10.Corredor

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Alice

Na volta para casa, fiquei olhando para à janela, vendo as gotas da chuva escorrendo pelo vidro, tentando entender à vida, sendo assim um ato falho. Minha mãe percebeu como eu estava incomodada com toda à situação e num ato de carinho, virou para mim e falou:

- O que acha da gente ir comer um lanche?

- Sim - ela me convidou para fazer à coisa que mais gostava nessa vida... COMER.

Depois de comermos, fomos para casa, tinha que arrumar as coisas, amanhã tinha aula, e eu estava louca pra voltar à minha rotina.

Fui dormir com medo de voltar para aquele sonho, mas felizmente, eu deitei no conforto da minha cama, e desmaiei de sono. Quando percebi já era de manhã e tinha que ir para à faculdade, peguei meus cadernos, minhas pipetas e meu Becker, dos quais senti saudades. 

  Meu sonho desde pequena, era ser uma cientista maluca, mas por hora, sou uma estudante maluca, pelo menos uma coisa eu cumpri, o maluca, correndo dos um lado para o outro com materiais e cadernos e livros.

Na faculdade, acabei esbarrando, no caminho para à sala, com minha amiga, a qual insistiu em iniciar uma conversa.

- Miga, você ta bem? Sumiu por 1 semana - disse Lilian, com voz de preocupação.

- Tive uns problemas, acabei parando no hospital, mas agora to bem, e pronta pra ter química aplicada, socorro - dei uma risadinha.

- Então vamos pra aula que estamos atrasadas. - disse ela correndo em direção à porta. Eu à acompanhei na esperança que quando alguém me perguntasse algo, ela já responderia por mim.

  No meio da aula tive que ir ao banheiro, porém, quando estava voltando, senti que algo me observava e com medo não olhei para o trás, apenas continuei. Chegando na porta da sala, cometi o erro de olhar para o corredor, e lá estava o garoto, me encarando, e com uma faca cravada em seu peito coberto dos sangue, sem pensar acabei dando um grito, que fez com que todos os alunos saíssem da sala para ver o que estava acontecendo. Todos me olhavam, eu estava muito vermelha, minhas bochechas queimavam, minhas mãos tremiam e eu suava muito. Apenas entrei em desespero e sai correndo deixando meu material na sala, e indo em direção do banheiro.

Trancada dentro de uma das cabines, comecei à chorar incontrolavelmente, quem estivesse naquele banheiro conseguiria ouvir minha respiração ofegante seguida dos choros, choramingos e gemidos. Eu estava ficando louca, literalmente louca, vendo e ouvindo coisas que não existiam. Sonhos que não eram reais, crianças rindo em cavernas, casinha de baixo de uma mini montanha, garoto que não ficou em meu quarto do hospital. O que estava acontecendo comigo?

Tentei ir me acalmando, chorar naquele momento não adiantaria muita coisa, apenas me causar um nariz entupido, olhos inchados e uma dor de cabeça, que não passaria tão rapidamente. Fiquei olhando à porta da cabine com as pichações, umas eram de meninas xingando à outra, outras eram falando dos meninos mais bonitos da faculdade e dos telefones deles. Uma das pichações me chamou atenção, se referia à um menino chamado Murilo, não devia ser do Murilo imaginário da minha cabeça, coincidências não existem. Antes que meus pensamentos pudessem continuar, ouvi alguém abrindo à porta do banheiro bem devagar. Percebi que seu passo era pesado, e a cada porta das cabines de banheiro que passava ia abrindo devagar. Levantei meus pés para não ficar visível no chão, e controlei minha respiração, que estava ofegante.

Alguns pouco segundos depois, pude ver à sombra da pessoa em frente à minha cabine, à tentativa dela empurrar à porta foi cortada quando alguém abriu à porta com tudo gritando:

- Miga, cadê você? Trouxe suas coisas. Saia da onde você está ou eu quebro à porta - disse ela num tom tentando quebrar aquela situação ruim. Ela sabia que se eu fui para o banheiro depois de sair correndo, e que foi pra chorar.

Demorei pra responder algo, pois só pensava no que havia acontecido ali segundos atrás.

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