente a carta que ela deixara e leu, leu sem nenhuma emoção. Já não haviam lágrimas, só a confirmação que ela sabia que iria morrer.

- Oh Katharyn. Droga! -- bateu-lhe na mesa com força antes de se afundar na cadeira e, novamente amassou o papel em suas mãos e colocou no bolso.

- Senhor Vilhena?

Virando-se para a porta, viu Marghot.

- Pode entrar. -- ele disse sem olha-la.

- Senhor Vilhena, há uma mulher querendo falar com você.

- Quem? Alguma aluna? Funcionária?

- Não senhor. Se trata de Dora Fernandes.

Dora Fernandes? Sua babá?

- Mande entrar. - Ele se sentou em sua enorme mesa e esperou ansiosamente.

...

- Senhor Vilhena?

-Dora... Sente-se. Marghot, traga um chá. -- disse para a mulher que cuidava da escola para ele em sua ausência e as vezes de Arizona.

- Desculpe por te incomodar.

- Sem problemas. Achei que já estivesse em alguma clinica.

- Ah, não. Não há uma forma disso funcionar. Meu enigmático câncer não tem cura . Eu estou morrendo... - ela sorriu triste.

- Meu Deus, eu sinto muito... Mas, não diga algo assim. - passando a mão por cima da mesa acariciou a mão gélida da mulher, que já estava fraca. - Mas você... O que precisa?

- Eu quero que o senhor conheça minha irmã, ela é uma jovem de vinte  e poucos anos, que adora crianças assim como eu. Atualmente ela trabalha numa escolinha, mas o prefeito está com planos de fechar o local e ela não tem outra forma de arrumar um emprego. Por favor... Sei que já está entrevistando outras mulheres, mas garanto que não irá se arrepender.

Liam olhava atento para a moribunda e pensou que mais uma ou menos uma não faria diferença.

- Tudo bem, quero os dados da garota. Passe o endereço para ela. Não permita que se atrase, amanhã às quatro. Arizona também vai estar em casa.

Com os olhos cheios de lágrimas ela sorriu.

- Obrigada senhor Liam, assim eu poderei ir em paz. Minha irmã estará segurava. Eu preciso ir.

- Certo, eu... Eu... Bom, boa sorte Dora. Você é forte.

Sorrindo como agradecimento a moça saiu devagar. Liam havia ficado alí pensando se era uma boa ideia contratar alguém assim, do nada. Esperava que fosse algo bom e que principalmente Arizona aprovasse sua babá.

Pegando sua mochila ele sai e tranca o escritório e vai para o elevador. Liam precisava ir correndo para casa. Precisava ver o seu docinho. Após deixar uma mensagem para a sua sócia ele rapidamente aperta o botão e o elevador vai direto para a garagem.

Ele só não sabia que a partir de amanhã sua vida iria se transformar.

(***)

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