Dedicado a marinanalinda7977
Alexia
Enquanto ele falava, eu tentava me manter racional. Um lado meu falava pra eu esquecer tudo e pular nos braços dele. Outro lado falava que meu esforço pra me tornar a pessoa que eu sou - ou era, já nem sei mais - não podia ser em vão e eu não podia me deixar levar. Assim decidi manter um meio termo. Me manterei firme até ele decidir a vida dele, quando isso se resolver, aí eu decido a minha. Quando me virei a lágrima caiu, mas logo tratei de limpar. Sentei novamente ao lado do Bruno quando o delegado apareceu.
- Bem, ao que parece, a menina fugiu, ainda não conseguimos encontrá-la. Estamos fazendo de tudo...
- Tudo? - perguntei irritada. - Vocês tem acesso a toda as câmeras da cidade, se estivessem fazendo tudo estariam olhando cada uma. São policiais, sua obrigação era não deixá-la fugir! Agora poderiam estar interrogando todos que tem ligação com ela, mas não! Estão ai, com as bundas sentadas nas cadeiras, sem fazer absolutamente nada!
- Peço que se acalme, não quero ter que prende-la por desacato a autoridade!
- Exatamente, autoridade! Vocês são AUTORIDADE! Por que ainda estão parados? Vão revistar a cidade... Façam alguma coisa!
- Senhorita!
- Vai me prender? Tem uma assassina lá fora e você vai me prender por falar a verdade? Porque que eu saiba não falei nenhuma mentira aqui!
Ele suspirou e mandou.
- Peguem todas as imagens das últimas vinte e quatro horas de todas as câmeras da cidade, quero patrulha procurando essa menina em toda a cidade. Me ouviram bem? - todos assentiram.
Bruno sorriu pra mim e eu retribui.
- Vamos tomar um café? - sugeri a ele. Chris entrou na delegacia novamente.
- Vamos! - saimos dali e fomos até a cafeteria da delegacia, fizemos os pedidos e nos sentamos.
- Sinto muito pelo o que aconteceu com ela! - falei.
- Esse ano todo, eu pensei que havia me enganado em relação a ela. Me perguntava todas as noites como fui capaz de amar alguém assim é ficava com vergonha quando me lembravam... E agora, descobrir que ela era tão vítima quanto a gente e ainda se sacrificou por mim e tentou nos ajudar... Só o que eu queria é ter o orgulho de falar que ela é minha namorada e ter a chance de dizer que a amo só mais uma vez... - vi uma lágrima escorrer por seu rosto.
- Você pode dizer, ela não tá longe... Ela vive em seu coração e se você não deixa-la morrer, vai continuar aí pro resto da sua vida. Só depende de você! Sei que é difícil perder alguém que amamos, da vontade de correr o mais longe possível... Porque parece que se formos para outro lugar ela(e) vai estar lá, nos esperando e sorrindo. Mas não vai, é duro aceitar a verdade e pior ainda é ter que encara-la. Fugir não adianta, acredita em mim, eu tô de prova... Tentei fugir de mim, de meus sentimentos, mas não consegui. Agora tô aqui, mais frágil que nunca é pronta pra te ajudar a se manter de pé. É o mínimo que eu posso fazer!
- Pelo menos uma coisa boa tem nessa história toda! - ele disse rindo leve.
- O que?
- Recuperamos você! Era tudo o que eu quis por meses e nem caiu a ficha que já consegui! - eu ri vagamente e segurei sua mão em cima da mesa.
- Não vou mais embora!
Entregaram nosso café, logo minha mãe apareceu, os pais do Bruno também.
- Vão mesmo prender ela? - o pai dele perguntou.
- Assim que a acharmos! - o delegado respondeu.
- Minha filha... Nunca pensei que ela faria isso! - a mãe do Bruno respondeu.
- Aquela lá sempre foi uma cobra e eu... - a mãe do Bruno disse isso? "Minha filha"? - Pera... como disse?
