Premonição

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As profecias de Undry eram intermináveis. Ela sabia como escrever. Não havia somente a profecia da próxima grande Sacerdotisa. Haviam profecias sobre ciclos da lua, o casamento de lunares e solares entre outras profecias. Demorou para que Aubrey achasse a profecia da próxima sacerdotisa. Quando ela a encontrou, já tinha trocado duas velas para ler. O título da página era "Sacerdotisas da lua". Uma ilustração de uma mulher sentada em um trono com a lua sobre suas costas fizeram os olhos de Aubrey brilharem. Era lindo como ela era representada. Trazia uma serenidade e espírito de liderança. Aubrey começou a ler o texto por debaixo da ilustração.
"Há milhares de anos, as lunares viviam sem liderança, com as únicas superiores sendo as que conseguissem se transmutar em animais noturnos tornando-se altas."
Aubrey gostou de saber mais sobre isso. Seu sonho era seu uma alta e poder se transformar em algum animal da lua. Teria de descobrir em qual animal Garva se transformava. Desviou os pensamentos e continuou a ler.
"Para haver ordem entre as lunares, a própria mãe lua escolhia entre todas as lunares sua preferida. Era aquela que colocaria ordem na sociedade. Essa lunar viveria mais que todas e seria a mais sábia e justa de todas."
Aubrey observou uma ilustração de várias lunares e uma no centro, sendo iluminada por uma luz azul intensa. Na outra página, o título chamou muito a atenção de Aubrey.
"Sinais de uma sucessora"
Respirando fundo, Aubrey começou a ler.
"Quando o trono da fortaleza está vazio, a demora para a próxima sacerdote é longa e demorada, mas a espera é saciada com a sacerdotisa perfeita. Aos meus anos como sacerdotisa eu observei sinais que me fizeram chegar ao topo. O primeiro é o abandono. A sacerdotisa sofrerá no começo de sua jornada. As pessoas que ama lhe darão as costas e é assim que ela chegará a fortaleza. Abandonada e maltratada."
Aubrey sentiu um arrepio subir pelas suas costas. Isso parecia a resumir de alguma forma. Sua família que ela julgava a amar, lhe abandonou. Continuou a ler.
"O segundo sinal é a rápida aprendizagem e evolução do poder. Essa lunar superará todas em força e inteligência. A inveja será sentida por todas, amigas e inimigas. A prova dessas grandes habilidades será a perfeição do fogo azul. Habilidade só dada para aquelas de mais poder."
Aubrey não sabia se isso aconteceu com ela, mas sabia que conseguiu fazer com maestria o fogo azul.
"O terceiro sinal e último é o mais complexo de todos. Isso aconteceu comigo na minha terceira semana. Minha... "
Aubrey ouviu um grande estrondo. A fortaleza pareceu vibrar com aquilo. A poeira que estava no teto caiu sobre a cama e os móveis, fazendo Aubrey tossir. Ouviu um grito. Isso a assustou. Ela se levantou e abriu a porta. Observando o corredor. Garva veio correndo totalmente vestida com roupas de luta. As calças negras e o vestido da mesma cor por cima. Os cabelos soltos lhe davam idade mais avançada.
- Fique dentro do seu quarto, lunar! - Garva se aproximou e empurrou Aubrey para o quarto dela. - Não saia por nada.
- O que está acontecendo? - Aubrey disse sentindo outro tremor.
Garva saiu sem dizer nada, trancando a porta quando saiu. Aubrey correu para o sala principal de Garva, pois lembrou que lá havia uma janela. Abrindo a porta, ela quase gritou de susto. O vilarejo estava pegando fogo. Tudo queimava. As casas, as árvores em volta. Tudo por fora dos muros da fortaleza da lua estava em chamas. O coração de Aubrey acelerou. O que estava acontecendo? Se aproximou da janela até perceber tudo.
Catapultas. Enormes catapultas negras lançavam bolas de fogo em direção a cidade. Se as armas se aproximassem mais, a fortaleza seria atingida. Aubrey iria encarar as consequências depois, mas não podia ficar parada sem fazer nada. Correndo para a porta trancada, ela a abriu com um simples feitiço de abertura. O coração aos saltos. Os corredores estavam vazios, todas as lunares estavam nos quartos. Aubrey era a única solta.
- A Torre. - Aubrey teve a ideia. Da maior torre da fortaleza ela teria uma visao ampla do que estava acontecendo. Precisava chegar lá.
Os passos que dava eram rápidos. Aubrey segurava o vestido branco com uma mão, enquanto corria velozmente até as escadas que dariam para a Torre. Outro tremor a fez parar. No corredor onde estava, deu para ver os grandes portões da fortaleza. Garva estava saindo, junto de Elinor e Kelene. As três indo em direção as catapultas à distância. Aubrey notou pessoas no vilarejo. Não eram os moradores. Isso a assustou. Os moradores estariam bem? Ela recomeçou a correr em direção a Torre. No caminho, viu outra lunar andando nos corredores. Não a conhecia e não a ajudou, pois ela parecia saber para onde ia. Devia ser curiosa igual Aubrey.
Finalmente Aubrey chegou. Subiu as escadas com rapidez. Não importava se estava de anel localizador ou não. Precisava saber o que estava acontecendo. E ajudar. Se possível. Ela chegou até uma grande porta de madeira. Quando a abriu, o ar frio da noite a envolveu. Andou até a beirada da sacada. Aubrey colocou a mão na boca, aterrorizada.
A fortaleza da lua estava cercada. Exércitos que pareciam não ter fim se aproximavam de todos os lados. Todos com roupa escura de guerra. Aquilo era assustador. Não havia saída. Catapultas enormes andavam junto com as massas dos soldados. Quem eram? O que queriam? Aubrey olhou para o vilarejo. Pessoas eram tiradas de suas casas e postas em círculos, incapazes de sair com o medo de as matarem. As altas chegaram no vilarejo pouco tempo depois. Com a força da noite, elas apagaram os incêndios, mas não conseguiram impedir as catapultas, que fizeram novos.
Garva pareceu conversar com Elinor e Kelene. Não dava para ver direito pela fumaça que subia. As nuvens de abriram e a lua cheia apareceu. Parecia olhar para Aubrey.
- Impeça isto. - Uma voz doce e madura de mulher falou nos ouvidos de Aubrey. - Confio em você para impedir isso. Impeça ou será o fim das lunares. Me ajude com isso, minha filha.
Aubrey despertou assustada. Estava deitada em cima da escrivaninha, com o livro das profecias aberto em sua frente. Seu corpo todo estava suado. A respiração ofegante. Aquilo não aconteceu? Parecia real. Parecia um aviso.
Se levantou e saiu de seu quarto. Na frente da porta do quarto de Garva, ela ajeitou os cabelos para não parecer não horrível. Deu três toques na porta. Não houve resposta.
- Garva! - Ela bateu novamente. - Preciso falar com você!
A porta se abriu de repente. Garva estava com cara de sono misturada ao ódio por ser incomodada.
- O que eu disse sobre...
- Eu tive um sonho! - Aubrey disse rapidamente. - Acho que a mãe lua quer me avisar sobre algo...
Garva engoliu em seco.
- Entre.










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