5. Hospital - Alice

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ALICE

Ouvia algumas vozes ao fundo, estavam bem longe, e pareciam estar preocupadas. Conforme minha visão ia se clareando, as vozes foram ficando cada vez mais nítidas, mostrando-se conhecidas.

Quando finalmente abri meus olhos por completo, pude perceber que estava no hospital. As janelas que davam a um jardim estavam abertas, para circular ar e para deixar os raios solares entrarem, afim de manter o ambiente mais confortável possível, como se o ambiente recebesse um pouco mais de vida. As paredes tinham um tom de branco gelo, e os lençóis que estavam sobre mim eram azuis. O cheiro era aquele típico de hospital, como eu amava aquele ambiente, uma pena eu estar do lado errado da situação, e me encontrar na maca, ao invés de estar pelos corredores correndo para ajudar as pessoas.

Virei-me para o lado e vi minha mãe conversando com uma enfermeira, como ela estava acabada, era visível. Sua pele, antes bronzeada, estava opaca, as olheiras estavam destacadas, estava com unhas roídas, e seu cabelo, sedoso e brilhante, estava bagunçado e sem brilho.

Meus pensamentos foram impedidos devido a uma dor de cabeça insuportável que latejava, lembrando-me de que estava mal, além da sutil dor de meu antebraço.

Apenas chamei minha mãe na esperança dela me explicar tudo.

-Mãe, o que está acontecendo? Por que minha cabeça dói tanto? - queria saber o que estava acontecendo ao certo.

-Filhinha, ai que bom que você está bem, estava muito preocupada. - percebi o tom de desespero de minha mãe. - Apenas relaxe, filha. Estamos no hospital, porque você caiu no chão essa noite, e a primeira coisa que pensei em fazer foi te trazer aqui.

-Havia sangue? - disse intrigada por conta daquela marca. Será que ela tinha jorrado sangue para todos os lados?

-Não filha, você não se cortou em nada para ter sangue.

Olhei para ela confusa, não estava entendendo mais nada. Eu estava louca, não havia outra explicação. Pensei na marca, talvez ela tenha sido algo da minha cabeça, tinha que checar se ela estava em meu braço. Levantei a coberta e lá estava ela, tão forte e marcada quanto antes, dando o ar de graça.

-Então, quando ia me falar que tinha feito uma tatuagem? Queria ter ido junto e feito a minha também, ou pelo menos criado coragem pra pensar em fazer - vi um sorrisinho em seu rosto, parecia estar tentando me animar e distrair. Eu não sabia como explicaria o que realmente tinha acontecido, deixei-a com aquele pensamento.

-Desculpa, mãe... - disse rindo.

-Tudo bem, filha. Mas na próxima eu vou junto, ta me ouvindo mocinha?! - rimos.

Estava de bobeira esperando as enfermeiras me buscarem para fazerem mais exames, mas estavam demorando tanto que eu estava quase me levantando e fazendo eu mesma todos os procedimentos, até porque eu sou formada em 15 temporadas de Grey's Anatomy, sei de muitas coisas.

Enquanto estava voando na minha imaginação uma enfermeira entrou no quarto e chamou minha mãe para conversar, eu estava quase falando "Oi, eu sou maior de idade, pode falar comigo!", mas ninguém ia dar atenção pra uma jovem de 20 anos. Minha moral? Zero!

Só via minha mãe confirmando com a cabeça, logo ela entrou e falou:

-Filha, o hospital está lotado, e como nosso convênio manda termos quartos compartilhados com outros pacientes... - deu uma pausa para limpar a garganta. - Vão colocar um paciente aqui com você. Tudo bem?

Apenas assenti, não ia mudar nada falar não, e outra, ia ter uma companhia para quando meus pais não tivesse aqui. Até porque não tinha como piorar.

Logo após confirmar já trouxeram um maca, com um rapaz semi-deitado mexendo no celular.

Quando virei-me para cumprimentá-lo (sim, eu sou uma boa samaritana), vi seu rosto. Não era possível, o cara do porão estava ao meu lado.

Meu braço começou a doer, e percebi que ele também sentiu aquele desconforto no mesmo lugar, pois foi logo colocando a mão fazendo pressão. Apenas ficamos ali, nos encarando e curtindo a dor em nossos braços.

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