Eu odeio despedidas, prefiro ir sem falar nada com ninguém, despedidas são sempre tristes, talvez seja uma atitude de covarde, mas prefiro sair sem sofrer...
Quando ele me soltou, me olhou no fundo dos olhos, intensamente, esperando alguma pista do eu anterior... E ele tava quase conseguindo, mas não posso me permitir sofrer tudo de novo, não aguento toda a dor misturada com a explosão de sentimentos que vivia em mim.
O empurrei de leve e sai dali correndo sem falar nada... E a última vez que eu vi o amor da minha vida foi o decepcionando, mais uma vez...Fui pra casa e entrei no meu quarto o mais rápido possível pra as lágrimas não caírem lá fora... É como se nesse quarto as paredes fossem minhas cumplices, me sinto segura, não me importo de chorar aqui... As lágrimas começaram a cair sem controle, corri pro meu banheiro e peguei minha lâmina... A cada corte o fluxo de lágrimas diminuíam, a dor física era muito menor e mais fácil de suportar do que a dor emocional. Lavei meu braço e vesti um moletom.
Fiz minhas malas, viajaria amanhã de manha, assim que terminei sentei na cama, pensando em como minha vida mudou de uns tempos pra ca... Eu encontrei meu pai, fiz amigos, namorei, vivi... Mas no final, tudo se foi, não me dei bem com meu pai, perdi meu irmão, me afastei dos amigos e do namorado, machuquei muitos deles e olha que ironia, a única pessoa que eu não me dei bem, vai me levar pra outro país, longe de tudo, longe das lembranças... Boas ou ruins...
Mas isso não é justo, meus "amigos" merecem pelo menos uma explicação, mas não pessoalmente, se não adeus Alex futura.
Fui até minha escrivaninha e peguei uma folha de papel e uma caneta.
Eu escrevia e apagava, nada ficava bom o suficiente... Até que consegui. Mandei mensagem pro Chris e pro Bruno me encontrarem amanhã no aeroporto cinco minutos depois que me voo decolar, mas eles não sabem disso...Botei meu pijama e fui dormir.
De manhã acordei com a minha mãe me chamando, assenti e fui tomar banho. Coloquei um moletom cinza, uma calça legging preta e um tênis cinza. Fomos pro aeroporto sem falar nada. Assim que chegamos sentamos esperando chamarem.- Mãe, preciso falar com você! - falei.
Fomos pra um canto longe do Alexandre.
- Fala!
- Os meninos vão vir aqui, preciso que você entregue isso a eles! - falei a entregando a carta. - Mas sem abrir! - ela concordou.
Uns três minutos depois chamaram meu voo, me despedi brevemente da minha mãe e entrei no avião com o Alexandre.
Até sei lá quando Canadá... Olá nova eu!
Chris P.O.V
Cheguei no aeroporto com o Bruno no exato momento que ela marcou. Rodei os olhos pelo local e não a encontrei, mas vi sua mãe vindo até nós, corremos até ela.
- Cadê ela? - Bruno perguntou. Ela nos olhou triste.
- Ela pediu pra entregar isso pra vocês! - falou me entregando uma carta e saiu. Sentamos nas cadeiras de espera e eu abri a carta.
Hey pessoal,
Sou eu, a Alex, a verdadeira Alex, acho que vocês merecem uma explicação pra tudo que eu fiz e estou fazendo...
Bom, não é tão fácil de explicar, e eu não consigo fazer isso sem chorar, mas não tem problema...
Depois que perdi o Dan, o mundo mudou a cor diante dos meus olhos, ele é uma pessoa muito importante pra mim, me ajudou em momentos que sem ele eu teria me perdido... quando ele morreu, em meus braços, por um tiro que era pra mim, a dor de perder ele multiplicou por mil, só de acordar todo dia e pensar que eu não iria mas ver ele por minha própria culpa... Era o meu próprio inferno. E a cada noite, era mais uma vez que eu morria, mas morria por dentro...
Quer dizer... Quando ele morreu, levou parte de mim junto e a outra parte foi morrendo aos poucos toda noite.
Eu sei que vocês não tem nada haver com isso, mas eu não suportaria perder mais algum de vocês, e carregar mais culpa ainda... Então pensei, se eles não estiverem ligados a mim, não correrão perigo. Porque eu quebro tudo que toco, não aguentaria quebrar vocês...
Sim, tinha tudo pra dar certo... Mas era eu, então obviamente deu errado...
