Bad Reputation

Chapter Four - We Can't Fix What's Broken

Malia’s POV

Não, eu não estou acostumada com tanta atenção. Desde quando acordei, ele não saiu do meu lado. Nem para comer. De duas, uma: ou ele está realmente preocupado ou está cumprindo tabela pra sair bem na mídia. Meu lado realista acredita que a segunda opção seja a mais provável, mas sei lá, alguma coisa aqui dentro tá dizendo que ele está preocupado. Ótimo, mais uma paranoia.  Fui transferida para um quarto maior, na porta dizia “Paciente VIP”, nesse tinha televisão, frigobar, uma poltrona e até um sofá cama – que as enfermeiras fizeram questão de arrumar para Shawn. Nunca fui tão bem cuidada na vida, meus instintos diziam pra desconfiar de tudo e todos ao meu redor. Sei de quem sou filha e não duvido do que são capazes de fazer para acharem o que, ou quem, querem.

Ficamos conversando durante um bom tempo, sobre coisas banais, e percebi que por trás daquela grande estrela havia um garoto de 19 anos com saudades de casa. Ele me contou sobre como é viver o tempo todo cercado de fãs que o amam e pessoas que se aproximam por interesse e disse que as vezes no fim de cada show, sente-se sozinho. Perguntou o que eu estava fazendo na rua, na chuva, sozinha e sem documentos numa cidade como essa, mas antes de eu inventar uma mentira absurda, um enfermeiro entrou trazendo nossos almoços.

- Eca, sopa não. – empurrei a bandeja fazendo cara feia – comida de hospital já é ruim e sem sal. Imagina como deve ser a sopa.

- Mal, deixa de besteira. Você precisa comer alguma coisa. – ele respondeu rindo e puxando a comida de volta.

- Não vou comer essa gororoba, Peter! – disse cruzando os braços.

- Ah vai, se tem uma coisa que você vai, é comer essa sopa! – Shawn pegou uma colherada e enfiou na minha boca a força. – Viu, nem é tão ruim. – falou dando risada.

- Nunca fui tão humilhada na vida!  Você me paga, Mendes. - Confesso que estou gostando do mimo, mas não posso me apegar. Assim que o médico me der alta, cada um seguirá seu caminho. Vou lembrar dele, claro, mas não acho que ele lembrará de mim. Olhei para Shawn e notei que não parava de encarar meu colar, ele queria perguntar, mas estava com receio.

- Meu irmão me deu antes de ir embora. – disse abrindo o pingente – Essa sou eu com 14 anos e ele do lado com 19. – apontei.

- Desculpa, ficar encarando... não tive a intenção!- sorri como forma de dizer “tudo bem”- Achei que fosse seu namorado por causa do jeito como você tá olhando pra ele na foto... – terminou ele.

- Não, hahah. Justin foi o único que me amou na vida, nossos pais não são... bons nessa coisa de família. Então basicamente, ele que me criou. Quando foi embora deixou este colar como forma de manter nosso amor vivo, mas não foi o suficiente. – disse com lágrimas nos olhos. – No começo sofri muito, fiquei acabada. Mas depois de um tempo percebi que não adiantava chorar pelo passado, não dava pra muda-lo.

- Eei, você tem só 17 anos. Ainda vai amar muito e será amada também. Tenho certeza disso, nenhum louco deixaria uma garota como você escapar. – Shawn disse limpando minhas lágrimas por baixo do óculos. – Sei que não é a mesma coisa mas, agora você tem a mim. Eu quase te matei hoje o mínimo que posso fazer é ficar do teu lado. – não havia reparado mas, puta merda, que homem.

- Obrigada por tudo, Peter Pan – ele deu um sorriso lindo ao ouvir o apelido. – mas não quero te meter em mais confusões. Quando receber a alta, vou pegar um ônibus, sair daqui e começar uma vida nova.

- Você só vai receber alta daqui dois dias, então se concentra no agora. O futuro a gente deixa pra pensar quando chegar mais perto, okay? – assenti e sorri de lado. – Agora termina de comer seu almoço, vou fazer umas ligações lá fora mas volto em 5 minutos.