- Como assim?
- Você disse mesmo "Minha filha"?
- Disse!
Arregalei os olhos, ela era apaixonada pelo irmão? Agora faz sentido... Ela nunca poderia dar em cima dele, por isso ele nunca notou ela e ela devia achar que como ele não podia ficar com ela, não tinha que ficar com a amiga dela e com ninguém por ser irmã devia achar que tinha esse direito.
- Essa garota é louca! - declarei.
- Do que tá falando?
- Sua filha, era apaixonada pelo seu filho e matou a Evellyn por isso! Então, ela é louca! Por que não me disse que ela era sua irmã? - perguntei pro Bruno.
- Vergonha!
- Chris, acho melhor me deixar em casa, não to me sentindo bem! - ela disse.
- Deve ter engolido o próprio veneno! - falei. - Toma aquele soro, dizem que funciona...
- Não se mete tá minha querida? Você não tem mais nada a ver com a nossa vida!
- Querida não, odeio falsidade! Se eu não tenho nada a ver com a vida de vocês por que está aqui? Afinal tudo isso começou por mim...
- Porque eu sou livre pra estar onde eu quiser!
- Mas você não tem nada a ver com a minha vida... - repeti suas palavras. - Já sei, é instinto de fofoqueira! Entendo, você tem vocação pra jornalista e artista também!
- E você tem vocação pra... Ah é, pra nada!
- Tenho vocação pra ser o amor da vida do seu namorado! - falei cinica e pisquei pra ela. A mesma transbordou de raiva e veio pra cima de mim.
Na hora que ela levantou a mão pra me bater, a recebi com um soco no nariz. Ela veio de novo, dei um chute em seu estômago e ela tossiu. Veio de novo, a puxei rodopiando a fazendo ficar de costas pra mim, envolvi um braço em seu pescoço, segurando meu cotovelo do outro braço, apertei a enforcando.
Vieram separar, ela me olhava com ódio e eu sorri.- Desculpe, tenho mais o que fazer da vida. Não tenho tempo pra te odiar! - declarei.
- Alex! - Chris me chamou.
- Já conversamos, resolva sua vida e aí resolvemos nós dois!
- Então ainda existe nós dois?
- Nunca deixou de existir! - falei e sai dali.
Eu cansei de fingir não sentir, isso machuca. Não quero mais me machucar! Vou viver a vida ao limite e explodir de sentimentos, sejam eles bons ou ruins. Porque isso sim é viver, é aceitar a vida como ela é.
Então eu não quero ser essa garota fria, quer sentir, quero amar... Quero ele de volta!Me peguei sorrindo feito boba no caminho de casa.
Sim, eu o amo e não tenho dúvidas disso. Apesar de tudo o que eu fiz pra matar esse amor ele sobreviveu no coração de nós dois. Entao pra que reprimir? Não vou errar de novo, farei o que tiver vontade. Minha vontade agora é ele, é meus amigos, é minha vida. Porque não importa o quanto doa estar vivo, tem que aproveitar, porque quando morrer não terá mais essa chance.
Suspirei.
- Você suspirou? - minha mãe me perguntou.
- Não! - neguei tentando esconder o sorrisinho bobo.
- Que bom que apesar de tudo está feliz e apaixonada... Sei que não fui uma mãe boa pra você, mas prometo mudar e fazer de tudo pra te ver assim. Com esse sorriso fácil no rosto.
- Eu te amo, mãe! - uma lágrima escorreu por sua bochecha ao ouvir. Ela pegou minha mão e a beijou sem tirar os olhos da estrada.
- Eu te amo, filha!
Nunca me senti tão bem...
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Eu não sou Marrenta 2
Teen FictionAlexia✓ Minha vida perdeu o sentido, o que vou fazer sem ele? como seguir em frente? Meu melhor amigo, meu irmão, uma das pessoas mais importantes da minha vida se foi, se foi sem mim... se foi por mim. como lidar com a culpa? como acordar todos...