Capítulo 10

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Ethan é um verdadeiro cavalheiro. Eu tentei pagar o meu ingresso e a pipoca, mas ele não deixou, afirmando que "Quem ofereceu o passeio deve pagar por ele".

Assim que chegamos, coloco meu cardigan rosa-claro nos ombros. O cinema é um pouco frio.

Escolhemos duas cadeiras no meio do cinema, um lugar muito bom, pois tem uma visão perfeita do telão. Anne e Mary chegam mais tarde e sentam-se mais para o lado esquerdo, uma fileira atrás de nós.

— Já está com frio? — Ethan sussurou.

— Um pouquinho. Faz tempo que não venho aqui.

— Eu diria que poderíamos fazer isso mais vezes, mas devemos experimentar coisas novas. Eu cheguei na cidade há pouco tempo, ainda quero conhecer muitas coisas.

— Então você fez amizade com a pessoa certa. Eu conheço tudo por aqui.

E eu não estou mentindo. Eu nasci aqui e nunca mudei de cidade. Eu lembro que, por uma época, quando eu tinha sete anos, eu coloquei na cabeça que deveria ir de patinete até a casa de Anne e Mary quando elas moravam longe. Eu me perdi e sem querer, conheci boa parte da cidade antes de entrar em desespero — e minha mãe nunca mais me deixou andar de patinete sozinha até eu fazer onze anos.

— Ah, isso é muito bom!

Eu queria perguntar muitas coisas. Queria perguntar onde Ethan morava. Queria perguntar quando ele chegou. Queria perguntar se ele estava gostando daqui. Queria perguntar se ele ficaria por muito tempo. Mas, o filme começou.

O filme era até legal, mesmo filmes de ação não sendo os meus preferidos. Estava tudo indo bem até Ethan passar o braço ao redor dos meus ombros.

Pronto. Eu não sabia de mais nada. Não sabia que filme era esse, esqueci completamente a história. Eu só conseguia pensar que Ethan estava me olhando e eu precisava agir como se isso não fizesse diferença.

Só que chegou uma hora quando eu realmente pensei: "Será que ele veio ao cinema comigo para ficar me olhando?" Então, resolvo perguntar:

— O que houve? — me virei para ele. Seus olhos estavam mais verdes do que nunca.

— Nada — Ele disse e acariciou de leve o meu ombro com a ponta dos dedos. Sinto meu rosto esquentar e involuntariamente, abro um sorriso.

Por que eu fiz isso?! Agora ele vai pensar que eu gosto dele!

Por sorte, Ethan virou para frente e focou no filme. Ufa! Não sei como reagir se ele me visse corada.

O filme foi longo. Ou não. Sabe, com Ethan Moore te olhando, o tempo passa mais devagar.
Quando saímos, fomos para a praça que fica perto do cinema, fica tão perto que nem precisamos ir de carro.

Prometi para minha mãe que voltaria até meia-noite e meia, e eram onze horas. Estava tudo escuro, só tínhamos a luz dos postes e a luz da lua. Eu sabia que Anne e Mary estavam atrás de nós, mesmo elas estando irreconhecíveis pois colocaram boa parte do cabelo dentro do casaco, assim, pareciam ter o cabelo curto. Elas também estavam de óculos, me perguntei aonde elas haviam arranjado-os.

— Está um pouco frio aqui fora
— Ethan esfregou as mãos. — Quer ir para casa?

— Não, não agora.

Ethan pegou na minha mão e ficamos de frente um para o outro. A virada fez meu vestido balançar um pouco.

— Esqueci de dizer, mas você está incrivelmente linda hoje. N-não que você não esteja sempre, mas hoje...

— Relaxa, eu entendi — pisquei para ele e o vi relaxar um pouco. — Você também está muito bonito.

Ethan está usando uma calça jeans com a barra dobrada e uma camiseta polo azul escura. Gostei do tênis preto dele.

— Obrigado — Ele respondeu corando um pouco.

Ele está se aproximando devagar. Um frio percorre a minha barriga. Eu não sei o que fazer, eu não quero recuar, mas também não quero ser beijada no meu primeiro encontro.

— Espera! — protestei. — Você... ia me beijar?! Ethan, você ia me beijar?!

Anne e Mary bateram a mão na testa atrás de nós. Ah não. O que foi que eu fiz?!

— O-Olívia eu n-não ia te beijar! É que tem uma pipoca no seu cabelo — ele tirou a pipoca dali. — Pronto.

Ah, meu Deus. Eu quero fugir, quero me esconder e chorar para sempre. Não quero mais ir à escola, não quero mais olhar para Ethan. Eu estou corando mais e mais e começando a tremer. O que foi que eu fiz?!

Liv, por que achou que eu ia te beijar? — Ethan perguntou carinhosamente. Ele notou o meu desespero.

O nó na minha garganta se apertava mais e mais. Se eu falasse muito, eu ia chorar sem parar.

— E-eu não sei, eu sinto muito — disse com a voz fraca e respirei fundo. — Me leva para casa, por favor.

— Olívia, não fica assim — ele colocou meu cabelo atrás da orelha. — Você queria que eu te beijasse?

Só falta essa. Se eu disser que sim, ele provavelmente vai me beijar, mas não vai ser o beijo perfeito. Ele vai me beijar para não me deixar chateada, mas não seria o meu beijo dos sonhos.

— Não, eu estava nervosa. Eu fiquei com medo de você me beijar. — Não, Olívia, não! Qual foi a necessidade de eu dizer isso?!

— Olívia, você já beijou alguém?

— Isso não importa.

Já era. Aposto que já já a escola inteira vai ficar sabendo que "Olívia Fisher nunca beijou ninguém".

Ethan soltou uma risada fraca. Eu quero fugir, mas não consigo me mover. Sinto meus olhos marejarem.

— Se te serve de consolo, só beijei uma pessoa até hoje. E pior, foi ela que me beijou.

Ri um pouco. Não é qualquer garoto que sai por aí falando sobre seus vexames na vida amorosa, principalmente à essa altura do campeonato, onde tudo o que importa é ter uma reputação legal para levar para a faculdade.

— Você quer ir para casa?

— Quero, por favor.

Então, fomos até o carro sem falar uma palavra. Anne e Mary foram para casa, elas precisaram ir embora mais cedo para eu não chegar antes delas em casa, já que eu iria de carro.

Quando chegamos, Ethan parou o carro e comecei a falar.

— Obrigada pelo passeio, foi bem legal. Desculpa por ter sido inconveniente e pensar que você iria me beijar. Eu sou uma boba.

— Eu que agradeço pela companhia. Olha, não quero que o clima entre nós fique estranho, então, podemos simplesmente esquecer o que aconteceu? Prometo que isso ficará só entre nós.

Maravilha.

Claro. Esquecido.

Ethan se aproximou e beijou a minha bochecha.

— Até amanhã, então.

— Até amanhã — saí do carro. Ethan esperou que eu entrasse, então, Anne e Mary não se aproximaram até ele sair.

As meninas não tocaram no assunto do "beijo" até chegarmos em casa, onde, por bem ou por mal, eu teria que falar, já que minha mãe quis saber sobre todos os detalhes. Ficamos acordadas até bem tarde conversando e as meninas decidiram dormir na minha casa.

Minha lista de (não) namoradosOnde histórias criam vida. Descubra agora