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Narração por Gael. 

Eu estava gostando da companhia da Luna. Minha mãe e o João iriam sair, então chamei a Luna pra sair também. Não iria ficar no tédio e preso dentro de casa né? 

Eu e a Luna andamos pelas ruas, então resolvemos parar em um bar pra comer. Pedi uma cerveja e ela um suco de laranja com acerola. Logo também chegou umas porções que pedimos. 

—Que maravilha, vou comer. –Ela disse com os olhos brilhando pra comida. 
—Pra onde que vai toda essa comida? –Perguntei rindo. 
—Eu faço academia. Mas nas férias eu vou comer tudo o que eu puder, depois vou me controlar. –Ela disse. 
—Não precisa de dieta. –Falei e dei um gole na minha cerveja. 
—É só pra manter o corpo saudável e não pra emagrecer. 
—Ah bom. 
—Mas e ai, me fala de você e da sua família. –Ela perguntou. 
—Pra quê quer saber? –Eu não sou fã de falar da minha família, na verdade não falo isso com ninguém e ninguém pergunta também. 
—Ué. –Ela ficou sem graça-. Deixa. 
—Foi mal, mas não gosto de falar. 
—Tudo bem. –Ela sorriu sem graça. 
—Caio Belucce, quem é? –Perguntei lembrando do comentário na nossa foto. 
—Meu irmão mais velho, ele mora com a minha mãe na Itália. –Ela respondeu facilmente, mas estava olhando para o seu suco e o mexendo com o canudo. 
—Ah sim, por que não mora com a sua mãe? 
—Por que eu tenho que responder sobre a minha família e você não? –Ela me olhou diretamente e eu torci os lábios. 
—Porque quem manda nessa conversa sou eu. –Sorri convencidamente. 
—Você não manda nem no seu pinto. –Ela rolou os olhos. 
—Até parece, mas responde. Outro dia falo da minha família.
—Depois que meus pais se separaram, minha mãe foi sozinha para Itália. Ai depois que meu irmão terminou a faculdade foi morar junto com ela. E eu fiquei, não achei justo deixar meu pai sozinho. Meus pais terminaram numa boa, apesar da Itália ser encantadora, meu lugar é aqui no Brasil. 
—É bom ter você aqui no Brasil. –Sorri e ela deu um sorriso tímido lindo. 

Logo depois mudamos de assunto para coisas da faculdade, comemos, bebemos. Ela só resmungou de eu está fumando, então só fumei três e fiquei de boa. 

Fomos embora quase 2 horas da manhã, mas estávamos sem sono. A Luna foi colocar seu pijama e eu fui tomar um banho. 
Tomei um banho rapidinho, coloquei um short de dormir e uma camiseta. Desci às escadas e a Luna estava vendo TV. Ela estava deitada no sofá, sentei no mesmo sofá que ela e coloquei suas pernas em cima da minha perna. 
Fiquei mexendo no meu celular, conversando com umas minas bem gostosas. 

—Minha mãe e seu pai já chegaram? –Perguntei. 
—Já sim, estão dormindo. –Ela respondeu. Com uma mão mexia no celular e com a outra fazia massagem nos pés da Luna. 

Abri no Facebook da Luna e fui ver suas fotos. Ela havia postado uma foto mais cedo antes de ir pra praia só de bíquini. Havia um monte de curtidas e uns comentários. O que chamou atenção foi de um tal Hugo. 
“Minha Luna gostosa” —Hugo Martins. 
Não sabia que a Luna era de alguém. Então resolvi cutucar a onça com vara curta. 

