VINTE E QUATRO - MEU SONHO.

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- Meu marido! - minha mãe gritava e chorava. - Tem certeza de que é ele? - ela queria ouvir um não.

- Os testes dizem que sim... - O médico legista disse olhando os papéis.

Quatro dias depois do incêndio eu, Johanna e nossa mãe, Ju, fomos ver os resultados da autópsia de Francisco, meu pai. Ju não parava de dizer que o corpo não era dele, mas era. Johanna estava tão calada que eu não percebi que ela tinha saído da sala.

Fui atrás dela a achei sentada em um banco do lado de fora do hospital, resolvi ir consola-la, mas um homem chegou antes de mim, então me escondi atrás de uma árvore pra tentar ver quem era.

Eles ficaram conversando por um bom tempo até Johanna começar a chorar, eu nunca tinha visto Johanna chorar, ele a abraçou e tentou consola-la e logo depois a beijou. Quando eu percebi que era Jonathas arregalei os olhos pois não sabia o que fazer.

Por que eles estavam juntos? Ele ficou no hospital comigo, achei que ainda gostava de mim, mas agora ele está beijando Johanna

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Por que eles estavam juntos? Ele ficou no hospital comigo, achei que ainda gostava de mim, mas agora ele está beijando Johanna.

Eu sai de lá correndo sem olhar pra trás, andei por várias ruas enquanto chorava. O sol já havia desaparecido e eu continuava a andar pelas ruas, olhei ao redor e percebi que eu estava perdida e não sabia como voltar. A rua estava vazia, comecei a sentir medo. De repente senti que alguém me seguia como da última vez que fui seguida por um homem misterioso, então me lembrei de quando eu tinha fugido do orfanato e um homem me seguiu até aquele fim de mundo. Lembrei que foi nesse dia que conheci Jonathas, mas dessa vez ele estava com Johanna e não me ajudaria.

Olhei para trás e vi que a pessoa continuava atrás de mim, usava as mesmas roupas que o homem de alguns meses atrás. Comecei a correr, e vi que ele também, gritei quando vi que ele se aproximava. Dobrei a esquina entrando em um beco, não vi mais ele atrás de mim mas mesmo assim continuei correndo, quando cheguei no final dele vi que a saída estava fechada por uma grade de mais de três metros. Comecei a escalar ela desesperadamente, quando eu ia pular olhei para trás e vi Anderson me olhando confuso.

- O que você ta fazendo? - ele riu.

Olhei ao redor e vi onde eu estava, ri sem graça e desci a grade.

- Er... tinha alguém me seguindo... - ele gargalhou. - É-é sério! T-tinha um homem! Ele correu atrás de mim, eu vi! Era você?!

- Não, eu não corri atrás de você. - balançou a cabeça. - eu te vi correndo e gritando e entrei nesse beco pra saber o que era. - ele riu lembrando da cena. - Como você chegou aqui?

- Eu estava andando por ai... e me perdi, então alguém me seguiu. - abaixei a cabeça.

- Mas você acha mesmo que alguém te seguiu? - me olhou sério.

- Sim, eu tenho certeza. - ele olhou ao redor checando pra ver se não tinha ninguém por perto.

- Vamos conversar em outro lugar. - saiu andando e eu fui atrás dele.

- O.k.

Nós saímos do beco e atravessamos a rua em direção a um prédio enorme, olhei para cima e vi que no topo do prédio estava escrito "Indústrias Clark".

- Nossa! - disse enquanto entrava no prédio. - Não imaginei que era tão grande. - entrei no elevador e Anderson apertou alguns botões.

- É bem grande.

- E vai ser seu, não é? - olhei pra ele que franziu as sobrancelhas.

- Espero que não...

- Por que não? - saímos do elevador e entramos em um escritório, sentei em uma cadeira e vi que na mesa estava escrito "Sr. Clark".

- Não quero ser um bilionário como meu pai, quero ser uma pessoa simples...

- Eu não sabia disso, você tem algum sonho?

- Bem... eu tenho, mas é uma bobeira, coisa de criança, você não vai querer saber.

- Eu quero saber! Bem, se você quiser me contar... - ele riu.

- Eu queria ser fotógrafo, sempre quis. - ele ligou pra secretária e pediu um café.

- Queria? Não quer mais? - ele ficou em silêncio por alguns segundos enquanto olhava pela janela.

- Por quê você está tão deprimida? - ele mudou de assunto.

- Ah... você... Não soube? - abaixei a cabeça.

- Soube do que?

- Minha casa, pegou fogo...

- Nossa... que pena. Eu não dormi em casa essa semana, então não soube disso. - ele disse de forma estranha, como se estivesse mentindo.

- E meu pai morreu. - eu disse rápido e ele arregalou os olhos.

- Sinto muito... - ele olhou pro chão confuso, parecia que ele estava escondendo algo.

- Com licença, o café que o senhor pediu. - a secretária deixou os dois cafés em cima da mesa e ele me deu um e pegou o outro.

- Sobre o assunto de antes, você acha mesmo que estava sendo seguida? - o olhei com atenção e vi que ele parecia preocupado.

- Ah... sim, eu já fui seguida antes, quando eu morava no orfanato.

- Estranho... já te seguiram antes, tentaram te sequestrar e agora estão te seguindo de novo. Você tem algum antecedente criminal?

- O quê?! Não! - Ele riu.

- Então será que isso tem algo relacionado aos seus pais?

- Não sei. - disse pensativa.

- Nunca quis saber deles?

- Teve uma época que descobrir quem eles eram era o meu objetivo de vida, mas tudo mudou quando eu vim pra cá, não quero saber deles, se eles me abandonaram não me queriam e agora eu também não quero mas saber quem eles são.

- Eu te entendo... - ele bebeu seu café.

- Como me entende? Nunca foi órfão. - cruzei os braços.

- Eu me sinto um órfão, meu pai nunca demonstrou que me ama, minha irmã era legal comigo quando eu era menor mas agora ela está tão obcecada em ter a empresa do meu pai que faz de tudo pra ele me odiar.
E minha mãe... nunca a conheci, meu pai nunca falou nada sobre ela, nem Annie, não sinto que eu tenha uma família.

- Você não tem outros parentes?

- Só um tio, mas ele só quer saber do dinheiro do meu pai. - ele bufou.

- Entendo... mas que bom que agora você está namorando, não é?

- Namorando? Eu? - ele apontou para si.

- Sim, todos estão falando que você está saindo com a Rafaela... - o olhei triste.

Ele me olhou confuso e sentou-se ao meu lado se aproximando, o olhei assustada e ele pôs a mão no meu rosto.

- Não estou namorando com ninguém.- ele chegou ainda mais perto.

- A-Ah, d-desculpa então eu me enganei. - corei quando vi que ele fitava minha boca.

- Não acredite em tudo o que dizem. - ele se afastou quando percebeu que eu estava me sentindo incomodada. - Er... você está dormindo aonde? - ele coçou a nuca envergonhado.

- Em um hotel, minha mãe deve está preocupada comigo...

- Eu te levo. - ele pegou uma jaqueta e as chaves do carro. - Vamos.

Enquanto ele dirigia eu evitava o olhar por muito tempo, mas eu não conseguia não olhar pra ele, eu sentia como se um imã puxasse nós dois.
Então percebi que dessa vez Anderson tinha me salvado, não Jonathas. Talvez o distinto tivesse mudado.

Fim do capítulo 24.

Suzy A Adotada. (Não Revisada)Onde histórias criam vida. Descubra agora