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Narração por Gael. 

Minha vida era aquela empresa e dar alegria e satisfação para os meus empregados. Aos poucos o meu negócio estava crescendo. A empresa do meu pai já tinha corpo e alma. Minha mãe que desacreditava que eu conseguiria, viu que eu tinha potencial. 

Nesses anos eu aprendi tanto com a vida, as coisas mudaram tanto pra mim. Eu me sentia mais honrado, mais homem. Me sentia mais Gustavo e menos Gael. Outros momentos me sentia mais Gael e menos Luna. 
Sim, eu ainda pensava nela. Todos os dias da minha vida, ao acordar, ao dormir, ao comer, ao ir ao BK... Ela estava lá na minha memória. A vida foi tomando uma forma tão inesperada que meus planos foram se acumulando, exigindo mais de mim e eu não estava pronto ainda para ter a Luna. E quando estaria? Eu estava inseguro, triste ao saber que os sentimentos dela por mim havia morrido no passado. Disso eu tinha quase certeza, só meu coração que não entendia. 

Não vou mentir dizendo que não fiquei com ninguém nesse período, mas não foi nenhuma mulher que tenha passado mais de dois dias comigo. Eu não queria me envolver seriamente com uma mulher sabendo que meus sentimentos por ela seriam vazios. 

Estava atolado de papéis da empresa, tentando organizá-los quando ouvi batidas na porta da minha sala. 

Gael: Entra ai. –A porta se abriu e quem entrou foi o Bruno. 
Bruno: E ai fera. 
Gael: E ai cara. –Levantei e fiz um toque de mãos com ele-. Chegou quando de Madri? 
Bruno: Cheguei ontem. 
Gael: Caraca o moleque está importante ein. 
Bruno: E você ein? Está tudo lindo, gostando de ver. 
Gael: Sério mesmo? –Sorri. 
Bruno: Claro. Mas oh, não vim aqui pra te elogiar. 
Gael: Nossa seu otário.
Bruno: Sossega, vim aqui porque eu e a Íris estamos marcando de fazer um reeencontro da galera em uma chopperia. 
Gael: E já falou com quem? 
Bruno: Só contigo, não encontro o viadinho do Felipe. 
Gael: Ih cara. –Ri-. O Felipe está trabalho feito condenado, mas liga pra ele. 
Bruno: Vou ter que ligar. Mas antes tenho que te fazer uma pergunta. –Ele mudou de tom pra mais sério. Enconstei na mesa e o encarei. 
Gael: Qual pergunta? 
Bruno: Está tudo bem se a Luna for não é? 
Gael: Claro que está. –Ri meio nervoso-. Crente que era algo sério. 
Bruno: Vish, então está fechado. Domingo agora? 
Gael: Domingueira, isso ai. 
Bruno: Beleza então. Agora eu vou atrás do doutor Felipe. 
Gael: Vai lá viado, vê se aparece. 
Bruno: Gente velha é chatão. 
Gael: Porra nem fala. –O levei até a saída e depois voltei pra minha sala. 
Sentia-me ansioso com essa saída para a chopperia.

Parecia que eu tinha 16 anos de novo e com as mãos suadas. Como será que ela está? Será que ela vai? Com qual roupa ela vai? Será que ela já namora? Será que vamos poder conversar? São perguntas que rodearam minha mente de uma forma absurda. 

Eu nem consegui trabalhar mais. Sai pra ir resolver um problema em uma das lojas com uma peça e fiquei preso lá o dia inteiro. As meninas que trabalhavam ali dava uma vontade de rir só de vê-las olhando para mim como se eu fosse um dia querer elas.

Não que não fossem atraentes ou tivessem um bom caráter. Mas agora eu estava mais tranquilo, tendo uma vida menos agitada e mais focada no que eu quero para o meu futuro. Eu queria construir minha carreira, um dia construir minha família também. 
Mas enquanto o sonho da família não se realiza é melhor ficar sozinho com um rolo o outro não é?

Os dias pareciam que tinham 48 horas, porque não passava de jeito algum. Eu estava louco de ansiedade para que chegasse logo domingo. Sábado então passou se arrastando, eu fiz um monte de coisa, resolvi vários problemas e mesmo assim nada passava. 

