Peter e eu estamos indo a pé para casa porque o carro que ele costuma usar é, na verdade, de seu pai.
— Minha mãe não vai acreditar quando eu disser! — Cortei o silêncio.
Peter, que estava chutando uma pedra, inclinou a cabeça um pouco para baixo e olhou para mim.
— Sabe, achei que você fosse me odiar.
— Odiar? — franzi a testa. — Por quê?
— Eu sei lá, acho que porque eu fui embora.
— Peter, não foi culpa sua. — Sorri.
Assim que chegamos ao prédio, Peter parou e disse:
— Isso aqui não mudou quase nada.
Adentramos o prédio, Peter ficou um pouco decepcionado pelo fato do porteiro não se lembrar dele, já que passávamos muito tempo conversando com ele, que era mais novo na época.
— Eu estou muito ansioso para ver a sua mãe. — Peter disse ofegante, enquanto subimos as escadas.
Abri a porta. Minha mãe vai se surpreender com a aparência irreconhecível de Peter.
— Mãe, cheguei!
— OH, MEU DEUS! — disse minha mãe, assim que chegou na sala. Ela abraçou Peter. — Peter, como você cresceu!
Peter sorriu de canto para mim. Será que eu sou a única que achei Peter diferente?
— Tia Jojô, senti sua falta! — Peter retribuiu o abraço.
— Aw, você não mudou nada! Afinal, você veio nos visitar?
— Bom, na verdade o meu pai conseguiu uma transferência para cá e, por sorte, estou na mesma escola que a Olívia. — Sorriu.
— Que bom que voltou! — minha mãe olhou o relógio. — Eu adoraria ficar aqui, mas, tenho que voltar para o trabalho.
— Tchau, mamãe. — eu disse.
— Tchau, Tia Jojô.
— Tchau, crianças. Olívia, eu deixei o frango no forno, almocem quando estiver pronto.
— Tudo bem.
Minha mãe acenou e fechou a porta atrás de nós.
— Viu, sua mãe se lembrou de mim.
— Eu também lembrei! — dei um tapa de leve em seu braço. — Mas você mudou. Afinal, quanto você mede? Eu era pouco menor que você quando foi embora.
— Acho que um e setenta e nove — Peter sorriu, debochado. — Olívia, você sempre foi baixinha.
Mostrei a língua em resposta. Quanta maturidade.
— E aí, você ainda tem vídeo-games?
— Acho que sim. Eu passo a maior parte do meu tempo estudando ou vendo filmes.
— E Anne e Mary?
Acho estranho ele perguntar isso, do nada, já que a relação entre eles nunca fora boa.
— Elas estão bem.
— Vocês ainda são amigas?
— Sim. Na verdade, elas inclusive moram aqui.
Peter ficou tenso.
— Tranque a porta, por favor. Eu lembro que elas jogavam balões com água em mim.
— Relaxa — sorri —, elas estão mais tranquilas. Eu acho.
— Acha? Anne derrubou café em mim!
Ri, deve ter sido hilário!
— Não ria, ela manchou meu casaco!
— Calma, Peter. Anne está na Virgínia e só volta amanhã.
— Ufa!
Ficamos em silêncio. Um cheiro incômodo começou a surgir. Eu e Peter nos entreolhamos. O frango.
Corri até a cozinha e abri o forno.
— Bom — Comecei a abanar o forno —, acho que da para salvar algumas partes.
— Oba! — Peter sorriu. — Estou morrendo de fome.
Essa é uma das coisas que eu mais amo em Peter, a capacidade de ver sempre o lado bom das coisas, é bem difícil alguma coisa abalar Peter a ponto de fazê-lo desistir.
— Hum. — Peter disse, com a boca cheia. — Isso está melhor do que eu imaginei!
— Que bom. — cortei mais um pedaço de frango para mim. — Peter, você e Ethan se conhecem há muito tempo?
— Na verdade, não, eu conheci ele porque era amigo de Joe. Por quê?
— Nada de mais.
— Vocês estão namorando?
Gelei.
— O que?! Claro que não!
— Então me dê uma boa razão para estar corando.
— São seus comentários bobos! Ethan e eu somos apenas amigos. — disse, mas percebi que Peter não acreditou e que estava desconfortável. — Peter, estou falando sério.
— Eu acredito em você!
Ah, isso não pode estar acontecendo. Preciso mudar de assunto.
— Qual seu filme favorito?
— Bom, tenho vários.
— Ah, fala sério, todo mundo tem um filme que gosta mais.
— Sério, eu não sei. Eu gosto de filmes de super-heróis.
Gargalho alto. Peter tem esse amor por filmes de super-heróis desde sempre. Nunca vou me esquecer do dia em que ele colocou uma panela na cabeça, pegou um martelo de seu pai e disse ser o Thor. Ou de quando ele passava cola nas mãos e fingia ser o Homem-Aranha.
— Ah, qual é? Foi você quem perguntou.
— Tudo bem, Thor.
— Ah, meu Deus, você ainda se lembra disso! — Peter escondeu o rosto nas mãos.
— Esse dia foi inesquecível!
Peter riu e começou a me encarar, sorrindo.
— Eu senti muito a sua falta, muito mesmo.
— Eu também. Por favor, não vá embora.
— Não, agora eu vou ficar. — Sorriu.
O momento está tão bom, não precisa acabar.
Peter pegou mais um pedaço de frango.
— Falando sério, esse frango está maravilhoso.
Agora, que estou observando a maneira que Peter come, seus comentários e tudo mais, percebo que ele realmente não mudou quase nada.
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Minha lista de (não) namorados
Novela JuvenilOlívia Fisher é uma adolescente de dezessete anos que se sente completamente diferente das outras pelos simples fato de não ter um namorado, coisa que ela não da muita importância (e sorte). Pois bem, ela não está sozinha. Suas amigas Mary e Anne es...