CALMARIA.

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RENESMEE CULLEN.

06:35 Am.

Mais um dia.
O tempo está nublado, parece que vai chover.
Visto meu casaco favorito para dias como esse, é impermeável, pego minha mochila e desço até a sala onde minha mãe já me esperava.
Ao chegar ao Colégio desço rapidamente do carro e atravesso o estacionamento tentando me proteger da chuva, não que eu não goste, aliás gosto muito. É só que minha pele costuma ser gelada por natureza, molhada é ainda mais, o frio é suportável mas dolorido. Irônico não?
Passo direto pelo corredor e subo as escadas em direção ao laboratório, aula de Química.
Sento-me ao fundo da sala e me debruço em minha mesa. Fica fácil de encontrar lugares vagos quando não se tem nenhum aluno em sala. Sinto alguém tocar o meu ombro, instantaneamente penso em Dylan, me familiarizei com seu jeito de chamar minha atenção.
Levanto levemente minha cabeça e o olho de canto.

Dylan
- O que houve com você Cullen? Passou direto por mim e nem me cumprimentou.

- Não vi você.

Dylan
- Ah.
Só vim te chamar para ficar comigo na hora do intervalo entre as aulas, ontem você foi direto para a aula de Literatura, não comeu nada.  Eu acho que alimentação é algo que deve ser levado à sério Cullen.

- Não vai ficar para aula?

Dylan
- Por mais que sua companhia seja agradável, não dividimos esta aula. Tenho Espanhol agora... Bem, o sinal já vai tocar e a Sra. Dias não gosta de esperar, te vejo no intervalo?

- Pode ser.

Dylan sorri e logo se retira, o sinal soa alto e logo a sala fica repleta de alunos.
O Sr. George entra na sala e começa a aula, um senhor grisalho de aparência cansada. Ele explica os incríveis elementos da tabela periódica e suas reações entre si. Sua voz é baixa, chega a me dar sono...
Entediante.

11:00 Am.

Cinco aulas, cinco longas aulas. Duas de Química, duas de Espanhol e uma de Tecnologia moderna. Dylan não compartilhou nenhuma dessas aulas comigo, mas quando eu saí, lá estava ele.
Encostado à frente da porta da sala, seu pé esquerdo apoiado na parede. Ele apresenta o mesmo estilo de ontem, gola alta em seu pescoço, quase chegava ao queixo, um casaco por cima do suéter e jeans escuros.
O cabelo jogado de lado deixava a franja quase cobrir seus olhos.
Olhos fixados nos meus.
Para um humano comum Dylan é um tanto interessante.

Dylan
- Oi Cullen.

- Oi.

Dylan
- Antes que você tente me contrariar já vou dizendo que eu vou pagar seu almoço, e não há nada que você possa fazer à respeito.

Balancei minha cabeça em negação e sorri, seguimos direto para o refeitório, lado à lado, porém sem dizer alguma palavra.
Fiquei imaginando como seria se eu o tocasse, todas as vezes que ele me tocou havia uma camada espessa de tecido e isso me impedia de assessa-lo.
Não tenho nenhum tipo de interesse físico ou atração por ele, eu apenas fico intrigada com os segredos que ele possa carregar. Não costumo reparar nas pessoas, nem acredito que um humano qualquer possa carregar consigo segredos significativos, talvez dramas familiares e coisas do tipo.
Mas com Dylan é diferente, deve haver algum motivo para que ele se esconda entre aquele suéter e tons de preto. O fato é que não costumo deixar alguém fazer parte da minha vida sem que eu à toque, pois essa é a forma mais profunda de a conhecer.
Em meus devaneios acabo me lembrando da única vez em que não tive acesso ao interior de alguém que toquei. Nahuel... A única vez que me enganei.
Mas com isso, volto aos meus pensamentos: Dylan poderia confundir as coisas simplismente por causa dessa aproximação, um toque qualquer.
Quem será você em garoto?
Sentamos em uma pequena mesa, a única vaga.
Dylan logo se levanta e segue para o balcão onde está uma senhora, ele pede algumas coisa e volta à se sentar à minha frente.

