6. O estranho

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Alice

Minha mãe tinha ido para casa tomar um banho e dormir um pouco e eu fiquei lá no hospital encarando ele, analisando cada traço de seu rosto, que estava mais visível devido a claridade que entrava pela janela do hospital. Não sabia o que falar, ia começar a conversa como? "Oi, estranho que invadiu minha casa, obrigando-me a lhe dar uma facada no peito, e que desapareceu na minha frente, tudo bem?" - essa não seria o tipo de conversa que eu gostaria de ter com alguém, até porque não sabia o que foi real, o que foi sonho ou o que loucura.

Comecei a reparar nos detalhes de seu rosto, em seus olhos castanhos, na barba mal feita, no contorno e desenho de suas sobrancelhas grossas e marcantes. Ele era bonito, mas nao fazia meu tipo, além do que, ele era um lunático, fato

Ele não parava de me encarar também, estava me analisando, talvez. O clima ficava cada vez mais tenso, pois nenhum dos dois queria abrir a boca para começar a falar. Então decidi dar o primeiro passo:

-Você me conhece? - ele assentiu com a cabeça - Você estava no meu porão? - novamento assentiu - Então, quer começar a explicar o que aconteceu?

-Como posso começar? Talvez pelo meu nome, prazer Murilo. - disse ele fazendo uma saudação vulcana.

Encarei-o mostrando que não estava ligando para nome e sim para o que tinha acontecido.

-Tá bom, eu lhe explico. - então ele começou a contar a história de um sonho que sempre acontecia e que no final ele acordava em casa, só que desta vez foi real. - E ai eu senti minha tatuagem latejar e quando comecei a sentir pontadas no peito, desmaiei. Acordei aqui no hospital e já estava sendo transferido para esse quarto.

-Você disse tatuagem? - nem esperei sua resposta e já fui continuando -Mostra ela!

-Então, você curte caras tatuados? - senti o tom de brincadeira em sua voz, o que me obrigou a revirar meus olhos e rir.

Ele levantou seu braço mostrando-me o desenho, foi então que eu travei, e ele continuou a falar:

-Eu um dia sonhei com ela, e achei muito daora, então acordei e fui logo desenhando, é totalmente original, só eu tenho... - eu cortei suas palavras mostrando meu braço com aquela nova marca em minha pele. - Não acredito que o Igor vez a minha tatuagem em alguém, sendo que eu pedi pra ser única, vou matar aquele desgraçado.

-Não foi ele quem fez, eu desmaiei ontem com a dor dessa tatuagem se formando em meu braço, e quando acordei ela estava aqui.

Ele estava paralisado, foi então que começou a ter convulsão, que cena horrível foi aquela, as enfermeiras indo para cima dele, segurando seu pescoço e evitando com que ele caísse da maca. Eu estava em choque e só pensei em chorar, mas antes de mais nada, eu vi o espírito do garoto sair de seu corpo, e minha visão ficou turva.

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