Esteja Avisada

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A recepção do hospital nunca foi tão cheia. Não havia lugares nem mesmo para sentar. Havia médicos para lá e para cá. Correndo. Tomando café. Sentados, descansando. E alguns até, batendo papo.

Olivia e Alice entraram correndo pela porta principal. O desespero era tanto, que parecia que tudo estava em câmera lenta. Em meio a caótica situação, um milhão de sentimentos passavam pela cabeça de Ficcher e Bucker. Um turbilhão de coisas. Um medo sem fim.

Na mente de Alice, tudo já estaria arquitetado. O funeral. O enterro. Ela já estava preparada para o pior. Enquanto Olivia, imaginava como seria sua vida sem Liz. Os dias que passaria se lamentando por tudo, se embriagando. Os dias que passaria deitada em sua cama, só esperando a própria morte. Ela imaginou que Rebeca iria embora. Que Alice levaria Hope para longe.

Acreditem : Tudo isso se passou dentro da cabeça de duas pessoas em menos de dois segundos:

- Por favor! - Disse Alice, ofegante. Interrompendo O lazer da recepcionista em olhar o nudes que seu namorado acabara de lhe enviar, pelo celular. - Minha filha... (respiração)... Minha filha.. Nós precisamos saber como ela está.

- Ela levou um tiro.. - completou Olivia, também ofegante - Cadê ela?

- Se acalmem. Por favor. - disse a recepcionista. - Sentem que daqui a pouco os médicos vem dar notícias. Ela provavelmente está na sala de cirurgia.

- MOÇA.. POR FAVOR - gritou Olivia, surtando. - EU QUERO VER A MINHA FILHA.

- Senhora.. Vou pedir que se acalme! - Exclamou a recepcionista, já irritada.

- VOCÊ SABE QUEM EU SOU?

- Eu não dou a mínima pra quem seja! Aqui é um hospital e a senhora vai se acalmar, antes que eu chame os seguranças.

- Vem amor! - Disse Alice, pegando Olivia pelo braço. - Vamos nos sentar ali.

Olivia encarava a recepcionista com ódio nos olhos, mas mesmo assim fez o que sua esposa havia pedido. Se sentou em uma poltrona branca ao lado de Alice. Porém, não parou de encarar a mulher da recepção.

Algo incomodava a Toda Tatuada, ela olhava, inquieta, pela janela. Procurando sabe-se lá o que. Mas ela sentiu como se algo estivesse errado ou prestes a acontecer. Suas mãos, novamente, estavam frias. Ela soava. Sua respiração voltara a estar ofegante. E seu coração, disparado:

- Amor? - Chamou Alice - Você está bem?

- Alice... Tem algo errado! Eu posso sentir! - Exclamou Olivia, em voz baixa.

- Amor.. Você só está nervosa.. Calma.

- Não! Tem algo errado...

Foi só Olivia dizer essas palavras " Tem algo errado" que coincidêntemente, entraram pela porta três rapazes trajando roupas pretas e por cima, os jalecos do hospital. Alice ao ve-los, sentiu um arrepio na espinha. Fortemente, ela apertou a mão de sua esposa.

Novamente, tudo parecia se mover em câmera lenta. Até mesm a piscada de olho que um dos rapazes fez ao encarar Olivia.

Eles passaram pela recepção e foram direto para o andar de cima, onde ficavam as salas de cirurgia.
No terceiro andar, um alvoroço começou ao ouvirem barulhos de metralhadoras. No meio da multidão que corria, uma pessoa com uma máscara de palhaço passou dentre os que estavam atirando. Ele caminhou diante as pessoas em pânico e entrou dentro da sala 06.

Médicos e enfermeiras, apavorados, ficaram o parados ao lado do corpo de Liz. Que descansava após a cirurgia. Já com curativos, ela dormia ao efeito de uma anestesia :

- PARA TRÁS! - gritou a pessoa máscara. Pela voz, sabia-se que se tratava de uma rapaz jovem e bem psicotico. Diga-se de passagem.
Os dois cirurgiões que estavam na sala, tentaram empedir a entrada do mascarado. Mas dois de seus homens apontaram as metralhadoras em suas direções. Intimidando-os.