Dylan
- Espero que não se importe em dividir a bandeja, carregar duas delas cheias não me pareceu muito fácil, não sou bom em equilibrar coisas nas mãos.

Ele ri e em seguida abre um largo sorriso, a bandeja está cheia e separada à dois. Uma maçã, um suco natural e uma fatia de pizza, em cada lado da mesma.

- Não me importo, obrigada.

Sorrio de volta.

Dylan
- Cullen, qual o seu problema com comunicação? Eu te pago uma fatia de pizza e você só diz "não me importo, obrigada"?

Me assusto com suas palavras, e ele percebe minha expressão, pois começa a rir no mesmo instante.

Dylan
- Hey relaxa, tô brincando!

Dylan me parece muito divertido, isso deve ajudar quando a intenção é socializar. Mas há algo de estranho, não o vi com ninguém, sempre sozinho. Talvez hoje de manhã ele estivesse com alguém, eu não o vi.

- Dylan, quem são seus amigos? Se eles forem tão engraçados como você, possivelmente eu deixarei de lado meu lado introvertido e tentarei fazer amizade...

Sorrio de canto.
Como eu não iria toca-lo tão cedo, o jeito mais fácil de arrancar informações dele era perguntando para o próprio.

Dylan
- Bom, eu não tenho amigos. Digamos que, eu não me dou bem com as pessoas... Mas estou tentando mudar isso. Você Culle, é um experimento.

- Experimento? Ok, não entendi...
Não tem amigos?

Dylan
- Sim, e sim.
Você é a primeira pessoa do Colégio que eu resolvo conversar desde quando comecei a estudar aqui.

- Imagino então que faz pouco tempo que veio estudar aqui então...

Dylan
- Na verdade... eu sempre estudei aqui.

Fico boquiaberta.
Como uma pessoa pode passar a vida escolar toda sem fazer nenhuma amizade? Impossível!
Não deve ser verdade...

- O quê?! Não acredito!
E como foi que resolveu vir falar comigo Sr. Anti-social?

Dylan
- Não é todo dia que uma garota bonita aparece no banheiro masculino, não é?
Eu tive vantagem, se você não quisesse ser uma amiga, eu poderia ameaçar contar para todo mundo que te vi lá. Então, de qualquer forma eu te obrigaria a ser minha amiga, e interagir com você seria como uma experiência para mim, para saber lidar com outras pessoas.

- Convincente.
Mas como um ratinho de laboratório que sabe cooperar, eu fui sociável e você não precisou me ameaçar, certo?

Dylan
- Exato.

Wow!
Tá legal, ele não faz sentido algum.
Para mim é difícil interagir com as pessoas também, mas, eu não sou inteiramente humana... Então é compreensível.
Mas uma pessoa não saber lidar com outras pessoas?
Isso é estranho.
Sorrio para ele, que logo retribui. Mordo a fatia de pizza e finalizo meu almoço.
O sinal soa e me levanto.

- Obrigada pelo lanche.

Dylan
- Obrigado, por sua companhia Cullen.
Nos vemos na última aula?

- Matemática avançada. Certo?

Dylan
- Isso.

(...)

05:30 Pm.

Saímos da sala rumo ao estacionamento. Percebo que a chuva fria que caía havia se transformado em neve, já cobria todo o chão.

Dylan
- O clima está agradável, não?

- Eu gosto assim.

Dylan
- Que bom então, pois por aqui o sol não costuma brilhar Cullen.

Sorrio de canto e dou de ombros.
Olho em volta à procura da minha mãe ou meu pai, mas não os encontro.
Onde será que eles estão?

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Olá meus caros leitores, geralmente eu releio umas três vezes os capítulos antes de postar para ter certeza que está tudo Ok, porém ultimamente não tenho tido muito tempo e acabei deixando alguns erros causados por meu corretor maluco!
(Perdoem)
Espero que estejam gostando! Bjs!💜

A Saga Crepúsculo: I'Heure BleueOnde histórias criam vida. Descubra agora