9 - Pensamentos platônico

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Se lermos as palavras cheias de vida que o velho dirige, nas Leis (887 c ss.) a uma juventude que manifesta as maiores dúvidas sobre a existência de Deus, teremos, imediatamente, a impressão de que, para este filósofo, a religião toda depende do coração. Contudo, Deus não é, para Platão, apenas objeto da fé! Tal concepção é ainda estranha ao homem antigo. A existência de Deus é para êle, antes, objeto da ciência. Platão não nos deixou nenhuma prova formal da existência de Deus. Mas há, nas suas obras, dois processos de pensamento indicativas de uma via clara para Deus, e que foi aproveitada na Filosofia posterior, como uma prova real dessa existência. Podemos denominar a uma dessas vias, a física e, à outra, a dialética.  A via física para Deus é aquela reflexão de que Platão, ao mesmo tempo, se serve para provar a imortalidade da alma. É brevemente tratada no Fedro (245cs.s.) e longamente desenvolvida nas Leis (891 bss). O ponto de partida é o fato do movimento. É incontestável, Ora, todo movimento ou o é por si mesmo, se vem de dentro. ou por outro, se veio de fora. Mas todo movimento proveniente de outro deve afinal, reduzir-se ao auto-movimento. O auto-movimento, comparado com o procedente de fora, é o primeiro, lógica, e ontologicamente. Assim, o fato do movimento do mundo pressupõe uma ou várias fontes de auto-movimento. Mas, ao que a si mesmo se move se chama, ordinariamente, alma. 

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