O único instinto da leoa era matar a coruja. Sua mente não era mais humana. Somente a força animal a envolvia. Era deliciosa a sensação e ao mesmo tempo horrível. Era como se Aubrey não estivesse mais ali, por mais que sentia que uma parte de sua mente estava.
A coruja voava veloz pela sala. Elinor de todas as maneiras arrumava um jeito de fugir. Aubrey ficou de frente para a porta, bloqueando a saída. As garras prontas para a qualquer momento estraçalhar a coruja. Elinor estava encurralada. Se ela voltasse a forma humana, sua magia não atingiria Aubrey na forma animal. Se ela tentasse fugir como coruja, Aubrey a pegaria no ar. A qualquer momento as asas de Elinor iriam se cansar e seria o momento perfeito para atacar.
"Não cometa o erro de ficar em meu caminho, Aubrey." - A voz de Elinor ecoou em sua cabeça. - "Pode até se juntar a mim. Você está poderosa. Pense no modo novo em que cuidariamos da fortaleza."
Aubrey não disse nada. Continuou na porta, esperando. Com um movimento das garras, o cristal disparou um raio na direção da leoa. Com um rugido, a magia nem a tocou.
A coruja estava começando a ficar cansada. Aubrey sentia isso.
Chegou a hora de agir. Com um movimento inesperado, Aubrey correu com as quatro patas em direção a coruja. Ela voou para o lado, o mesmo lado que Aubrey mirou. Com rapidez e agilidade, a leoa deu um salto no ar e abocanhou em cheio a coruja. Com o ferimento, Elinor se transformou em humana novamente no ar e caiu no chão, ainda segurando o cristal. Aubrey aterrissou e se virou para o corpo de Elinor, que sangrava. Respirando fundo, Aubrey conseguiu voltar a forma humana facilmente. Ela foi para onde Elinor se arrastava.
- Não! - Aubrey ficou por cima dela e agarrou eu pescoço. Elinor abriu a mão e Aubrey pegou o cristal azul. Estava pesado. - Como faço para reverter o que você fez?
Elinor não respondeu. Ficou gemendo de dor onde estava. Aubrey apertou o local da ferida, o peito, o que fez com que Elinor gritasse.
- Não há como reverter! - Ela gritou com a voz embargada pela dor. - Somente se o cristal for destruído.
Aubrey se levantou, olhando fixamente o cristal fixo em sua própria mão.
- Se você o destruir. - Elinor, apesar da dor, sorriu. - Você destrói a fortaleza.
- Garva e Kelene saberão o que fazer. - Aubrey se afastou dela no chão, indo rumo a porta. Elinor gritou.
- Vai me deixar aqui para morrer? - Elinor tremia. - Não posso me curar!
- Você pediu isso, Elinor. - Aubrey abriu a porta e colocou o pé para fora.
- Vai me abandonar assim como sua família te abandonou? - Elinor disse. O corpo de Aubrey parou. Se lembrou de sua família. O que eles achariam se vissem ela agora? Qual seria suas reações? Aubrey voltou para onde Elinor estava.
- Você não é minha família. - Aubrey disse com ódio evidente. - Você não é uma lunar. Você é uma traidora de seu próprio povo.
- E você é uma idiota. - Elinor disse, fazendo um movimento inesperado e derrubando Aubrey com as pernas. A cabeça dela bateu com força no chão. O cristal voou para o lado, mas Elinor o trouxe levitando até sua mão.
- Aprenda, Aubrey Moon. - Elinor se levantou com a mão no peito sangrando. Ela foi saindo da sala. Aubrey tentou se levantar mas a força da magia do cristal a impediu. Elinor estava fugindo. - Não tem a luz do sol para lhe ajudar Aubrey. Aproveite a morte lenta e dolorosa presa a esta sala.
Aubrey olhou para o teto. Rachaduras formavam desenhos estranhos. Teve uma ideia repentina.
- Elinor. - Aubrey sussurrou alto o suficiente para ela ouvir.
Elinor se virou com um sorriso debochado.
- Quer dizer suas últimas palavras? - Elinor tampava o peito com a mão. O ferimento parecia bem sério.
- Sim. - Aubrey fechou a mão em punho, se concentrando. Se virou para Elinor, com um sorriso. - Que a mãe lua tenha pena de você.
O teto se abriu. As rachaduras dobraram de tamanho. Por sorte, não havia construções por cima do cômodo que atrapalhassem o plano de Aubrey. Graças a mãe lua estavam embaixo do Jardim.
A luz do sol inundou o cômodo pelas grandes frestas das rachaduras. Já fraca pelo ferimento, Elinor gritou quando foi atingida pela luz intensa do sol.
Aubrey conseguiu se libertar do chão, mas sem conseguir impedir o cristal de bater no chão e se quebrar em vários pedaços.
Um estrondo se ouviu quando o cristal se quebrou. Uma força inundou Aubrey novamente. Sua magia estava de volta, mas por um preço horrível. Tudo a sua volta começou a tremer. O chão, as paredes, o teto rachado.
- A fortaleza vai cair! - Elinor gritou enquanto tentava proteger o rosto do sol, sentada no chão. - Sua...
Um grande pedaço de rocha caiu em cima de Elinor. Aubrey gritou devido ao susto. Não havia tempo para mais nada. Ela precisava salvar as lunares.
Cortando o vestido para não atrapalhar sua corrida, ela saiu pela porta, enquanto toda a fortaleza ia a ruína.
O caminho de volta foi mais rápido devido ao desespero de Aubrey. O corredor logo acabou e ela estava no camarote de honra da arena. Ryan havia conseguido tirar as reféns de lá, já que estava vazio. Ela correu para dentro.
- Aubrey! - Meg veio correndo em sua direção, com Garva ao lado. O corredor tremia muito. O abraço de Meg foi reconfortante. - Graças a mãe lua está bem!
- Todas as lunares precisam sair daqui! - Aubrey disse. - O cristal da lua foi destruído...
- Oh não... - Garva disse olhando para os lados. - Ryan e Kelene ja tiraram todos daqui. Meg queria ficar até você voltar. Elinor?
- Elinor está morta. - Aubrey disse, fazendo outro sorriso sair do rosto de Garva. - Preciso contar...
- Isso pode esperar! - Garva gritou apontando para a arena. As paredes de lá caíram, fazendo uma poeira subir, inundando o corredor. - Vamos!
As três saíram correndo.
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A Lunar
FantasyAbandonada pelos pais por considerarem ela perigosa, Aubrey é levada para uma sociedade de mulheres místicas que canalizam a energia da mãe Lua para obter magia. Após algum tempo, ela se sente em casa, mas as coisas nem sempre são flores. Um antigo...