A árvore da vida

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Como achar alguém que não fica fixo em um só lugar, no meio a Índia? Naomi e S finalmente estão na reta final da viagem, quase uma volta ao mundo. Agora, mais perto de casa, já que a índia faz divisa com a China. Pousando no aeroporto de Chaudhary Charan Singh, Naomi e S já se deparam com um desafio: chegar à vila Khajuriya Sarki onde o recrutado Odara Raj deu sinal de vida pela última vez.

— Que droga! — Naomi esbraveja no aeroporto. Por conta de alguns atrasos na viagem, eles chegam justamente no dia em que uma festa religiosa paralisa todo o país para ser comemorada. A festa das cores. Mesmo estando longe da capital, a festa é comemorada fortemente em todos os lugares. As pessoas vão para a rua se divertir e beber, o que fica impossível de se locomover, pois as ruas estão praticamente tomadas pelos indianos festeiros.

— Existe uma opção. — S aponta para o lado de fora do aeroporto. Do outro lado da rua está uma fila de Tuk Tuk, um meio de transporte como uma moto, mas coberto e que comporta até dois passageiros.

Naomi revira os olhos, mal tinha se recuperado do susto na Síria, pois até a volta para o aeroporto tinha sido desconfortável. Ela leva a mão no rosto e respira fundo. Não tinha outra opção, esperar a festa passar demoraria muito e arriscar um carro seria loucura. Mas é claro que o Tuk Tuk não os levaria até o vilarejo, a grande saída no fim das contas seria ir de trem.

Muito a contragosto Naomi e S entram no veículo. Para Naomi, estava sujo. Sabemos que a índia não é um país referência em limpeza. E de fato passar entre o festival seria uma loucura, nas ruas paralelas já se ouvia a música alta e em uma esquina um grupo de pessoas muito animadas jogam o pó colorido dentro do Tuke Tuke. Naomi está com um lado do rosto cor de rosa. S e o motorista do Tuke Tuke riem, mas a vontade dela era descer e espancar cada uma das pessoas que jogaram o maldito pó.

Depois de muito engarrafamento e mau humor, finalmente eles conseguem chegar na estação do trem, talvez a única coisa que estivesse funcionando naquele dia. Para a sorte deles existia um dos trens que possuía a categoria 2A, que para os trens de longa distância da índia é considerado a Primeira Classe. O vagão não era apenas deles, mas teriam camas limpas e ar condicionado, levando em consideração todos os perrengues que eles passaram, isso parecia uma boa notícia. A viagem duraria seis horas até a estação próxima ao vilarejo, mas de lá eles teriam que arrumar um motorista para levá-los ao vilarejo.

— Eu não vejo a hora dessa viagem acabar. — Naomi deitada na cama, tenta ignorar o som alto que um trio de indianos estava fazendo nas camas vizinhas, está esgotada. Foram dias intensos de viagens, sem pausas. O ocorrido na Síria mexeu muito com a estabilidade mental dela, toda vez que ela pensava na situação o estômago dela se revirava.

Falando em estômago, o serviço do trem disponibiliza uma refeição, arroz com curry, típica comida indiana. Como era uma comida de trem, não poderia esperar muito daquele prato. Naomi encara a porção de comida que é servida em uma forma de alumínio descartável, enquanto ela e S encaram aquilo como algo intragável, os seus vizinhos de vagão devoram cada grão de arroz como se fosse a coisa mais deliciosa da vida. Eles são rudes ao mastigar, fazendo barulhos altos enquanto comem. Quando um dos caras arrota alto, Naomi tampa a comida e desiste de uma vez de tentar se alimentar.

Mais três horas de viagem. Ficar deitada parecia que só piorava a situação, então Naomi passou as últimas duas horas de viagem observando o pôr do sol da janela dos assentos disponíveis no vagão.

— Finalmente! — Naomi diz aliviada ao descer do trem. Na volta eles fariam questão que a viagem fosse feita de carro até o aeroporto, era a última viagem antes de voltar para a casa.

— Segundo as últimas informações, ele está fazendo um trabalho voluntário em um local afastado do centro o vilarejo, ajudando pessoas de castas inferiores a terem moradia. Esse Raj abandonou o estudo logo que conseguiu a maior idade, nem o dinheiro da bolsa ele quis, porém, sempre manteve contato, acho que ele sabia que esse dia chegaria. — S relata.

Ribon - O despertar da alma ninjaOnde histórias criam vida. Descubra agora