—Hmmmm ta com namoradinho é Luna? –Falei rindo e zoando ela. 
—O que? –Ela me olhou assustada-. Está falando do que? 
—Um tal de Hugo comentou na sua foto: “Minha Luna gostosa”. –Falei. 
—Mentira! Deixa eu ver isso. –Ela sentou no sofá em um salto, pegou meu cel e olhou. Ela rolou os olhos e pegou seu celular-. Vou excluir o comentário desse babaca agora, rídiculo, escroto.
—Ui, arrasando corações! –Zoei. 
—Não tem graça, Gustavo. –Ela falou e me olhou séria. Senti que esse Hugo havia aprontado com ela. Ela mexeu no seu celular rapidinho e depois o largou de lado. 
—Ele te fez alguma coisa foi? –Perguntei. 
—Fez. –Ela respondeu seca e deitou de novo. 
—Desculpa, não brinco mais sobre. 
—Faz bem. –Como eu estava curioso pra saber sobre esse tal Hugo, fui cutucar a onça mais um pouquinho. Deitei do lado dela no sofá, a abracei de lado. 
—Fala desse cara ai, qualquer coisa eu arrebento ele. –Falei. 
—Não acha que esse sofá é estreito demais pra nós dois? 
—Eu achei ele ótimo. –Ri. 
—Não tem nada sobre ele pra você saber. –Ela disse sobre o Hugo. 
—Ele foi um dos seus namorados é? 
—Foi, Gael. Oxe, pra quê essa curiosidade? 
—Porque você ficou bem boladinha e eu sou muito curioso. 
—A curiosidade matou o gato. 
—Miau. –Ri-. Me conta anda. –A sacudi pedindo pra ela contar. 
—Aff Gustavo, para. –Ela pediu e rolou os olhos-. Eu e ele namoramos sim, foi meu último namorado. 
—E terminou mal? –Perguntei. 
—Ele só me usou ué, então claro, eu sai machucada. –Ela falou um pouco irritada. Desligou a TV e ficamos em silêncio. Ela se ajeitou no sofá e virou pra mim. Ficamos tão pertinhos, sentia a respiração dela fazer cócegas no meu rosto. Ela deitou no meu braço. 
—Guarda segredo? –Ela perguntou. 
—Guardo. –Fui sincero. 
—Todo mundo que me pergunta eu digo que sou virgem, mas na verdade eu não sou. Até o Lipe e a Maia acham que eu sou virgem. Mas é que eu perdi com esse Hugo. Que raiva, eu fui tão estúpida. –Ela disse irritada.
—Ei? Relaxa. –Fiz carinho em sua bochecha-. Certeza que esse cara foi um imbecil contigo. 
—Ele era ou é ainda amigo do meu irmão, bem antes dos meus pais se separarem eu tinha uns 16 anos e um precípicio pelo Hugo. Mania de adolescente achar que vai pegar homem “mais velho” safado e mudá-lo. Achar que declaração, cartinha, florzinhas, roubar beijinhos é amor. E começamos a ficar escondido do meu irmão. Ele dizia que me amava, que confiava em mim, que eu era a mina da vida dele. Mas eu era bobinha, todo final de semana ele aparecia aqui em casa e ia pra farra com meu irmão. Dizendo que tinha que manter a pose e eu otária acreditava que ele não pegava ninguém. Eu nunca gostei de sair, nunca tive amigos, então ninguém nunca me contou que eu era traída. Ai comecei a cobrar dele, pra pelo menos a gente passar um final de semana juntos, pra irmos em algum shopping longe de casa. E ele não gostou, disse que eu estava o irritando, pressionando e ele iria acabar com tudo. Então eu implorei pra ele não me deixar e ele então me pediu uma porra de prova de amor. E sabe o que eu fiz? Fui lá e dei. –Ela falou tudo sentindo raiva. Mas não parecia ser só raiva do Hugo, mas dela também-. A coisa mais rídicula que já fiz em toda minha vida. –Sua voz estava pesada e parecia que ela iria chorar. Apenas a abracei forte. 
—Todo mundo comete erros, morena. Você é linda pra caramba, eu entendo que você queira esquecer que você fez sexo com aquele cara. E do jeito que ele comentou sua foto, era como se ele te visse como uma cachorra. Coisa que você não é e nunca vai ser de homem nenhum. Você vai encontrar um homem de verdade, que te trate bem, que não te trate assim feito lixo e te faça de idiota. 
—Eu não sinto mais vontade de me envolver com homem nenhum e nem com ninguém. –Ela desabafou. 
—Não diz isso, às vezes o homem da sua vida está bem na sua cara e você está deixando passar por conta desse filho da puta. E outra coisa, seu segredo está bem guardado comigo. E se um dia você for fazer de novo, conta para o seu namorado em questão, ele com certeza vai te entender. Você não precisa ter vergonha de dizer que perdeu a virgindade, mesmo que você não tenha gostado. 
—Obrigado, Gael. Até que você não é um irmão tão mal. –Ele me deu uns beijos na bochecha.

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