Trato Feito

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POV KATNISS

-Levante devagar e venha comigo.

Obedecer ou atacar?

Eu sei lutar?
Mesmo não lembrando de nada?

-Venha, Katniss. Facilite pra mim, não gosto de perder tempo.

Levanto apertando as unhas contra a palma da mão, nervosa com a ameaça disfarçada.

De relance passo o olhar por Rye, o pequeno brinca distraidamente.
Assim como as outras pessoas, estão alheias ao que me ocorre.

Afundo meus sapatos na areia, tentando atrasar seja lá o que ele queira fazer.

Sob uma árvore, ao lado do balanço, Tanus esconde a faca na manga da blusa de linho.

Não faz questão de esconder o rosto, ao meu ver parece sentir prazer em se exibir.

-O que você quer?

-Terminar a missão que Snow me concedeu a anos.

"Matar Peeta."

Atraso um passo, tomada pela vontade de atacá-lo. Seja com minhas próprias mãos ou algum galho, mas sua arma branca me impede de proseguir.

-Eu falhei na Capital, mas Snow irá me iluminar e ajudar a finalizar dessa vez.- o sorriso frívolo, grande e recheado de prazer e expectativa, me causa pânico.

Não é uma simples vontade, é algo sólido e meticulosamente planejado.

Tanus está empenhado em matar ou fazer algo pior com meu marido. Algo que, apenas por estar em suas palavras, me causa um profundo mal estar.

-Não irá encostar em Peeta.

-Katniss, eu já fiz isso. Inúmeras vezes, ou já sumiram as cicatrizes que deixei?

Ergo a mão para esbofeteá-lo, mas seu passo unido a trombada que recebo, paralisam meu ato.

-Tente me impedir e você achará o corpo gélido daquele garoto loirinho enterrado nessa areia.

Aperto os lábios contendo um grito, o gosto de vômito sobe a garganta. Meu corpo reagiu seriamente, estou acuada.

-Você é muito inteligente, sabe o que tem que fazer para salvar você e seus filhos.

Nada de Peeta.

-Faça um trato comigo.

No pico do desespero, em pânico, apreensiva, assustada e enjoada, só consigo pensar no óbvio.
E naquilo que meu coração manda.

-Não gosto disso. Eu estabeleço uma meta e tenho que cumpri-la, é isso que faço.- sua fala me lembra alguém com deficiência mental, alguém que foi programado para seguir apenas o que foi ordenado.
Como um robô, e Tanus, é tão mortífero quanto um.

-O que você acha de ter o Tordo em vez de Peeta?- tento jogar as palavras certas, mas baseado em seu olhar, não obtenho sucesso.

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