No domingo eu já acordei animadão. Tomei uma vitamina e fui correr na beira da praia. Cheguei em casa por volta das 11 horas, tomei um banho e fui preparar meu almoço. Depois que eu terminei a faculdade e entrou uma grana legal na empresa, eu sai do apartamento. O Bruno também se juntou pra morar com a Íris e o Felipe como ainda não tinha terminado a faculdade, ficou lá no apartamento sozinho e está morando lá até hoje. 

Fiz um almoço simples, não estava nem com fome direito. A empregada não ficava aqui no final de semana. 
Depois de almoçar, fui dar uma volta no shopping. Acabei comprando uma camisa nova, tinha que ficar no estilo pra ver a Luna não é? Mas mesmo assim às horas não passavam de jeito nenhum e havíamos marcado na chopperia 20 horas. 

Agradeci a Deus quando no relógio bateu 19 horas. Fui para o meu quarto, tomei um banho de 20 minutos, sequei-me e enrolei a toalha na minha cintura. Ajeitei minha barba, escovei os dentes, passei desodorante e hidratante. Sai do banheiro, coloquei a blusa nova que comprei em cima da cama e peguei uma calça jeans no guarda-roupa de lavagem clara. Vesti-me, caprichei no perfume e ajeitei meu cabelo. Mandei mensagem para o Bruno avisando que estava saindo de casa. 

Peguei as chaves do meu carro, dei mais uma última olhada no espelho e sai do meu quarto. Desci às escadas, sai da minha casa e entrei no meu carro que já estava na rua. Liguei o som do meu carro e dirigi até a chopperia. No caminho estava pensando em como a Luna estaria, fazia tempo que eu não a via mais. Festas na casa dela eu não ia, não tinha coragem de aparecer e a minha mãe nem me convidava também já sabendo da situação. 

Depois de 20 minutos cheguei à chopperia, estacionei meu carro e sai dele. Estava sentindo borboletas no estômago, atravessei a rua e entrei na chopperia. Ela estava um pouco cheia, com poucas mesas vagas e alguns lugares no bar. Procurei o Bruno com o olhar e o achei em uma mesa no canto, junto estava a Íris e o Felipe. Eu senti meu coração desacelerar um pouco e então caminhei até eles.

Gael: Boa noite povo. –Cumprimentei a todos e sentei em um lugar vago. 
Felipe: E ai viado, quanto tempo. –Ele me abraçou me agarrando. 
Gael: Sai seu puto. 
Íris: Gael ficou importante e agora abandonou a gente. 
Gael: Seu cu. –Ri rolando os olhos. 
Íris: Todo mundo vai embora e me deixa sozinha, o Bruno viaja, você trabalha, Lipe não liga nem pra dar um alô. –Ela fez um drama. 
Felipe: Veio montada no drama você né. –Rimos. 
Bruno: Acordou toda dramática e pressionando o psicológico. 
Gael: Fica apertando minha mente. 
Bruno: Porra bora pedir uma torre de chopp. 
Felipe: To precisando beber umas mesmo. 
Íris: Vão beber e a Luna nem chegou. –Só de ouvir o nome dela me arrepiava todo. O Bruno deu um sorrisinho pra mim e eu fiquei sem graça, acabei desviando o olhar. 
Felipe: Ela me mandou mensagem quando estava vindo pra cá e avisou que estava chegando em casa. Então ela vai se atrasar né? Bora beber. 
Íris: Insensíveis. 
Gael: Ela nem bebe. –Rolei os olhos. Chamei o garçom, ele anotou o nosso pedido e a Íris não pediu nada. 
Bruno: Quero saber das namoradinhas. 
Felipe: Quero saber de nada. 
Íris: Chega da pena do Felipe, tão encalhado. –Rimos. 
Felipe: Gael também está encalhado. 
Gael: Não fica citando meu nome. –Rolei os olhos. 
Bruno: Ui cachorrão quem é a novinha? 
Gael: Eu estou solteiro gente, oxe, não tem ninguém na minha vida. 
Xxx: Oi gente, desculpa pelo atraso. Estava no hospital. –Era a voz dela, da minha mulher.

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