Aubrey tentou abrir a porta mas não conseguiu. Sua magia parecia estranha, como se não respondesse a ela.
- Elinor? - Aubrey se virou para a alta lunar. Ela sorria. Seu cabelo branco tinha se soltado da trança e estava jogado sobre os ombros. - Pode abrir a porta?
- E por que eu faria isso? - Elinor passou a unha na superfície da mesa, fazendo um barulho irritante. - Eu pensei que eu demoraria a encontrar a próxima sacerdotisa, mas veio tão fácil até mim que até parece... bobo.
- Do que está falando? - Aubrey se afastou até encostar as costas na parede ao lado da porta.
- Não seja burra, Aubrey. - Elinor deu uma risada. - Não está na cara? Pensei que a sacerdotisa fosse mais inteligente.
- Eu não estou entendendo. - Aubrey não sabia o porque dela estar falando assim. Parecia outra pessoa.
- Deixe-me tentar te ajudar. - Elinor levantou a mão. Uma cadeira voou para onde Aubrey estava. - Sente-se, minha querida.
Aubrey não se sentou. Elinor riu novamente. Com um outro movimento na mão, o corpo de Aubrey foi para onde a cadeira estava. Ela se sentou. Elinor havia controlado seu corpo.
- Por mais que eu queira lhe contar minha história, não temos tempo. - Elinor se aproximou devagar. Aubrey não conseguia se mexer. A magia que a prendia na cadeira era muito forte. Tentou usar o fogo azul mas foi uma tentativa inútil.
- Ysmatiz... - Aubrey conseguiu dizer ainda presa à cadeira. - Você está do lado dela.
- Ah, meu amor. - Elinor segurou com força o queixo de Aubrey. - Ysmatiz morreu a muitos anos atrás.
Elinor se afastou e abriu uma fresta da cortina.
- Pôr do sol... - Ela sorriu e se sentou de frente para Aubrey em uma cadeira. - Vamos esperar a noite para que possa dar início ao meu plano.
- Você enganou a todos. - Aubrey tentava se soltar mas não conseguia. Parecia não ter magia para se defender. Precisava de um plano para se soltar.
- Enganei. - Elinor disse sem remorso. - Enganaria de novo. Um bando de lunares que só vivem no próprio mundinho. Um verdadeiro desperdício.
- Desperdício? - Aubrey a encarou. - Então você está atrás do mesmo que Ysmatiz esteve... o sol.
- O sol? - Elinor riu novamente. Como uma pessoa poderia fingir ser outra o tempo todo. - Não me importo com o sol. Me importo com as lunares. A mãe lua não está satisfeita. O modo como as lunares são hoje é uma vergonha.
- Você não sabe o que mãe lua quer... - Aubrey respirou fundo, se concentrando. - Você não é digna de ser uma lunar.
- O que disse? - Elinor se levantou. Estava com uma expressão severa agora. - Você não passa de uma baixa, Aubrey Moon. Eu sou uma alta. Conquistei este posto pelo meu merecimento e minha sabedoria. Quem é você para falar alguma coisa?
Aubrey a encarou e deu um sorriso.
- Pelo que parece... - Aubrey estava pronta. - Sou a próxima sacerdotisa.
Elinor foi arremessada para o outro lado da sala, batendo com força na parede do fundo. Aubrey se levantou, livre da prisão mágica. Elinor gemeu de dor no chão.
Com um chute no ar, Aubrey fez com que a porta se abrisse. Ela quebrou ao meio. Segurando o vestido, Aubrey saiu correndo pelas escadas. Precisava chegar até a arena.
- Lunar! - A voz de Elinor ecoou pelas escadas. Aubrey continuou descendo depressa.
Quando terminou os degraus, ela começou a correr no corredor, rumo a arena. Ela escutou um pio alto atrás dela. Olhando rapidamente, ela viu uma coruja branca voando com velocidade, vindo até ela.
Elinor se transformou em humana no ar e caiu em cima de Aubrey.
- Não foi dessa fez, Aubrey. - Elinor a segurou firme com as mãos, fazendo o rosto das duas ficarem fixos um no outro. - Você é muito poderosa, mas não sei se ficará tão bem sem magia.
Uma dor sufocante tomou todo o corpo de Aubrey. Pareciam que seus ossos estavam queimando de dentro para fora. Elinor estava com a boca aberta, parecia estar sugando algo de Aubrey pela boca. Aubrey não conseguia nem gritar, nem pedir ajuda. Após minutos de dor, Elinor saiu de cima dela.
Aubrey se virou para o lado e tossiu. Sangue expirrou pelo chão.
- O que fez comigo? - Aubrey disse com a voz rouca. O corpo de Elinor brilhava prateado.
- Não vai se lembrar de nada, Aubrey... - Elinor passou a mão no ar e Aubrey se deitou no chão. Desmaiando.***
- Aubrey? - Elinor disse.
Aubrey estava de pé, na sala do Conselho. Não se lembrou do que tinha acontecido. A reunião havia acabado e Elinor pediu para que ficasse com ela.
- Ah... - Aubrey olhou a sua volta. - O que...
- Você ficou aí um tempo parada sem dizer nada. - Elinor estava de cabelo solto. Ela não estava com ele preso? - Vamos para a arena?
- Ah sim... a arena... - Aubrey sorriu fraco e abriu a porta para Elinor. As duas desceram e andaram pelo corredor rumo a arena. Aubrey se sentia um pouco estranha. Uma dor insistente em sua cabeça lhe atrapalhava. Uma mancha de sangue no corredor a distraiu, fazendo-a parar e encarar o sangue fresco.
- Aubrey? - Elinor se virou. - Tudo bem?
Aubrey se virou para ela, limpou os pensamentos e sorriu.
- Sim. - Aubrey continuou a caminhar até a arena.
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A Lunar
FantasyAbandonada pelos pais por considerarem ela perigosa, Aubrey é levada para uma sociedade de mulheres místicas que canalizam a energia da mãe Lua para obter magia. Após algum tempo, ela se sente em casa, mas as coisas nem sempre são flores. Um antigo...