TRÊS - O PORÃO

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Todas as meninas estavam se olhando e sorrindo, mas pra mim aquilo era tão estranho, ja havia anos que nenhum casal entrará por aquela porta, o que havia acontecido? Será que todos os boatos terríveis que as pessoas faziam sobre nós tinham cessado?

A diretora respirou fundo e continuou:
- Todas vocês devem se arrumar muito bem e se comportar muito bem - disse em um tom sério dessa vez - o casal que virá eram muito próximos de mim, nós sempre brincávamos quando éramos crianças e...

Quando ela disse isso Thais a interrompeu soltando sem querer em voz alta:
- Eles devem ser muito velhos então! - logo em seguida ela levou a mão a boca com os olhos arregalados.

Então a diretora disse limpando a garganta:
- Thais amanhã você não terá a oportunidade de conhece-los por conta dessa comentário maldoso.

Depois dela dizer isso os olhos de Thais se encheram de lágrimas, e ela continuou:
- Você limpará o porão ate escurecer

Quando o ela disse isso eu me arrepiei, todas nos tínhamos muito medo daquele porão, todos contavam várias historias terríveis sobre la, assassinatos que ocorreram lá, pessoas que foram sequestradas e que ficaram anos presas lá, ate disseram que ja havia sido um cemitério.

A diretora nunca havia feito nenhuma de nós ir para la como castigo, era muito assustador, então eu processei:

- Isso é muito injusto, ela apenas fez um comentário e se arrepende por isso e a senhora manda ela ir limpar aquele lugar terrível?! Eu gostaria de ver a senhora la sozinha no escuro!

Depois que eu disse isso um silêncio invadiu o local e todos estavam olhando para mim. Então esse silêncio cessou quando a diretora disse de repente:

- Já que você acha que aquele lugar é muito assustador para alguém estar la sozinha você fará companhia para a Thais, ja que se acha tão destemida - disse com desdém.

Eu senti tanta raiva naquele momento, por um tempo me arrependi, mas depois pensei melhor, eu não queria ser adotada mesmo, e fazer companhia a pobre Thais não seria ruim, ela era uma menina quieta e reservada, nós poderíamos ser amigas.

Depois de comermos o jantar fomos todas forçadas a dormir pela zeladora, mas a maioria das meninas estavam cochichando coisas sobre que penteados elas iriam usar, se iriam deixar a saia do uniforme curta ou longa e outras coisas.

Quando eu estava quase pegando no sono alguém me cutucou, era Johanna a líder de quase todas as meninas do orfanato, as únicas que não haviam sido pegas por ela eram apenas Thais, Maria, Megan, Julya e eu. Nós éramos meninas traumáticas e estranhas na visão delas.
Quando ela me cutucou eu a olhei com uma cara de raiva mesmo sabendo que ela não veria por conta da escuridão.

Como ela não disse nada, eu perguntei acendendo o abajur:
- O que você quer Johanna?!

- Quero que você costure minha saia do uniforme - disse com uma voz alegre e meiga.

- Não! - disse simplesmente

- Bom então se é assim acho que todas nós meninas vamos cortar essa coisa laranja que você chama de cabelo!

Quando ouvi isso tentei correr mas duas meninas ja seguravam meu cabelo com um tesoura na mão.
Eu não podia deixar elas fazerem aquilo, meu corpo era a única herança que eu tinha certeza que vinha dos meus pais, eu não poderia mutila-lo ou fazer qualquer outra coisa que mudasse ele, ate pegar muito sol, eu queria continuar com minha pele pálida.

Então eu disse cabisbaixa:
- Tudo bem, eu costuro

- Boa menina - disse ela com um sorriso cínico nos lábios carnudos.

Rose e Beta trouxeram a saia e quando eu vi aquilo eu tinha certeza que aquela saia não tinha sido descosturada naturalmente, alguém fizerá isso de propósito. Fiquei indignada por achar que elas tinham feito isso apenas para me fazer costurar.
Depois disso elas foram dormir, então sobrou apenas eu acordada furando meu dedo com a agulha e um abajur que ficava piscando me causando medo.

Às 3 horas da manhã ouvi um enorme barulho vindo do porão, congelei de medo e depois de alguns minutos de transe costurei a parte da saia que faltava tão rápido que eu ate pensei que podia ter um futuro como costureira. Depois disso fui dormir.

Acordei com um forte sol no rosto o barulho de cortinas se abrindo, a zeladora nos acordou tão cedo naquele dia. Depois que todas as meninas acordaram ela disse:
- Todas vocês devem se dirigir ao banheiro rapidamente, exceto Thais e Suzy que irão pegar os produtor de limpeza e ir para o porão.

Logo me levantei e fui lavar o rosto, mas quando entrei no banheiro estava tão cheio e tão abafado que resolvi ir lavar meu rosto com a mangueira do jardim. Eu estava calmamente indo para o jardim ate que quando olhei pelo portão vi Johanna quase sendo comida por um homem muito mais velho que ela, de terno e gravata, parecia ser bem sucedido.
Arregalei os olhos quando vi onde as mãos dele estavam, corri e fingi não ter visto nada com medo do que ela poderia fazer comigo.

Quando entrei vi Johanna subindo as escadas limpando a boca.

Fim do capítulo 3

Suzy A Adotada. (Não Revisada)Onde histórias criam vida. Descubra agora