Aquele silencio, aqueles lobos, todos eles sentados e com olhares tão vazios quanto uma estátua olhando em minha direção, a respiração de todos era apenas um chiado ao fundo, mas o que eu via no meio da clareira era o que me deixava completamente absorto de todo o mundo, uma mulher, ela chorava ou era o que eu conseguia deduzir, porque lágrimas rolavam no canto dos olhos dela enquanto ela estava ajoelhada no chão.
Uma coisa era fácil de se notar, a mente deles estavam vazias, os sons que eu ouvia era somente o ambiente envolta, a minha respiração se sobressaltou, ela se levantou, ela deu um passo e mais um e aos poucos ela foi se aproximando de mim, ela estava realmente chorando, então os sons de fungar vinham diretamente dela, quando ela se aproximou mais os olhos dela ficaram na altura dos meus, ela havia se abaixado para ficar no mesmo patamar.
- Você é o "Grande Alfa" então? Lembra-se de mim? Ahh Querido... onde está a Elena? Sei que não assimilou a imagem a minha pessoa... Mas preciso tanto da minha FILHA... Porque você levou ela de mim... como fez da última vez... Não cansa de me machucar não é? Achou que era assim fácil, que não reagiria de novo?! Ahh EU sempre vou reagir querido... Não, eu não acredito no que escuto na mente de todos aqui... Ela não vai ser a prometida de lobo nenhum... – Ela falava enquanto eu estava tentando me soltar do que ela fazia. – Ah... Mas o que é isso?! Porque a energia de Elena está tão fraca...?
Quando ela se distraiu com a energia de Elena, meu corpo tremeu rapidamente e eu me transformei na minha semi-forma, me dando a oportunidade de falar, enquanto falava ou mais necessariamente rosnar em direção a mulher, tentava me comunicar com Henrique, queria entender o que tornava elena tão fraca naquele momento.
- FILHA? Você diz que ela é sua filha e a deixou a mercê daquele maldito que queria sempre usufruir dela? Ahh Não... você não é a mãe dela! – Gritei em sua direção, o som saia estrangulado por conta do rosnar. – Você NÃO É ABSOLUTAMENTE NADA DELA!
- Ahh... Olha o lobinho sabe falar! Ele resolveu conversar agora? – Ela riu enquanto balançou a cabeça, mas estava pensando novamente em Elena – Onde ela está?
- NÃO... VOCÊ NÃO VAI SE APROXIMAR DELA! – Falei em um grito enquanto dava passos para frente
Ela pareceu se assustar e começou a andar para trás, os lobos ao fundo começavam a acordar e rosnar em direção a mulher, mas logo algo me chamou mais atenção do que ela, então mandei uma mensagem mental para que eles não a matassem, mas que tentassem a distrair e a prender, quando terminei de mandar a mensagem para eles, eles pularam em direção a mulher e eu sai correndo do local, fui em meio as arvores, a energia de Elena e de Henrique estavam se fundindo e ao mesmo tempo enfraquecendo, quando cheguei a cabana fiquei somente na porta, sabia o que ele estava fazendo agora, ele estava a transformando em uma loba, fiquei esperando enquanto meu pensamento estava focado na clareira onde recebia mensagens de que ela estava contida, mas estava beirando o histerismo, gritando que tínhamos matado a filha dela, eu entendia o que ela estava passando, a energia de Elena estava mudando e estava ficando mais fraca a cada instante, mas depois de alguns minutos ali na porta um surto de energia atingiu todo o local uma explosão de energia subiu rapidamente e ele vinha de Elena, não fiquei esperando e entrei na casa, Henrique estava desacordado, mas passava bem, eles estavam cobertos, mas Elena estava diferente, ela tinha uma grande tatuagem que descia do pescoço dela até onde a minha vista não atingia, era um ramo de flores e eu via ele no pescoço de Henrique também, fiquei olhando aquilo e logo Elena ergueu o rosto pra mim, os olhos dela era um completamente dourado e o outro castanho, ela sorriu timidamente e subiu o lençol, as bochechas rosadas dela demonstravam que ela me reconhecia e que ela estava completamente envergonhada, ela falou baixo e até a voz dela estava diferente.
