É bom rever vocês. Lembram da última coisa que conversamos? Eu disse que estava em um lugar muito ruim, vou contar pra vocês como ele é. Mas antes tem aquela introdução básica pra vocês entenderem e não me condenarem.
Vocês já sabem sobre minha mãe, então não vou desperdiçar palavras falando mais sobre ela. Então, depois que ela se suicidou, passei por uma fase bem difícil.
Foi assim, como eu era muito pequena, ainda não entendia tudo aquilo que estava acontecendo. Meu pai sofreu bastante por ter sempre que me explicar tudo.
Quando eu finalmente caí na real, eu já era uma adolescente típica, tinha 13 anos. Acho que já falei sobre essa idade pra vocês. Com 13 anos eu era uma menina tímida e mimada, isso fazia as pessoas não gostarem muito de mim. E pra piorar, foi com essa idade que eu me mudei para SP. Okay, colégio novo, pessoas novas. Talvez pudesse ser legal. Mas não foi.
Com essa mudança, acabei fazendo escolhas erradas. Conheci duas pessoas erradas. Gabriel e Fernando. Eram dois babacas, dois babacas playboyzinhos que se achavam melhor e maior que qualquer coisa. Mas foda-se, até então eles eram meus únicos amigos.
Mentalizem a cena à partir de agora, vou contar pra vocês como foi minha introdução gloriosa na escola nova, que era o famoso Instituto. É uma das maiores escolas que tem na minha nova cidade.11:59 da manhã, segunda-feira.
Papai estaciona o carro na frente da escola, dentro do carro ele me diz:
-Se você não se sentir bem, liga pra mim que eu venho te buscar na hora.
-Tudo bem, pai, eu preciso encarar isso, não me ensine à ser fraca.
-Eu te amo mais que tudo nesse mundo, minha princesa.
-Eu também. Tchau.12:e alguma coisa da tarde.
Faltava alguns minutos para o sinal da escola tocar e eu poder finalmente entrar naquela merda. Não sei se eu queria ou não queria entrar logo lá.
Eu olhava ao redor e sentia que todo mundo estava me olhando e falando sobre mim. Paranóia. Vou descrever como eu estava. Na frente da escola, tinha um portão enorme, pra chegar até ele tinha uma escada, fiquei sentada lá, sem a companhia de ninguém.
Charles estudava na mesma escola, mas em outro período. Christian já é velho demais pra estar em uma escola.12:30 da tarde
Finalmente toca aquele maldito sinal, mal sabia eu que aquele som me atormentaria de um jeito profundo todos os dias. Entrei na escola, comecei à ver todo mundo de um jeito estranho, eles usavam o uniforme, mas de uma maneira bizarra, entende? As meninas costumizavam as roupas e se vestiam como pessoas desesperadas por atenção nos seios (tudo bem se vestir assim em outros lugares, mas na escola?) os meninos pareciam filhos de advogados falidos. Será que vocês estão me entendendo ou estou parecendo louca?
Já que falei tão mal das pessoas vou me definir aqui, assim vocês podem falar mal de mim também. Não sou grande coisa (literalmente), tenho 1,55 de altura, branca, magra, ainda se desenvolvendo um pouco. Tenho olhos azuis, acho que é a única coisa que eu gosto em mim. Naquele dia eu estava vestindo uma calça jeans preta, a ridícula camiseta da escola, usando um tênis preto e de acessório só minhas pulseiras coloridas. Porque eu sou gótica mas também tenho alma de arco-íris.
Agora que já dei toda a definição do meu incrível estilo conceitual gótica suave, podemos pular a parte chata que foi o meu caminho até a classe? Vamos agora pra parte em que estou sentada lá atrás da sala, tendo uma visão muito boa das pessoas esquisitas que eram minhas novas colegas de classe.
A professora de português me deu boas vindas e fez todo mundo dizer "seja-bem vinda, Heloísa". Adorei ela. Mas ela não sabia tomar conta da sala, então todo mundo conversava na aula dela.
No meio dessa bagunça, estava eu lá, ouvindo música no canto na sala, sentada em uma cadeira, com os pés em outra.
Vi que um menino estava olhando pra mim, e falando alguma coisa na roda de amigos dele. Tô nem aí, deve ser um babaca. Então ele começou à caminhar em mim direção, no meio do caminho pegou uma cadeira, e veio trazendo pra perto de mim.
-Tu tá gostando daqui?- disse ele sem nem perguntar se podia se sentar perto de mim, o filha da puta era audacioso, haushsuhs.
-Achei uma droga.
-Você vai se acostumar um dia, Helô.
-Espero que isso aconteça logo.
-Mas além disso, vim perguntar se você quer brincar de verdade ou desafio comigo e meus amigos.
-Talvez seja uma boa maneira de nos conhecermos. Manda eles virem pra cá, sou preguiçosa demais pra sair da minha confortável cadeira agora.
Ele riu e fez sinal pros amigos. Que sorriso lindo.
Era uma cena engraçada, eu cercada por um bando de babacas jogando um jogo idiota.
Estávamos em um grupo de 7 pessoas, eu, Gabriel e Fernando. O resto nem compensa falar, não serão úteis na história. E até o momento eu só sabia o nome dos dois, também.
Continuamos jogando, quando a garrafa parou em mim e no Fernando, logo eu disse: quero desafio.
-Te desafio a contar a coisa mais cruel que você já fez.
Nesse momento eu inventei qualquer coisa pra fazer com que eles pensassem que eu era uma garota fria e foda.
Depois de contar uma história falsa, porém bem criativa, eles me olharam, e o Fernando disse.
-Uau, deve ser difícil os seus pais te aguentarem, você é terrível, garota.
Aquilo doeu, me veio as lembranças da minha mãe, que merda esse cara disse.Eu quero muito continuar escrevendo aqui, mas eu demoro um pouco porque me sinto sem ânimo pra escrever, espero que entendam. Esse capítulo foi escrito às 04:35 da manhã, então desculpem os erros não corrigidos.
Até mais.

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HOLD.
Kurgu OlmayanEssa é a minha vida. Não é uma coisa extraordinária, é mais um desabafo. Sinto vontade de expressar tudo que eu já passei, e encontrei esse meio. Vocês vão odiar a Heloísa, personagem principal, que à propósito sou eu. Mas vai ser um ódio do bem. Vo...