Capítulo 15

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— Já que você gosta de filmes, por que não assistimos um? — Peter perguntou, assim que acabamos de almoçar.

— Boa idéia. Vá escolhendo um filme enquanto eu lavo a louça.

— Nem pensar — Peter protestou —, eu lavo.

— Nem pensar! — agora é a minha vez de protestar. — Visitas não lavam a louça.

— Pelo amor de Deus, Liv, não me trate assim, não sou uma visita!

Abri a boca para falar, mas fui interrompida pela campainha.

— Quem é? — perguntei.

— Mary!

Peter arregalou os olhos. Ainda bem que Mary (quase) sempre toca a campainha antes de entrar, porque a porta está aberta.

— Estou ocupada.

— Eu e Jimmy vamos fazer una maratona de filmes dos anos oitenta e pensamos que você gostaria de vir. Pode chamar Ethan, se quiser.

Merda. Peter abaixou a cabeça.

— Tudo bem, Mary; mas não esperem por mim. — disse. Por mais incrível que pareça, um nó está se formando em minha garganta.

Peter ainda está cabisbaixo. Eu feri seus sentimentos?

— Seria mais fácil você ter contado antes que eu descobrisse. — disse Peter, ainda encarando os pés.

— Não estamos namorando, Peter
— respirei fundo. Preciso manter a  calma.

— Eu realmente achei que fossemos amigos. Agora eu percebi, você mudou muito.

Isso realmente doeu. O nó na minha garganta só se aperta, sinto que vou desmoronar a qualquer momento.

— Peter, eu sou sua amiga, nunca mentiria para você! — disse, com os olhos cheios d'água.

— Olívia, pare de mentir! Me diga logo a verdade, não vou ficar chateado.

— Que merda, Peter! Acredite em mim!

— Sério? Foi exatamente o que disse antes de Mary te desmascarar. Para mim, já chega — disse Peter, indo até a porta.

— Espera! — agarrei seu pulso. Minha visão está embaçada por conta das lágrimas. — É uma explicação que você quer? Então, eu vou te explicar.

Estou tentando manter a calma. Peter e eu já brigamos, quando crianças, mas na maioria das vezes era para decidir qual o desenho mais bonito. Peter nunca gritou comigo. Ele é a pessoa mais calma que eu já conheci; eu me lembro de quando ele bagunçou o meu quarto, passei meia-hora gritando com ele, mas ele apenas se desculpou e arrumou a bagunça.
No que nos tornamos?

Peter — respirei fundo —, eu e Ethan não estamos namorando.

Peter abriu a boca para dizer alguma coisa, mas o interrompi.

— Calma, agora é a minha vez de falar. Bom, nos conhecemos no início do ano, há pouco tempo. Fomos nos conhecendo e viramos amigos, só isso.

Peter está vermelho como um pimentão.

— Olívia, não acho ruim que namore. Só gostaria de saber, se estivesse acontecendo. Sei que passei muito tempo longe, mas ainda somos amigos, não é?

O abracei. Peter tem o melhor abraço do mundo.

— Fique tranquilo, você é o meu melhor amigo.

— Fico feliz em saber.

Respirei fundo. Não quero encara-lo, está bom aqui.

— Me desculpe por ser tão ciumento. — Peter disse, quebrando o silêncio.

— Me desculpe por não ter te explicado antes — apertei mais o abraço. É como se eu pudesse perder Peter novamente. Não quero que isso aconteça nunca mais.

— Quer ir assistir os filmes com a Mary? Eu posso ir para casa.

— Não. Quero que ela fique a sós com Jimmy. Vamos assistir um filme aqui — o encarei, levantando o pescoço.

— Como quiser.

***

Curtindo a vida adoidado realmente é um filme bom. Você tem realmente um ótimo gosto para filmes — disse Peter.

— E você disse realmente duas vezes — brinquei. — Vou lavar a louça.

— Já disse que vou lavar — disse Peter, vindo atrás de mim.

Comecei a lavar a louça e Peter ficou ao meu lado. Começamos a competir para ver quem lavava mais pratos. Peter jogou um pouco de água no meu rosto.

— Aí! — joguei um pouco de água em seu rosto também.

E assim começou uma guerra de água.

— Olívia, olha quem chegou de viagem! — disse Mary, acompanhada de Anne. As duas ficaram paralisadas com a cena.

Minha lista de (não) namoradosOnde histórias criam vida. Descubra agora