Capítulo 9

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Depois de um tempo, percebi que Anne e Mary haviam ido embora. Minha futura reputação está arruinada.

Cinco minutos depois, alguém bate na porta. Sei que é minha mãe. Por isso vou permanecer calada, eu só preciso chorar.

Ela abre a porta. Enfiei a cabeça no travesseiro. Não preciso de mais sermão.

— Liv?

Não respondi.

— Olívia —minha mãe se sentou na cama—, não sei se entende, mas já tive a sua idade e sei o quanto é ruim quando seus pais não te deixam sair. Pode crer, todos os dias dou graças a Deus por você ser você, porque eu fugia pela janela. Sei que você não merece isso, mas entenda, eu nem conheço esse rapaz! Eu sei que você tem juízo, mas tenho medo de como ele pode tratar o meu bebê!

Eu não queria ouvir isso; eu já entendi, eu estava errada, eu não iria ao cinema e pronto. Eu não consigo parar de soluçar.

— Olívia, você já tem dezessete anos, sei que não devo tratar você assim. —minha mãe respirou fundo. — Que horas é a sessão?

Levantei levemente a cabeça do travesseiro. Meus olhos estão tão inchados que mal posso abri-los.

— Hum?

— Sabe, andei pensando sobre você estar no último ano da escola e já já terá que entrar para uma faculdade e aprender a se virar sozinha. Eu te amo muito, por mim, esse dia não chegaria nunca, mas não posso te proteger para sempre. Corra, não deixe o garoto esperar muito tempo, faça do seu primeiro encontro o melhor do mundo. — minha mãe piscou para mim.

Minha mãe é a minha melhor amiga, ela sabe tudo sobre mim: sabe que eu escovo o dente duas vezes de manhã. Sabe que eu odeio roupas laranjas. E saber que esse é meu primeiro encontro não é diferente, mas não acho que seria muito difícil saber.

— Obrigada, obrigada, obrigada! — abracei-a. — Espera. E Anne e Mary?

— Foram para casa se arrumarem.

— Ah sim. Mãe, com que roupa eu devo ir?

— Ah, você tem um vestido rosa-claro que fica lindo em você.

O vestido rosa-claro que meu pai me deu no mês passado. Ele realmente fica lindo em mim.

— Obrigada mãe — peguei o vestido e fui correndo me trocar.

***

Estou sentada no sofá mandando mensagens para Ethan. Eu já estou ficando nervosa. Estava arrumada e maquiada (as meninas só toparam ir se eu deixasse que elas me maquiassem.) As meninas estavam ao meu lado esperando Ethan; elas resolveram ir de chapéu, pois ajudaria no disfarce e levariam um casaco na bolça. O relógio marcava oito horas, a sessão é só às nove.

De todas nós, a minha mãe era a que estava mais inquieta. Ela andava de um lado para o outro e eu sabia o motivo; ela queria que desse tudo certo no meu primeiro encontro, ela sempre planejou um "felizes para sempre" para mim.

Poucos minutos depois, o interfone toca e o porteiro avisa que "um tal de Ethan estava me procurando". Eu percebi que Ethan era até que bem pontual e eu que estava ansiosa demais.

— Olá! — Ethan cumprimentou com um sorriso. Ele estava nervoso.

— Oi! — abracei-o. Ele estava mais cheiroso que o comum.

— Acho fofinho o fato de você ter que ficar na ponta dos pés para me abraçar — Ethan sussurrou enquanto eu o abraçava. Bati de leve em seu braço e balancei a cabeça em reprovação.

Eu sou bem baixinha, devo ter um e cinquenta e cinco de altura; mas é claro, sempre que me perguntam, eu afirmo ter um e sessenta.

Ethan sabe dirigir e nos leva até seu carro e eu me sento ao seu lado no banco da frente. Eu acho que também quero aprender a dirigir, sabe, para poder ir com as meninas ao shopping e poder me exibir na escola (mesmo ela não ficando tão longe da minha casa.)

— No que tanto pensa? — Ethan perguntou, inclinando-se um pouco mais para o meu lado.

Pensando bem, acho que seria meio vergonhoso se eu contasse.

— No filme.

— Ah! — Mary se intrometeu enfiando a cabeça pelo espaço entre mim e Ethan. — Eu acho que vai ser até que bem divertido. Adoro filmes de ação!

Ethan se encolheu levemente no banco. Rá! Ele tem vergonha das minhas amigas!

O cinema não fica muito longe da minha casa, na verdade, nada fica; eu moro no centro da cidade, literalmente, no meio de tudo.

Assim que chegamos, Anne começa a por o plano em prática. Ela começa a falar ao telefone com um suposto líder do grupo do trabalho extra de espanhol.

— Olívia, o Georgie ligou e disse que a reunião é agora.

— Ah, meu Deus! — seguro um riso, como Anne pode atuar tão bem?! — Ethan eu... tenho que ir.

— Não! — Anne protesta — Eu e Mary vamos, anotamos tudo e depois passamos para você.

— Mas Anne... — Mary também é uma ótima atriz.

— Sem "mas", Mary! A Olívia precisa se divertir um pouco. Vamos.

Um curto silêncio preenche o local. Estava tudo dando certo.

— Quer que eu leve vocês até lá? — Ethan pergunta, timidamente.

— Não, obrigada, vamos pegar um taxi — Anne afirmou. — Eu aconselho vocês comprarem os ingressos e entrarem logo, se quiserem ficar com os melhores lugares.

— Tudo bem. Tchau, meninas! — Ethan disse, pegando na minha mão e me levando para a bilheteria. Dou uma olhada para trás e vejo Anne segurando seu casaco e piscando para mim.

Agora sim, eu não estava sozinha com Ethan e ao mesmo tempo, as meninas não iriam nos incomodar. Perfeito!

Minha lista de (não) namoradosOnde histórias criam vida. Descubra agora