Allan Miller

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-- Eu avisei! – O professor da universidade esbraveja enquanto vai ao socorro de Miller. Ele grita pela equipe médica, enquanto Naomi está ao lado apenas observando.

"Como pode isso ter acontecido, não era só velocidade, ele se teletransportou! Isso vai contra qualquer lógica. Quando o Sensei o modificou era isso que ele queria? Era exatamente isso que ele esperava? Como será que estão os outros? Não pode ser, não posso acreditar. " – Ela diz apenas em seus pensamentos, trêmula com o que acabara de presenciar.

-- Acalme-se Akemi. – S se aproxima dela – Isso é apenas o começo, treine sua mente para que não haja mais limites.

Ela o encara sem conseguir disfarçar a face atônica.

-- Ele não vai morrer. – S diz para o professor.

-- Como pode saber? Esse esforço é demais para ele! – O professor fala se exaltando.

Allan começa a mostrar sinal de que está voltando a si.

-- Levem ele depressa para a ala hospitalar, diga apenas que foi excesso de esforço nos treinos.

-- Sim senhor! – Os auxiliares colocam Allan em uma maca e o levam para fora da sala.

Naomi ainda fica tentando achar uma explicação lógica para tudo aquilo, mas S encosta a mão em seu ombro e interrompe seus pensamentos – Acho que ele está pronto para ser convocado.

Ela concorda e ambos saem da sala.

Três horas depois, na ala médica, o professor está do lado de fora do quarto em que Allan se encontra, discutindo com S, ainda preocupado com o rapaz.

-- Sei que o Sensei de vocês, manda nesse projeto, mas não podem forçá-lo a tais limites. – Ele coça a cabeça desconcertado – Não sei exatamente o que fizeram com esse menino, porém até hoje eu mesmo tento entender como ele consegue fazer aquilo. Não sei bem como isso é possível, é algo que me deixa perturbado. – Ele retoma o olhar para S e Naomi – Mas eu não consigo observar Allan apenas como uma cobaia, ele é um rapaz esforçado, que luta contra seus problemas pessoas para estar aqui se dedicando, com o objetivo nobre de proporcionar uma boa vida a sua mãe e irmãos.

-- Não tenho dúvida de que ele seja muito valioso para você. – S diz – Mas se engana se estamos achando que ele é apenas uma cobaia, para nós talvez ele seja muito mais importante do que para vocês. Não enxergamos apenas o esforço dele, que é óbvio existir, tamanho seu desenvolvimento. Entretanto, há uma força maior nele que só nós podemos compreender, Allan não foi escolhido por acaso.

-- Bom, se me dão licença. – Naomi os interrompe – Eu quero saber se o nosso menino de ouro já está consciente.

-- Eu entro com você. – O professor se oferece preocupado com Allan.

-- Não será necessário. O assunto que eu preciso tratar é com ele. Não cabe a você escutar. – Naomi se impõe e acaba intimidando o professor.

-- Ei, ei – S indaga – Deixa a menina com ele. Ela não morde, mesmo que seja assustadora.

Naomi se direciona para o quarto de Allan, enquanto o professor fica pensando em como realmente ele se sentiu mais intimidado pela presença dela do que a de S, mesmo que ele viva encapuzado, com seu rosto escondido, a personalidade de S comparada a de Naomi, era de longe mais tranquila. Naomi tinha uma áurea intimidadora.

No quarto, Allan estava deitado com as mãos levemente enfaixadas. Apesar do quarto ser mobiliado com quatro camas, apenas ele estava utilizando aquela ala. Ele estava deitado na cama perto da janela, observando o sol que já estava se pondo. A luz laranja do entardecer banhava o local.

-- Você realmente foi surpreendente. Como diria S, você deu o seu melhor.

Allan se assusta com a presença de Naomi. – Me perdoe – Ele se ajeita na cama e puxa o lençol para tapar seu peito e abdômen, já que ele estava sem camisa. Chega a ser engraçado ver ele ruborizando ao perceber Naomi. Mas ela não estava olhando para ele, também olhava o sol se pondo.

-- Os raios amarelos e laranjas... – Ela divaga por alguns segundos nessas palavras e olha para ele, é estranho sentir um calor em seu peito ao ver ele daquela maneira. Allan com aqueles curativos e o rosto ruborizado, ficava muito mais cativante.

" O que, maldição, estou sentindo? Isso não acontece comigo. O que está havendo? Eu não sou fácil de ser cativada e agora posso quase sentir o meu rosto querer ruborizar" – Ela pensa.

Naomi desvia rapidamente o olhar dele, e volta a encarar o sol, para disfarçar o quanto estava sem graça.

-- É evidente que você se saiu bem nos testes. S concorda que o resultado é satisfatório. Allan, essa é a última vez que vamos te avaliar.

Aquela informação o pega de surpresa e um pânico o toma de supetão, ainda segurando o lençol até a altura do pescoço ele começa a sussurrar – Por favor não me deixem, eu me dediquei muito para esse projeto. -- Ele treme e sua voz se exalta -- Por favor, eu preciso sustentar a minha família. Eu posso me esforçar mais se for o caso, ou me submeter a outro tipo de experimento!

-- Ei, ei – Naomi o interrompe – Vá com calma. Não precisa se desesperar. – Ela se aproxima dele e entrega um envelope que tem na mão. – Allan, nós queremos sim que você se desenvolva mais, porém sabemos que não será possível com sua permanência aqui nessa instituição. Meu Sensei está lhe convidando a se juntar a nós, no nosso laboratório na China.

-- China?! – Allan sente seu coração acelerar.

-- Sim, não temos interesse de manter você aqui. Se aceitar terá um bom quarto em nosso alojamento, e sua verba será triplicada.

-- Triplicada?! – Ele pensa e seus olhos tremem. Ele já não ganhava mal, se isso significasse o triplo seria completamente o fim de todos os problemas de sua família.

-- Não precisa responder agora. Mas quero que saiba que, caso não aceite, não manteremos mais nenhum contato com você, ou seja, não haverá mais verba nossa para lhe pagar.

Allan a olha com os olhos arregalados, eram muitas informações. Ele abaixa a cabeça com uma confusão de sentimentos. – Entendo. – Ele diz com o peso da decisão em seu coração.

-- Isso é tudo. Dentro do envelope você encontrará um tablet que vai desbloquear apenas com a sua digital. Tem uma mensagem nele com a data e todos as informações de como proceder, caso aceite. – Naomi se encaminha em direção a saída.

Assim que ela encosta na maçaneta Allan a chama. – Senhorita Akemi – Ela para e vira para olhá-lo, e se surpreende ao ver lágrimas escorrendo de seus olhos. – Obrigado pela oportunidade. Se todo esse sacrifício ajudar a minha família, então tudo terá valido a pena.

Naomi apenas dá um aceno com a cabeça, como se concordasse e sai, com o choro dele entalado em sua garganta.


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Olá, Jú sensei falando aqui! O que está achando da história? Eu sei que ainda está muito no incio, mas quero lembrar que a sua opinião é muito importante. 

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Ribon - O despertar da alma ninjaOnde histórias criam vida. Descubra agora