- É assim que você se sente? Tão... cheio de energia... eu sinto todos por aqui... Minha mãe está aqui? Eu consigo ouvir ela chorar – ela falou confusa enquanto levantava usando o lençol pra cobrir o corpo fofinho que ela tinha. – Porque ela está chorando? E porque ela está aqui?
Não consegui responder, somente fiquei a olhando daquele modo, ela parecia pisar em nuvens e ela emanava algo que me deixava completamente calmo, mas não percebia isso, então ela abriu o guarda roupa e a porta a protegia, ela pegou uma camisa de Henrique e a colocou, por ela ser pequena a camiseta ficou parecendo um vestido preto nela, ela pegou outra peça e também vestiu, era uma cueca dele e isso me fez soltar um riso, ela saiu de traz da porta e os cabelos dela pareciam se arrumar sozinhos, ela logo falou baixinho novamente.
- Como faço pra virar uma loba? E... a roupa vai rasgar né...? Vou ter que tirar... mas antes me diz como virar uma loba? – Ela falou tímida e pensativa ao mesmo tempo.
- Só desejar ser uma loba... e sim a roupa vai rasgar... e eu não vou olhar baixinha, pode ficar tranquila, aqui ninguém tem pensamentos impróprios com uma irmã... uma nova loba na matilha. – Falei e desviei os olhos, mas não deu tempo, quando olhei de novo estava ela em forma de loba. – Rapida...
Ela era linda, os pelos eram brancos com pequenos fios dourados em todo o corpo dela, os olhos em sua forma de lobo tomavam a tonalidade castanha e o meio dourado, ela parecia animada naquela forma e quando me transformei também, pude me conectar com ela, era incrível o tanto de energia que ela conseguia transbordar, talvez fosse a parte de bruxa dela.
- "Pe... Minha mãe.. porque ela está aqui?" – a voz dela soava receosa no fundo da minha mente, talvez estivesse com medo.
- "Ela... não parece ela..." – Só consegui responder isso, mas ela não falou mais nada.
Fomos em meio as arvores, correndo e desviando de cada tronco de arvore no caminho era um obstáculo rápido e fácil de se passar, ela parecia gostar da liberdade que aquela forma dava a ela, de fato era difícil não gostar, difícil não se acostumar com aquele vento batendo no rosto daquele modo, mas logo que chegamos a clareira ela parou atrás de mim, e abaixou a cabeça, a mãe dela cuja a feição era de tremendo horror a olhava e começava a gritar.
- VOCÊS SUJARAM O SANGUE DA MINHA FILHA! MALDITO SEJA VOCÊ KIRIAN! MALDITO SEJA! – Ela estava de fato descontrolada.
Depois desse descontrole, Elena passou a sua forma humana, andando calmamente, por sentir um pouco de timidez, abaixei a cabeça enquanto ela andava, mas algo estava acontecendo, enquanto ela caminhava era possível sentir uma força brotar dela, e ao redor dela se juntar pequenas gotas douradas e ir formando um delicado vestido rodado, que caia bem nela, ela sorria e se abaixava em frente a mãe, ela não entendia o poder que ela mesma tinha, não entendia a magica que corria agora em suas veias.
- O que a senhora fez comigo? O que eu sou agora? – Ela falou baixo, mas as palavras ecoavam dentro de cada ser que estava ali presente.
A mãe dela piscou e ficou a olhando, o rosto dela foi se tornando frágil e até um tanto dócil enquanto ela deixou as palavras saírem calmas e serenas dos lábios da mãe dela.
- Você é uma bruxa... Eu sou uma bruxa... Agora? Agora você é uma mistura... Ahh filha... – Ela sussurrou enquanto balançou a cabeça. – ele sujou seu precioso sangue... Ele.. Eu vou mata-lo.
Assim que ela falou essas palavras Elena se levantou e uma energia saiu dela como se tudo ficasse parado, inerte no ar, a respiração ficava mais lenta e ela logo balançou a cabeça lentamente, os lábios franzidos, ela só deixou escapar algumas palavras antes que tudo ficasse preto.
- Você não vai machucar meus amigos, de novo não. – Ela falou fortemente enquanto sentia minha vista ir se escurecendo.