68

26.9K 1.5K 314
                                    

Narração por Luna. 

Até quando o Hugo atormentaria minha vida? Quando eu pensei que ele nunca mais retornaria, ele reaparece e me amedronta pela primeira vez. Na segunda, na boate, me dopa e me arrasta para dentro de um carro. Onde graças a Deus, se meu irmão não chega a tempo eu não saberia o que seria de mim. O Hugo tornou-se um homem sem valores, de caráter duvidoso. Ao acordar no hospital com todos aqueles olhares preocupados sobre mim, apenas um nome veio a minha cabeça: Gael. 

Na boate eu queria mostrar pra ele que não sentia sua falta, que estava bem e seguindo em frente. Que meu coração havia se congelado e jamais tornaria bater por ele. Ao dançar e beber, eu queria que ele me visse bem e feliz. Eu fiquei com aquele homem e vi o olhar de decepção do Gael. Eu queria machucá-lo, ferí-lo. Queria que ele se sentisse como eu me senti ao vê-lo na cama com a Raíssa. Eu agi sim feito uma adolescente burra, depois que o Gael foi embora, eu estrapolei na bebida. Nunca havia bebido, então fiquei bêbada logo. A maior vergonha da minha vida. E eu nunca mais irei beber, foi por ter bebido que eu fiquei mais desinibida e a Emilly pensou que fosse qualquer cara tentando ficar comigo, mas na verdade era o Hugo me levando para ser estuprada. Não culpo a Emilly e jamais faria isso, qualquer pessoa que viu o Hugo chegando em mim pensaria que ele fosse qualquer um que me achou bonitinha e tentou ficar comigo. 

Em casa, meu pai passou o dia me mimando com a Déia. Eu entendi que eles estavam preocupados comigo, mas eu não sou mais criança. O que eu quero mesmo é colocar o Hugo atrás das grades e seguir a minha vida. É ser pela Luna e viver pela Luna. Recomeçar minha vida. E como sempre, meu pai ligou para a minha mãe contando tudo e ela de tarde me ligou. 

Início da Ligação 
“Oi mãe” —Luna. 
“Oi filha, como você está?” —Clarissa. 
“Estou bem, mãe. E você?” —Luna. 
“Bem? Seu pai me falou que um cara...” —Clarissa. 
“Mãe, eu estou bem. Se acalma, o Hugo não vai ter mais coragem de chegar perto de mim. Me contaram que o Caio acabou com ele” —Luna.
“Eu quero esse cara preso. Entendeu filha?” —Clarissa. 
“Tenho certeza que meu pai vai fazer o possível” —Luna. 
“Poxa filha, por que você não vem morar com a mamãe? A gente vai sair, eu vou cuidar de você, te dar mais atenção. Vai ficar longe dessas caras que só te machucam ai no Brasil. Estou com saudades de você” —Clarissa. 
“Mãe, olha, eu amo a senhora. Minha faculdade é aqui, minha vida está toda aqui, meus amigos estão aqui e eu não quero ter que recomeçar de uma maneira tão radical. Eu só quero botar um ponto final nessa parte e seguir em frente” —Luna. 
“Segue em frente comigo na Itália. Aqui tem tantos lugares lindos, você poderá fazer novas amizades e conhecer novos homens” —Clarissa. 
“Eu não quero um novo homem e não quero novas amizades” —Luna. 
“Tudo bem, não vou insistir” —Clarissa. 
“Ok mãe” —Luna. 
“Eu vou desligar ok? Ligo amanhã” —Clarissa. 
“Tudo bem, tchau mãe, te amo” —Luna. 
“Te amo, filha” —Clarissa. 
Fim da Ligação 

Essa história de ir morar na Itália não iria dar certo, conheço minha mãe e eu ficaria sozinha na casa dela. Eu não quero abandonar ninguém, não quero morar em outro lugar, quero ficar na minha casa, terminar minha faculdade, construir minha carreira e seguir minha vida.

Cobri-me com meu edredom e fiquei olhando minha foto de bloqueio, ainda estava a foto do Gael. Coração é bobo mesmo né? Por mais que existam mil problemas, mil brigas, se você ama a pessoa, não tem jeito. Apesar de amá-lo muito, meu coração ainda estava ferido e eu não voltaria para o Gael. Iria seguir em frente e ponto final.

Narração por Gael. 

N

unca pensei que amar alguém fosse doer tanto, mas se a Luna não queria mais eu não iria insistir. A madrugada chegou silenciosa, mas eu estava sem sono. Sentei na minha cama e fiquei olhando para uma foto minha com meu pai. Eu queria dar um rumo para a minha vida, queria fazer algo que minha mãe se orgulhasse de mim e que desse motivo de alegria na minha família.

MIL RAZÕES (F!)Onde histórias criam vida. Descubra agora