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Narração por Luna. 

Eu não iria me rebaixar ao nível do Gael, não iria me ajoealhar aos pés dele e aceitar que a atitude que ele teve na noite passada era aceitável. Beleza que nós dois não tínhamos nenhum tipo de relacionamento fixo, sério, porém o mínimo que eu esperava era respeito. Homem nenhum levanta a voz para mim. Meu pai nunca fez isso, o Gael que não vai ser. 

O Lipe chegou lá em casa por volta das 18 horas e fomos sentar na varanda. 

Lipe: Você e o Gael são fogo viu. 
Luna: Fogo não, Lipe. A situação agora poderia ser diferente, mas ele acha que tudo tem que ser do jeito dele. 
Lipe: Ele veio me perguntar se você tinha dito algo, eu falei né, ele parecia arrependido do que fez. 
Luna: Ele não tem que se arrepender não, fez e está pronto. Ele tem que aceitar e aprender que isso não faz. Não foi essa educação que a Déia deu pra ele. 
Lipe: Não vão ficar mais? 
Luna: Não. 
Lipe: Não sente falta? 
Luna: Também não. 
Lipe: Certeza? –Ele me encarou e eu rolei os olhos. 
Luna: Ele é a única piroca do mundo? 
Lipe: Não né, mas... 
Luna: Então assunto encerrado. –O cortei e ele ficou quieto. 
Lipe: Luna poxa, eu quero ajudar. 
Luna: Ajudar em que Lipe? –O olhei. 
Lipe: Você não se envolve com homem nenhum, nunca, ai se envolveu com o Gael e vai se fechar de novo. Tenho certeza. 
Luna: É o meu jeito. E o senhor está falando do que mesmo? Nunca teve nenhum relacionamento sério, nem mesmo uma ficada séria. –Ele riu e rolou os olhos. 
Lipe: Desde quando o assunto sou eu?
Luna: Pimenta no cu dos outros é refresco. 
Lipe: Será que se jogar pimenta no cu arde? –Ele riu viajando. 
Luna: Sei lá Lipe. –Ri. 
Lipe: Eu fiquei com a Mirella hoje. 
Luna: Não creio! –Coloquei as mãos na boca-. E ai me conta! 
Lipe: Tem nada pra contar não ué. Na balada ela estava querendo, mas ai ela estava bêbada né. Ai quando eu acordei, os meninos dormindo e só ela acordada, fui lá e tirei uma casquinha. 
Luna: Só uma casquinha? –Ri. 
Lipe: Se ela quiser mais eu estou a disposição. 
Luna: Safado. 
Lipe: Adoro uma mulher mais velha. –Ri. 
Luna: Sua cara mesmo. Ela beija bem? 
Lipe: Pra caralho. Depois eu fui com ela pegar a Sara na casa da tia né, com o carro do Bruno, antes de chegar lá parei com o carro e ficamos de novo. 
Luna: Talvez ela ter vindo morar aqui no RJ seja o destino querendo dizer alguma coisa. 
Lipe: Vira essa boca pra lá Luna, não quero me comprometer com nada agora. 
Luna: Quer sim. –O cutuquei com o cotovelo. 
Lipe: Não quero não. –Rolei os olhos. 

O Lipe ficou lá em casa até tarde. Vimos filmes, comemos pipoca, sorvete e nos divertimos. E no final era só eu e ele como sempre. Meu melhor e único amigo. 

Depois que ele foi embora, dei um beijo no meu pai e fui para o meu quarto. Tomei um banho, coloquei meu pijama e me joguei na cama. 
Peguei meu celular e fiquei mexendo nele, meu papel de parede era uma foto minha e do Gael na praia. Não mudei por despeito, mudei pra não lembrar dos bons momentos com ele e sentir saudade. Fiquei mexendo no cel, me peguei olhando todas as minhas fotos que tirei com o Gael. E não eram poucas. Acabei indo dormir, não queria ficar mais pensando nele e em como tudo entre a gente havia chegado ao fim.

