KAYRHA.

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JACOB BLACK.

03:30 Pm.

Após horas, estou em uma pequena cidade denominada Gardens, por algum motivo acabei em uma rua escura.
Avisto uma pequena casa do lado esquerdo do asfalto, é pintada de um azul escuro e suas portas e janelas são de madeira. Sinto que lá está oque eu procuro.
Me aproximo, e sinto um cheiro familiar, algo que já senti em minha infância, a princípio não consegui definir ao certo o que era, mas ao chegar mais próximo tive certeza.
Magia negra.
Com certeza quem ou oque estivesse naquela casa tinha algo de obscuro...
Quando eu tinha uns dez anos, um homem pediu ao meu pai abrigo em troca de trabalho, como era, concordou. Um erro.
A casa que ele ocupava sempre exalava esse cheiro de madrugada, tais rituais não erram permitidos em nossa matilha, pois coisas ruins atraem algo pior ainda.
Abri a porta vagarosamente e ouvi vozes, em um quarto no fim do corredor lá estavam eles.
Aqui dentro tudo parece mais sofisticado, a soleira das portas e as venezianas retorciam tal aspecto.
Luna estava em pé ao lado de Nahuel e havia uma mulher à frente deles, ela me viu.
Ela não me pareceu má, mas tudo indica que é. Seus olhos parecem ter um leve toque asiático, em tom de castanho claro quase que dourado, pele clara e cabelos curtos, escuros como a plumagem de um corvo. Corpo magro e esbelto.
Ela apontou para mim, e os dois viraram-se no mesmo instante.

- Agora as coisas fazem mais sentido pra mim, precisou de mais que seu potencial para me controlar, não é?

Nahuel
- Usando ou não o meu potencial, alcancei meu objetivo. Eu conheço um pouco dos Cullen, e eles não vão querer você perto da filha.

Ele sorriu. Àquilo me enfureceu, concentro-me e uso os conhecimentos dos anciãos contra esse tipo de coisa, crio um escudo em minha mente.
Luna se afasta quando percebe a raiva em meus olhos, me transformo e essa nova forma lupina deixa Nahuel aparentemente impressionado.
Acabo destruindo alguns móveis por culpa do meu tamanho, rosno para ele e ele corre em minha direção.
Nahuel tenta entrelaçar seus braços em volta de mim, mas eu já conheço esse golpe, desvio-me e o lanço contra a parede.
Luna se assusta e foge, pensei em ir à trás dela mas preciso terminar oque comecei.
Ataco Nahuel novamente, que parece desmaiar, mas em questão de segundos ele se levanta e me olha fixamente, ele não é forte o suficiente para me controlar, não mais. Porém, sinto uma tontura muito forte, oque me faz perder o total controle da situação, com isso Nahuel consegue se aproximar, próximo demais.
Tento tira-lo de perto de mim, mas sua velocidade é surreal. Sinto seus dentes perfurarem minha garganta, mesmo com a densa camada de pelos, sinto o frio de seu veneno correr entre minhas veias, minha visão fica falhada e vou ao chão...
Em flashes de visão, vejo Nahuel sorrir e ir até à porta lentamente, ele se vira e segue à mesma direção que Luna tomou.
Desgraçado...
Diferente de um humano, nós lobos não podemos nos transformar em vampiros, é algo contra nossa essência, não há como suportar.
A morte nunca me pareceu assustadora, mas eu não posso morrer. Não agora.
Sinto minha cabeça queimar, meu corpo estremecer e meu coração pulsa rapidamente.
(...)
Inverson tempus, inverson tempus, inverson!...

08:32 Pm.

Abro os olhos, sinto minha cabeça queimar novamente.
Percebo uma leve umidade em minha testa, levo minha mão até ela e vejo uma faixa de tecido.
Estou deitado em uma cama estreita, ao meu lado está uma compressa de água morna.
Olho ao meu redor e reconheço o local, permaneci à mesma casa.
A morte recusou à mim mais uma vez.
Aqueles olhos... Ela.
Tento me levantar, mas minha cabeça pesa como toneladas, e a dor confunde meus sentidos.

- Fique quieto. Precisa de repouso.

- Quem é você?

- Com certeza não sou alguém com alguma importância significativa.

- Eu tenho a impressão que nesse momento, eu deveria estar morto.

- Nada que um breve feitiço de reversão momentânea não resolva, isso claro, quando feito à tempo.

- Não consigo compreender, você estava com eles, porém não me deixou morrer... Qual o significado disso?

Sua expressão se torna nebulosa, algo em minhas palavras à incomodou.

- Sinceramente, não me interessa sua falta de compreensão. Só fiz oque achei certo, me agradeça e encerramos esse assunto.

- Grossa.

- Obrigada.

Suas expressões são ilegíveis, essa garota parece ter algo de especial. Porém não sei explicar de que forma...

- Não estou aqui para julgar ninguém, mas preciso saber porque estava ajudando eles e porquê me salvou. Por favor.

- Tudo bem. Meu nome é Kayrha, tenho dezoito anos e como você viu, sou uma bruxa, me julgue como quiser por àquilo que sou. Só não pode me julgar por ter ajudado eles.

- E por que não? Eles não prestam, só servem para rir da desgraça dos outros! E se você os ajuda...

Ela troca a água do pequeno pote, por outra um pouco mais morna e volta à fazer a compressa.
Me olha de lado e abaixa sua cabeça.

Kayrha
- Tenho um certo parentesco distante com Luna, mas minha família nunca herdou nada dessas coisas lupinas. Quando minha mãe ficou grávida, ela despertou fúria em uma feiticeira que amava meu pai e ela rogou uma maldição.
Pela cria maldita que carrega em seu ventre não terás paz. Pagará pelo preço ao se lembrar de quem à odiou.
Então eu nasci assim. Uma aberração maldita.
Herdando os "poderes" daquela mulher.
Minha mãe não conseguiu viver com isso, fui abandonada quando era pequena... Fiquei com minha avó, mas ela morreu à alguns anos.
Luna me ajudava financeiramente até que eu encontrasse um trabalho.

Seus olhos intensos guardavam cenas inesquecíveis.
Ela não fraquejou ou quis chorar em nenhum momento em que me revelava sua história, pelo contrário, parecia fria, era como se nada pudesse afeta-la.

Kayrha
- Bem, à uns dias ela me procurou, disse que tinha chegado a hora de retribuir tudo oque tinha feito por mim. Pediu para que eu confundisse sua mente quando Nahuel me desse um sinal piscifico. E eu fiz.
Hoje ela me procurou novamente, íamos fazer você matar a garota. Uma garota que ela disse odiar.
Não que eu não soubesse que ela é uma pessoa ruim, mas eu devia isso à ela.

Kayrha não me parece uma ameaça. Talvez possa ser uma aliada...

- Kayrha, ajude-me. Se puder me ajudar, prometo à você que terá tudo oque precisa. Conheço pessoas que podem te ajudar também, acabar com essa maldição.
Oque me diz?

A Saga Crepúsculo: I'Heure BleueOnde histórias criam vida. Descubra agora