capitulo um

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Uma semana depois...

É... O que posso dizer dessa última semana? Depois do enterro do Dan, eu me afastei de todo mundo, não falo mais com meus amigos, nem com o Chris, nem com a minha mãe, a Babi continua sem memoria, sobre os cortes, continuo fazendo, mas escondo, ninguém precisa saber, os meninos tem tentado falar comigo, mas não quero assunto, a morte dele ainda é muito recente, não tem um dia que eu não acorde e me sinta culpada por nunca mais vê-lo, Gabriel foi preso. Hoje levantei decidida a acabar com todas as minhas relações com as pessoas que amo. Não é justo prende-las a mim, não é justo fazê-las esperar por algo que eu nem sei se vai de fato acontecer.
   Tomei banho, coloquei um moletons preto, uma calça jeans e um all star.

Desci e vi minha mãe tomando café no sofá.

- Bom dia! - ela exclamou mas eu não respondi.

Saí de casa e fui até o salão do Gusta. Pedi pra ele pintar de vermelho, assim ele fez, um vermelho bem fogo, e puxou cachos nas pontas. Paguei e fui pro colégio. Assim que entrei todos os olhares vieram pra mim. Bufei e revirei os olhos. Fui até o Chris que estava conversando com a Bruna.

- Chris! - chamei sem expressão no rosto. - Preciso falar contigo!

Virei as costas e sai, ele me seguiu. Fui até o jardim.

- O que quer conversar? - perguntou solidário e pegando na minha mão. Soltei.

- Eu quero terminar! - falei olhando no fundo de seus olhos, com o olhar frio.

- Olha, eu sei que é uma fase difícil, mas deixa eu te ajudar... - o cortei.

- Não quero ajuda, não estou assim porque estou sofrendo, estou assim porque quero!

- Tá feliz assim?

- Nem feliz, nem triste, apenas levando!

- Vai terminar por bobeira?

- Não pode julgar meus sentimentos sem senti-los de fato! - falei ainda sem expressão. Seus olhos marejaram.

- Se é assim que você quer... Mas depois não adianta chorar pelo que perdeu, lágrimas não trazem ninguém de volta! - ele disse.

Sei que ele quis se referir a ele, mas meus pensamentos foram pro Dan. "lágrimas não trazem ninguém de volta"
  Não que eu pensasse que chorando ele iria voltar, mas é uma coisa tão ridícula, chorar por algo que já foi... Como se eu controlasse o que dói e o que deixa de doer...
   Eu perdi mais uma das pessoas que amo, mas é melhor vê-lo longe do que preso a uma pedra de gelo(eu).

Vamos Alexia, para de ser frouxa, você não precisa de ninguém pra viver! - meu subconsciente avisa.

Viver não tá sendo uma das minhas prioridades no momento, até porque não considero que eu esteja vivendo, estou existindo, somente.

Passei o resto das aulas sozinha, reparei no olhar do Chris sobre mim, mas fingi não ver. Não me incomodo com a solidão, ela pelo menos me entende... As pessoas são cheias de sentimentos, uma só confusão... Eu sou ao contrário, estou vazia, igual a solidão. Como se descreve o vazio? Não dá, ou talvez de, o vazio é a coisa mais simples, porque é exatamente nada, isso que eu sinto: nada.
  Não é tão ruim quanto parece, eu simplesmente não me importo. E não ligo de não me importar.

Fui pra casa depois das aulas e sem comer nada o dia todo fui dormir.

- Alex o que está fazendo? - Dan pergunta com os olhos suplicantes.

- Dan? Mas como...? - ele me interrompeu.

- Cadê a menina que eu conheci, a garota pela qual dei minha vida? - perguntou. Lágrimas escorreram por meu rosto.

Eu não sou Marrenta 2Onde histórias criam vida. Descubra agora