As férias chegaram ao fim, graças a Deus as coisas iriam voltar ao normal e eu voltaria me dedicar somente a faculdade. Eu sai muito com o Lipe e a Mirella nesse tempo, segurando vela junto com a Sarinha. Quantas e quantas vezes fiquei distraindo a Sarinha pra adiantar o lado do Felipe. Eu e o Gael não nos vimos mais, nem perguntei dele para ninguém, não queria saber. 

No primeiro dia das volta às aulas, acordei cedo. Fui para o banheiro, tomei um banho de 15 minutos e sai enrolada na toalha. Fui para o meu closet, me vesti por lá mesmo com um vestidinho lindo e meigo. Coloquei a toalha no banheiro, escovei os dentes, passei hidratante corporal, desodorante e perfume. Penteei meus cabelos, fiz uma make básica, prendi meu cabelo em um rabo de cabelo frouxo e estava ótimo. Voltei para o meu quarto, peguei minha bolsa, meu celular e as chaves do meu carro. Sai do quarto, desci às escadas e fui até a sala de jantar onde o café da manhã estava servido. 

Luna: Bom dia pai. –Dei um beijo em seu rosto e sentei-me à mesa. 
João: Bom dia filha, dormiu bem? 
Luna: Muito bem. –Comecei a tomar meu café da manhã. 
João: Filha, posso te fazer uma pergunta? 
Luna: Claro pai. 
João: Você e o Gael pararam de se falar? 
Luna: Paramos. 
João: Por quê? 
Luna: Nos desentendemos. 
João: E não tem como voltarem mais? 
Luna: Eu não faço questão e ele menos. Não faz diferença nenhuma. –Falei, mas estava mais preocupada com a minha comida. 
João: Eu acho que você faz diferença na vida dele. 
Luna: Onde você quer chegar com isso? –Larguei meu pão e olhei pra ele. 
João: Eu estava conversando com a Andréia e ela estava falando que o Gael estava nem ai pra nada de novo, ela ligava pra ele e ele mal respondia. A Mirella que tem contato com o Felipe e um amigo dele lá, disse que ele não para mais em casa. Que sempre chega adulterado.
Luna: Pai, sabe qual é o problema do Gael? –Disse levantando da cadeira-. Ele precisa de limite, talvez a Déia tenha que chamar a atenção dele. Fazer papel de mãe e não recorrer a mim. Eu não fiz exatamente nada, não pedi pra ele mudar, não pedi pra ele sair da farra. Eu não fiz absolutamente nada. Eu sou insignificante na vida dele, não sou babá do Gael. Se ele acha correto a vida que leva, se ele consegue se manter assim, quem sou eu pra dizer alguma coisa? Estou indo pra faculdade, nos vemos mais tarde. 
João: Desculpa filha, termina seu café. 
Luna: Tudo bem pai. –Sorri-. Eu já estou satisfeita. –Peguei minha bolsa e sai de casa. 

Entrei no meu carro e dirigi até a faculdade. Deixei meu carro no estacionamento e sai do carro. 

Andei até o prédio de medicina, não encontrei o Lipe lá e então fui sozinha pra minha sala. A sala estava cheia, achei um lugar vago e sentei. Minutos depois o Lipe entrou na sala e não tinha nenhum lugar vago perto de mim. 

Lipe: Nem guardou lugar pra mim. –Ele falou em linguagem labial e eu fiz carinha triste. 

Logo a professora entrou na sala e começou a dar sua aula. Fiz minhas anotações e copiei a matéria. 
Fomos dispensados para a segunda aula do dia em outra sala. Na saída, o Lipe me alcançou. 

Lipe: Bom dia, doutora Luna. 
Luna: Bom dia, doutor Mitchell. –Dei um beijo em seu rosto. 
Lipe: Está bem? 
Luna: Sim e você? 
Lipe: Eu também. –Entramos na sala.

Ele sentou na cadeira da fileira ao lado. As aulas do dia foram ótimas, logo estava chegando em casa. Almocei, dei uma revisada na matéria e fui pra academia. Ao voltar, meu pai estava chegando do trabalho. 

João: Sábado, marquei um churrasco aqui em casa com a Andréia e os filhos dela. Pode chamar o Lipe se quiser. 
Luna: Beleza. –Rolei os olhos disfarçadamente e fui para o meu quarto aguardar o jantar. 

Tomei um banho, coloquei um short de pano mesmo e um top.

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