Capitulo 10 - A Prova - parte 2

3.4K 389 242
                                    


O aviso ainda está de pé.

- Se concentra, Ray. - sussurrei para mim mesma, tentando trazer minha mente de volta às instruções da Capitã-Professora Less.

- Entendeu? - ela perguntou com os olhos verdes fixos nos meus. Fiz que sim com a cabeça, mesmo sem ter entendido coisa alguma. Ela voltou ao seu lugar, eu estava basicamente num palco, logo a frente uma fileira de cadeiras se entendia, onde cada C-P iria me avaliar, cada um com sua grande planilha holográfica. Uma parte do que eu entendi, foi que eu entraria numa espécie de simulação que eles poderiam ver. Enfim, eu não havia entendido muito bem.

A Capitã se aproximou novamente, encaixando um receptor na minha cabeça, ela dissera que manipula a atividade cerebral, poderia sentir a simulação através disso, vê-la, e ela poderia ser criada a partir da minha mente. O dispositivo, aparentemente era um circulo de metal, que se encaixou perfeitamente na minha cabeça, com dois outros circulos menores que ficavam nas minhas têmporas, um pequeno detalhe bem bonito era que, num circulo, bem no meio minha testa, a insígnia do "E" da elite se formava em linhas delicadas.

- Fase 2, prova física e atividade cerebral. Iniciada. - a voz feminina mecanizada anunciou, assim como nas simulações e na Fase 1.

Me sobressaltei ao ver minha Divisão 8 ressurgir ao meu redor, exatamente como eu me lembrava. Os prédios antigos se erguendo, com seus grafites de frases revolucionárias. Os terres passando a velocidades absurdas na pista. Os luz sobrevoando os terres na sua própria pista aérea. A multidão cinzenta voltando dos seus trabalhos no fim da tarde, o salário é uma merreca. Vi os excedentes pedindo esmolas aos trabalhadores pobres. Não recebem um tostão. Os ossos à mostra revelam a quanto tempo não tem uma refeição decente, alguns a vida inteira. Quando eu reclamava da minha vida, meu pai me mandava ser grata, ser grata por não ter nascido excedente. Eu ainda acredito nisso.

Meu olhar se desviou para os C-P's atrás de mim, eles pareciam distantes, uma imagem desfocada ao longe. Mas pude ver seus rostos impassíveis, afinal, alguns deles já viveram num lugar como esse, a algumas vidas atrás, já foram alunos e soldados, naturalmente não deviam se impressionar.

Então a seguir tudo passou tão rápido quanto num borrão. Eu entrei numa perseguição. A flecha passou zunindo perto da minha orelha. Outras seis vieram depois. Então eu vi os que me caçavam. Estavam no meio da multidão, se destacando com roupas vermelho rubro no meio do marrom e do cinza. Agora a próxima flecha por pouco não se cravara no meu pé. Olhei para cima, vendo os dois arqueiros se preparando, algo nas suas expressões me dizia que eles não errariam agora.

E foi aí que comecei a correr. Minhas roupas também não eram as mesmas, eu já não trajava minhas roupas de treino, usava uma armadura exatamente igual a que usei na minha última simulação com a Lucy, no mesmo dia que seis soldados foram mortos. Alguns pensamentos sobre isso ainda me assustam. A armadura não me deixava mais pesada, era fácil correr com ela, as "escamas" me davam movimento. O rugido de uma arma estourou nos meus ouvidos, essa passara perto, muito perto. Continuei correndo, abrindo caminho entre as pessoas, os meus perseguidores no meu encalço.

Elevei meu olhar ao alto dos prédios, onde os dois arqueiros me seguiam do céu. Pulando de telhado em telhado. Busquei minhas defesas na armadura, uma espada e uma besta estavam acopladas nas minhas costas, empunhei a besta e corri pelas conhecidas ruas da minha Divisão, despistando meus inimigos. Eles ficaram para trás. Mas eu ainda podia ver os arqueiros, lembrando do meu treinamento, subi na escada lateral de um apartamento, ali eles não podiam me ver. A noite caía, o silêncio era comum nesse horário, qualquer som poderia alertar meus perseguidores. Apoiei um joelho no chão, apontando a besta para um dos arqueiros. "Mira perfeita!" lembrei da voz de Lince me repreendendo, imediatamente ajustei a postura, me colocando numa posição melhor. A seta da besta foi cravada no seu peito, um arqueiro caiu do prédio, alertando seu parceiro. O segundo foi abatido também.

As Crônicas de Rayrah Scarlett: Mistérios em Mondian [RETIRADA EM 25/01/22]Onde histórias criam vida. Descubra agora