Eu amo muito, todos vocês, mas vai ser melhor assim, pra vocês e pra mim.Chris, eu jamais irei esquecer você, não importa o quanto eu mude, você é especial pra mim, e mesmo que não seja do jeito que você queira, talvez não sendo a mesma menina pela qual você se apaixonou, eu vou voltar, vou voltar pra vocês! Mas não peço que me espere, pode levar muito tempo, ou pouco...
Com amor,
Alexia Parks.Lágrimas desviam por meu rosto, como ela pode ter ido embora e jogar uma bomba dessas em nossos braços?
Entreguei a carta pro Bruno, que quanto mais lia, mais seu olho marejava até ele começar a chorar e me entregou a maldita carta.- Temos que ir atrás dela! - ele disse.
- Não cara, a gente tem que respeitar o espaço dela, não podemos fazer nada agora, só depende dela...
Alexia P.V.O
Tirei o chip do meu celular, se eles mandassem alguma mensagem eu não iria receber, sendo assim... Sem risco de recaída.
Pousamos no Brasil, pegamos um táxi e fomos pra casa dele, que agora é minha casa... Ficamos sem trocar uma palavra.
- Seu quarto é lá em cima, segunda porta a esquerda! - falou.
Assenti e subi com as malas. É estranho saber que perdi tudo, estou longe de todos... Peguei meu celular é meu fone de ouvido e fui pra rua.
Estava de noite, eu passava por uma estação de metrô, quando vi um grupo de adolescentes pichando o muro do metrô. Me aproximei e fiquei olhando, até que um deles me vê, se assusta e aponta uma arma pra mim... Um calafrio percorre minhas costas ao lembrar que foi assim que perdi ele, mas fico parada.
- É da polícia? - ele perguntou.
- Tenho cara de ser da polícia? - revirei os olhos. Todos os outros já nos olhavam.
- Abusada... - exclamou. - Gostei!
Todos voltaram ao que estavam fazendo e ele veio até mim.
- Sou Max! - se apresentou me estendendo a mão.
- Legal! - falei sem interesse e não apertei a mão dele.
- Sabe desenhar garota mistério? - ele perguntou sorrindo.
- Claro!
- Vem!
Ele me puxou pra perto do pessoal, me deu um spray de tinta e levantou as sobrancelhas. Comecei a fazer um coração partido, com as duas metades separadas, um abismo entre as duas partes. Quando acabei ele me olhou.
- Um coração partido, cuja as duas partes foram separadas pela escuridão! - expliquei.
- Profundo! - falou. - Qual seu nome garota mistério?
- Não te interessa, Max!
Max tinha cabelos pretos e olhos verdes esmeraldas, o corpo era bem definido e usava roupas do estilo emo.
- Um dia ainda vou descobrir... - falou.
- Ou vai morrer tentando! - falei saindo.
- Nos encontra aqui amanhã no mesmo horário!? - pediu alto pra que eu ouvisse.
Sinto que se me meter com eles vou me dar mal, não sei de que jeito... Mas não vou saber nunca se não tentar.
Entrei em casa e o Alexandre nem estava, subi pro meu quarto e me tranquei por lá. Minutos depois deitei e dormi.Chris P.O.V
Cheguei em casa destruído, totalmente abalado... Eu sei que o Dan foi e é uma pessoa muito importante pra ela, mas não é só ela que tá sofrendo, todos nós gostávamos muito dele, e mesmo sofrendo só queríamos ajudá-la.
E por mais que devesse, não consigo ficar com raiva de ela ter feito isso tudo, eu a amo, vou fazer tudo pra ter a minha Alex de volta... Não aceito perde-la sem lutar.Subi pro meu quarto, sentei na minha cama e fiquei mexendo no celular, enquanto decidia se mandava mensagem pra ela ou não. A Mel entra.
- Irmão! - a olhei. - Quando a Alex vai vir aqui de novo? Tô com saudade dela!
Isso acabou comigo, como vou explicar pra uma criança que eu não tô mais namorando com ela, porque o melhor amigo dela morreu pra salva-la, ela se sentiu culpada e se afastou de todos?
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Tenso...
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Eu não sou Marrenta 2
Teen FictionAlexia✓ Minha vida perdeu o sentido, o que vou fazer sem ele? como seguir em frente? Meu melhor amigo, meu irmão, uma das pessoas mais importantes da minha vida se foi, se foi sem mim... se foi por mim. como lidar com a culpa? como acordar todos...