Capítulo 4

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 Foram necessários três dias para que eu já me sentisse em casa. Era uma noite de quarta-feira, ou seja, dia de festa. Eram 20h e lá estava eu, prontíssimo pra sair; vesti uma roupa confortável, porém estilosa; basicamente um moletom que eu chamava de "moletom foda", e tênis não vomitados, mas claro, eu já estava preparado para qualquer tipo de líquido que viesse a cair nos meus tênis.

Eu e Jamel descemos e nos encontramos com Jimmie na porta do edifício de dormitórios. Seguimos para o Jardim vermelho; eu diria que aquele lugar é um point fajuto com alta concentração de drogas, sexo, bebida e garotas bonitas; mas é claro, ninguém sabia daquele lugar, e se alguém quisesse se embebedar ou praticar algum dos outros atos ilícitos em outros dias em que não houvessem festas propriamente autorizadas pela diretoria institucional, estaria um tanto quanto encrencado.

Kat estava radiante, como sempre, e incrivelmente sóbria, já Pandora era o total oposto; ela adorava tudo aquilo, dizia que se fosse para estar sóbrio em uma festa, era melhor que tirasse um cochilo ou bebesse um chá de camomila. Jimmie estava de olho em algumas garotas que cursavam psicologia, portanto, logo se foi, arrastando Jamel consigo; e Kat namorava um cara da turma de Matemática, o que me fez o protetor oficial da Pandora, que resumidamente em algumas palavras me torna o encarregado de uma bebum.

Quando todos sumiram de vista, me deparei sozinho, encarando Pandora, que dançava de um jeito completamente bizarro. Ouvi uma pequena algazarra vindo do canto do jardim, me virei e acabei por ver uns idiotas bêbados discutindo, quando voltei meu olhar para onde estava Pandora, lá estava ela, andando para dentro do jardim, uma parte na qual eu ainda não havia visitado. Corri atrás dela, por medo de que algo ruim acontecesse.

- Pan! Onde você vai? - Corri até alcançar ela.

-Você se preocupa muito Novato! - Riu e atravessou uma pequena ponte.

-Claro que me preocupo, você está fora de si.

-Ei Greg, eu não tô completamente bêbada. Na verdade eu nunca fico; bom, exceto a vez que vomitei nos seus tênis. É só para a Kat achar que eu só faço merda bêbada. - Riu.

-Então por que a Kat se preocupa tanto em te vigiar? - Arqueei uma sobrancelha.

-Já fiz algumas merdas Novato, quem nunca fez? - Sentou-se na beirada de um pequeno rio sob a ponte.

-Nunca fiz merda. Me arrependo, às vezes, de parecer um tanto quanto certinho. - Dei ombros.

Ela me encarou e, novamente pude ver seus olhos, que eram incrivelmente lindos e únicos.
-Você precisa fazer algo consideravelmente errado Greg! Eu tenho que te condenar ao inferno, não posso ir pra lá sozinha!

-Você não vai pro inferno, Pandora. - Ri.

-Mas, por garantia, você vai danificar seus pulmões agora. - Disse ela, retirando do bolso e acendendo um baseado. Tragou e me entregou.

-Não vou fumar isso! - Virei o rosto para ela.

-Greg, você tem somente uma vida, tem que aproveitar ela da melhor forma, experimentar de tudo; desde um legume ruim até um baseadinho. - Disse ela, num monólogo perfeito, finalizando com uma voz fofa.

Revirei os olhos, suspirando, e peguei o baseado. Traguei e logo tive um pré falecimento, de tanto tossir, mesmo assim, continuei. Olhei para Pandora, que me observava firmemente.

-Hm, me explica essa parada do seu olho.

-Ah, se chama heterocromia. - Deu ombros e afastou uma mecha de cabelo do rosto.

-É bem legal. - Falei, deitando-me no chão.

-Sim, agora parece legal, mas não foi assim há alguns anos.- Deitou-se ao meu lado e suspirou.

-É, você realmente devia sofrer por ter olhos duplamente lindos. -Revirei os olhos e ri.

-Não é nada legal ser chamada de monstro. - Me encarou. - E minha mãe dizia que o olho verde é bem mais bonito que o castanho, mas eu não acho isso. - Suspirou - Mas enfim, moletom legal!

-É meu moletom foda... Eu diria que é um imã de vadias.

-É, parece que funciona, eu estou aqui. - Riu.

Depois de um tempo de conversa eu comecei a ficar zonzo, e, novamente, não me lembrei de mais nada.   

P.A.N.D.O.R.A (Completa)Onde histórias criam vida. Descubra agora