II

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O que todos esperam com a chegada da vida universitária são as festas feitas por alunos, para alunos em um local onde alunos são a alma do local.

A calourada é sempre bem esperada. Música boa, galera se divertindo e o melhor de tudo: bebida. Apesar de não ser um fã dos destilados, confesso que de vez em quando é bom para abrir os pensamentos.

A única parte ruim de beber é que, querendo ou não, ela te empurra pro banheiro e te deixa mais tonto que um soco.

Lá fui eu ao banheiro novamente, havia parado de contar na quarta vez. Ana era tipo a minha guarda, serviço trocado. Ela me esperava na porta e eu fazia o mesmo caso ela precisasse ir.

Antes de tudo me olhei no espelho. O cabelo bagunçado realmente me deixava com um ar de "garoto malandro".

O garoto ruivo da minha turma tinha acabado de sair de uma das cabines que estava trancada quando cheguei.

— Timothéo, correto? -perguntei enquanto encarava o garoto pelo espelho.

— Pode me chamar de Tim, não me importo.

A bebida não me fazia bem e por esse motivo eu evitava ao máximo. A tontura, cedo ou tarde, me fazia cair.

Tim conseguiu me segurar antes que algo pior acontecesse. Quando digo algo pior eu não penso em cair no chão ou algo parecido, mas sim um dos calouros fazer algo e me deixar com uma péssima história no campus.

No momento em que me segurou eu pude sentir os músculos dos seus braços se contraindo, apesar das muitas camadas de roupas que ele costuma vestir para esconder o seu porte físico um pouco abaixo dos outros. Também pude sentir o aroma madeirado do seu perfume e até mesmo do seu hálito de hortelã fresco. A mistura de cheiros me traziam belas lembranças da cafeteria em que minha mãe costumava me levar aos sábados.

Logo me recompôs e pedi desculpas por ter feito ele passar por aquela situação.

— Não precisa se desculpar, todos tem uma fraqueza.

Eu não conseguia falar mais nada. Nossos olhares haviam cruzado e ficamos ali um bom tempo esperando a reação um do outro.

— É, vou indo. Melhoras!

EspatódeaOnde histórias criam vida. Descubra agora