- Levem-na daqui! - Disse o mascarado. Dando passagem para outros dois homens que empurraram a maca onde Liz repousava, para dentro de um elevador panorâmico.

A quadrilha saiu correndo com a maca por de trás do hospital. Estava um caos.
Lá fora, havia uma combi branca, onde já esperavam com as portas abertas. Os homens colocaram Liz para dentro e o motorista arrancou para fora do hospital, rumo à uma avenida.

- LIIIIIIIIIIIIIIIIIIZ! NÃOOOOOOO! - gritou Olivia, que chegou correndo, porém tarde demais. Ela ficou parada na porta de trás do hospital, olhando a combi branca até que ela sumice pelas ruas de Miami.

Alice se aproximou de sua esposa que espumava pela boca, de raiva :

- O que está acontecendo Olivia? - Perguntou a loira, toda ofegante, causada pela corrida. Sua esposa não respondeu a sua pergunta. Apenas sentou ao chão e começou a chorar.- Olivia? Me diz.. O que está acontecendo?

- Não importa mais...

- Não importa mais?!! A nossa filha foi sequestrada e você me diz que não é nada demais?

Olivia mais uma vez de manteve quieta, mas ainda chorando. De cabeça baixa. Alice deu as costas e começou andar para dentro do hospital, como se estivesse muito brava. Olivia olhou para trás e gritou :

- ONDE VOCÊ VAI?

Alice, sem paciência voltou com raiva em seus olhos:

- Eu vou salvar minha filha!! É o que eu vou fazer, Olivia. - respondeu a loira. Olivia se levantou do chão, espantada pela forma que sua esposa estava. Ela nunca havia visto Alice Ficcher daquele jeito.

- Como? - Sorriu Olivia, debochando do que acabara de ouvir.

- Você é tão esperta Olivia Bucker que não consegue ver o óbvio. Você acha mesmo que eu não sabia o que você e Rebeca andava m fazendo? Você acha mesmo que eu não recebi ligações do chefe do FBI? Burra de você que não percebe que eu sou a única pessoa que poderia ter ajudado nisso tudo. Eu "trabalhei" para o Rayn Anderson. Esqueceu? Sei tudo o que ele planejou para você. TUDO. ENTÃO VOCÊ PODE FICAR AÍ SENTADA CHORANDO, QUE É O QUE VOCÊ FAZ DE MELHOR. POIS EU VOU ACHAR A MINHA FILHA. EU.

- Alice...

- Olha eu agradeço pelo que você fez por mim, pela Rebeca, por todo mundo. Mas se algo acontecer com Liz por que você quis bancar a "salvadora da pátria"... Eu nunca mais olho na sua cara. Eu nunca vou perdoar você. Quando tudo isso acabar, eu vou pegar a Hope e ir embora. Esteja avisada.

O coração de Olivia se desfez naquele momento. Em toda sua vida, ela fora acostumada com a partida de pessoas mas ela jamais pensou que Alice à deixaria. E isso foi choque. Bryan, depois de alguns segundos, apareceu com a mão sangrando. Como se tivesse brigado com alguém :

- Pessoal? - disse ele, ofegante. Cortando aquele climão.

- Bryan.. Quero que me leve a um lugar! - Exclamou Alice, olhando para ele. - Vamos.

Sem entender muito bem o que estava acontecendo, Bryan concordou com Alice e os dois saíram do local rumo ao estacionamento. Olivia, ainda em choque pela palavras de sua esposa, ficou ali, sem saber o que fazer.

De longe ela ouviu passos vindo da porta dos fundos do hospital. Dois homens vestindo ternos escuros, e óculos de sol, entraram já mostrando o distintivo com o brasão da casa branca.

- Tem alguém que quer falar com você! - Disse um dos homens.

- Creio que seja de seu interesse, senhora Bucker! - Exclamou, o outro homem.

- Do que vocês estão falando? - Perguntou Olivia, desconfiada.

- Não temos muito tempo para explicar, há um helicóptero esperando por nós.

Only Wolf 4 - AlcatéiaOnde histórias criam vida. Descubra agora