Uma promessa para toda vida

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Cabelos cacheados brilhantes, balançam pela sala. A menina de bochecha rosada corre feliz pela casa em direção à cozinha. Sua mãe está de pé na bancada fazendo pão de mel, daqueles que o cheiro domina a casa inteira, o forno estava aquecido e deixava a cozinha aconchegante. Na ponta da bancada estava uma tigela com o chocolate que seria utilizado para a cobertura, a menina alegre não resiste à tentação, e como um gato, se aproxima cautelosamente.

Entrando na cozinha, se agacha, como se aquilo a deixa-se invisível. A empolgação que corria pelo seu corpo provocava nela risinhos que ela tentava, sem sucesso, esconder com as suas pequenas mãos. À medida que se aproximava, entre um risinho e outro, ela olhava para a mãe por entre seus cachos.

A mãe de Annika foi abandonada pelo marido logo que engravidou, pois ele não aceitava que Annika era fruto de uma inseminação artificial. Seu avô que era o dono da casa, faleceu um ano depois do nascimento da neta, a avó de Annika já tinha falecido antes. As duas, sozinhas naquela casa enorme, a única coisa que mantinha sua mãe firme era o sorriso da filha. Quando o laboratório começou a fazer experimentos com a menina, aquilo doeu muito, mas era a única forma de sustentar a filha, já que em sua cidade ninguém queria dar oportunidade a uma mãe solteira.

Annika, criança e sorridente, coloca as pontinhas dos seus dedos no pote de chocolate, era o seu troféu, já imaginando o gosto bom do chocolate ela agarra um pedaço e deixa outro escapar de seus dedos, e quando finalmente tomaria seu prêmio sua mãe agarra sua mão e ela grita com o susto.

— Você me assustou — Annika diz gargalhando, aquela risada de criança que comove corações inteiros. — Eu era um gato!

— Sim, você é minha gatinha, mas eu te vi.

— Você é a gata mamãe.

A mãe de Annika a pega no colo e a coloca em cima da bancada, e dá o tão sonhado pedaço de chocolate para a filha, que brilha os olhos ao receber o doce.

Antes de levar o pedaço de chocolate à boca, Annika faz um gesto para que a mãe se aproxime "Eu quero contar um segredo" ela diz ainda com o riso frouxo. Quando sua mãe chega perto ela dá um beijo no rosto da mãe, diz um "Eu te amo" e promete "Mãe, eu nunca vou te deixar"

-- Por favor não me deixe -- Annika, agora adulta, chora abraçada a sua mãe. A cozinha está fria, o forno desligado. Não tem mais pão de mel para elas compartilharem. -- Eu não posso deixar você ir.

Com muito esforço a mãe de Annika coloca a mão sobre a cabeça da filha, mas sem forças a mão escorrega facilmente. A menina se derrama em choro, um choro que dói dentro da sua alma. Mas ela sabia que estava prolongando o sofrimento de sua mãe. Ali, abraçada a ela, Annika começa a cantar a canção de ninar que costumava escutar dela.

Dorme, sonha e brinca de viver

Que eu estarei sempre aqui com você

Sobre ti esteja uma nuvem de amor

E que você seja sempre um doce

Meu amor

A canção melancólica e repetitiva ecoa pela cozinha que elas tanto compartilharam momentos de união, na sala onde as noites de feriados eram tão divertidas com brincadeiras até tarde. Inundando os quartos que acolheram tantos choros e momentos felizes de carinho e cuidado, até os momentos finais da doença de sua mãe.

Aos poucos Annika vai retirando seu chakra que mantinha os órgãos vitais de sua mãe ativos. Gentilmente ela estimula o corpo da mãe a produzir o sonífero da morte, para que ela não sinta mais dor.

O corpo de sua mãe dá o último suspiro e recai em seus ombros. Annika fica paralisada por alguns instantes, o silêncio a atravessa como uma faca, ela se afasta cuidadosamente da mãe. Ao olhar ela já sem vida Annika entra em extremo desespero.

S vai até a menina e injeta algo em seu pescoço, quase que imediatamente Annika cai adormecida no chão. Naomi confirma que a mãe está sem sinais vitais. — Vamos chamar uma ambulância.

O que Annika estava fazendo não era certo, o corpo de sua mãe não aguentava mais estar vivo e ela forçava isso com o seu chakra. Naomi já não se surpreendia mais com essas peculiaridades, sobre chakra ela já tinha estudado muito a mando de seu mestre. A sua surpresa e a de S, era o quanto Annika estava evoluída ao ponto de conseguir fazer tal feito.

Após o corpo de sua mãe ser levado, Annika acorda no sofá da sala, S e Naomi estavam à sua espera. Já era de manhã.

Annika acorda devagar e ao ver os dois a sua frente lembra do que aconteceu. Em um movimento brusco, ela se senta no sofá olhando a sua volta freneticamente.

— Onde está a minha mãe?

— Nós comemos — S faz uma piada muito sem graça e Naomi quase o cozinha com os olhos.

— Annika, — Naomi volta o olhar para a garota sentada no sofá — Sua mãe foi encaminhada para uma funerária da cidade, o atendimento emergencial esteve aqui, e constataram o falecimento dela. Agora ela descansa em paz. Você vai poder dar um descanso digno a ela. Nós estamos cuidando de tudo.

— Quem são vocês? Não são do laboratório.

— Eu já disse, nós somos representantes do mestre responsável por todo esse estudo. — Naomi se aproxima dela com o envelope na mão — Esse é o convite que fazemos a você. Abra quando estiver pronta. — Naomi faz um gesto para que S a acompanhe para fora da sala, mas antes de saírem ela volta para Annika e tenta ser gentil — Ela sempre vai estar com você.

Naomi e S saem da sala, suas coisas já estavam no carro que Naomi conseguiu alugar em cima da hora, ficar, só poderia gerar mais questionamentos e sofrimentos para Annika. Claro que o laboratório foi acionado e estavam mandando uma equipe para observar Annika de perto, além disso, ela não sabia, mas estava, a partir daquele momento, sendo rastreada.

Para o mestre de S e Naomi o que ela estava fazendo era extraordinário, mas muito perigoso para o sucesso do projeto. Se alguma autoridade descobrisse e quisesse investigar como Annika era capaz de fazer aquilo, seria problemático.

Parada na porta do carro, antes de entrar, Naomi olha para a casa de Annika. De todas as histórias essa era uma dor que ela conhecia. O que ela faria se pudesse fazer isso também? Ela seria capaz de salvar a própria mãe? Há algo nas memórias dela, daquela noite fatídica, que ela não consegue saber a verdade, mas ela sempre tem a sensação de que era ela quem segurava a arma. Balançando a cabeça para espantar o pensamento, entra no carro e dirigi.

O próximo destino deles era o mais complicado de todos, nas zonas de guerra da síria, a menina que eles precisavam encontrar estava atualmente em um campo de refugiados. Eles já sabiam que essa seria a missão mais difícil. Meses antes da partida deles para recrutar essas pessoas, uma equipe especializada em "resgates" foi acionada para rastrear a recrutada. O centro hospitalar que ela ficava internada para os estudos, assim como o centro de estudos, foram destruídos pelos bombardeios. Ela escapou com vida, na verdade ela só escapou com vida devida a sua peculiaridade. S e Naomi estavam indo a caminho de uma zona de guerra.

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Olá, jú sensei falando aqui! 

Esses recrutados cada vez surpreendem mais! Você já consegue fazer uma ligação deles com os seus "descendentes?"

Quem será a próxima pessoa a ser recrutada? 

Ribon - O despertar da alma ninjaOnde histórias criam vida. Descubra agora